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Pitty lança selo e fala sobre o streaming: “O jabá só mudou de lugar”

A cantora acabou de lançar o EP “Casulo”, que leva o mesmo nome do selo criado pela baiana

Foto: Otavio de Sousa/Divulgação

Há poucos dias Pitty lançou nas plataformas de música “Casulo“, o primeiro lançamento do selo de mesmo nome criado pela cantora e compositora Pitty, com o intuito de lançar produções que venham a acontecer paralelamente a seu trabalho solo.

Tanto o EP quanto o selo foram batizados com o mesmo nome de um quadro dentro da programação de seu canal na plataforma Twitch durante o ano de 2021. No programa “Casulo Musical” ela recebeu artistas convidados e criou com eles, ali mesmo na hora e ao vivo, músicas inéditas. Para ela, algo completamente novo e surpreendente.

“O processo de criação foi tão diferente, liberto, fora do comum, para mim e pra geral que participou. Um aprendizado que ainda não consigo mensurar, mas percebo a cada coisa que botamos no mundo do projeto, cada vez que eu vejo as imagens, ouço as músicas, quando penso nesses artistas incríveis e o quanto fluímos juntos nessa aventura. Já curtia o som de cada uma e cada um deles, e agora sou fã dessas pessoas também”, comentou Pitty.

Em entrevista ao portal Tenho mais discos que amigos!, Pitty revelou que em termos de mercado é importante ter selos e espaços que mostrem o novo. “Tanta banda e artista massa! Penso que o modelo atual, calcado em números, likes e fotos, sacrifica a arte e os criadores. Fica tudo vazio e baseado em ilusão: nem todo mundo sabe, mas muitos números e charts e “posições” são compradas”, revela Pitty sobre os rankings das plataformas de streaming.

E completa: “Ou seja, pra quem tem cacife, o jabá só mudou de lugar. É um engodo que se vê claramente na prática: às vezes a pessoa tem milhões de views, mas não enche uma casa pra 3 mil pessoas. Não segura uma hora e meia de palco num festival, porque não tem repertório. Não construiu base pra isso. Não faz sentido, né?”

“Acho que a gente nunca pode se render a essa lógica de mercado que só visa o lucro imediato e suga os artistas até não ter mais nada. Isso só muda de época: no meu primeiro disco eram outros agentes, a mesma lógica. Mas, segue sendo esse dilema”, finaliza a cantora baiana.

Foto: Otavio de Sousa/Divulgação

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Desses encontros saíram 4 faixas que compõem o EP: “Diamante” (Pitty/Drik Barbosa/ Weks), que ganhou um clipe que chega junto com o EP, “Busca Implacável” (Pitty/ Badsista/Jup do Bairro), “Diário” (Pitty/ Monkey Jhayam/ Mau/ Bruno Buarque/ Cris Scabello) e “Simplesmente Fluir” (Pitty/ Pupillo).

A direção e o roteiro do clipe de “Diamante” são assinados por Kenny Kanashiro. Na música e no clipe, os artistas envolvidos refletem sobre os conceitos de coletividade e sociedade, pautando assuntos atuais no meio artístico por meio de um olhar feminista – como os julgamentos midiáticos e a permissão ao afeto.

“Eu e Pitty partimos da dificuldade que nós, mulheres, enfrentamos no mercado da música. A letra é sobre as dores que a gente sente, as barreiras que enfrentamos para viver nesse mundo. Espero que outras mulheres se sintam fortificadas ao ouvir essa música”, conta Drik Barbosa.

Drik Barbosa e Fióti falam arte, verdade e estratégia no podcast Cases; ouça

Confira o clipe de “Diamante”: