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First Listen: Ouvimos a versão proibidona de “Perdendo a Mão”, do Seakret com Anitta e Jojo Marontini! Leia a resenha!


O duo de produtores Seakret, formado por Pedro Dash e Dan Valbusa, lança na próxima madrugada o single “Perdendo a Mão”, com vocais de Anitta e Jojo Todynho. A existência da música foi revelada meses atrás, quando Anitta gravou o clipe em Honório Gurgel, o bairro onde cresceu, no subúrbio do Rio. A gravação, ao lado de Jojo Todynho e de amigos de infância da cantora, recriou o clima de uma festa caseira ao som de funk. Eu não te culpo se pensou “vem aí uma Vai Malandra 2.0”, porque esse foi exatamente o meu pensamento. Mas a faixa, que eu já pude ouvir, tem uma pegada bem diferente. Há funks e funks, não é mesmo?

Para começar, o timbre de Anitta está diferente nessa gravação, mais fino e próximo das vozes femininas de funk melody, que ganham aquele tratamento de autotune. De imediato, lembrei-me de Kelly Key e de Perlla, referências na adolescência da cantora. A produção trabalha com o contraste entre essa voz cantada de Anitta e a voz mais falada de Jojo, que dispara uma série de palavrões (talvez exista uma versão “clean” para as rádios, não sei). A faixa proporciona uma viagem no tempo, porque “Perdendo a Mão” não se encaixa na prateleira do funk atual, que se transformou em termos sonoros e temáticos (vide o ostentação). Ele retoma uma estrutura básica, propositalmente. Eu ouvi várias vezes e fiquei com a impressão de ter recebido uma versão demo, sabe? O som causa um estranhamento. É simples sem ser simplório. Cheguei a pensar “um bom remix vai funcionar e deixar mais palatável”. “Vai Malandra” contagia de primeira, né? “Perdendo a Mão” não é assim. Na própria letra, JoJo diz “tá bagunçado esse beat, hein?”. Há dois momentos sem letra, só de batida eletrônica acelerada – a parte mais dançante. É diferente tanto do que já ouvi da Anitta, mesmo pegando lá atrás “Menina Má”, quanto do que conheço do Seakret, como “Cores” (com Micael) e “Tá Pra Nascer Quem Não Gosta” (com RICCI e Rael).

A composição trata de um relacionamento tóxico. “Ele é bonito, dá até pra entender / mas já tá pirando / querendo te prender / controla tua roupa, tuas amigas e os rolê / se eu fosse você, mandava ele se fo**r”. É como uma amiga dando a dica para a outra acordar. Conteúdo super importante e atual, atemporal. Com tanta gente presa em relacionamentos abusivos, o single já nasce com potencial viral, se cada pessoa que ouvir enviar para uma amiga como sugestão. Como o vídeo “Não Tira o Batom Vermelho” da Jout Jout, reproduzido mais de 3,3 milhões de vezes. Jout Jout provavelmente vai gravar um vídeo sobre “Perdendo a Mão”, porque é exatamente o tipo de conteúdo que ela aborda. Para Anitta, que deu algumas declarações tortas sobre feminismo no passado e demonstrou não dominar essa ceara, esse single é uma grande evolução. Para quem estourou alfinetando as inimigas (“afrontam as fogosas, só as que incomodam, expulsam as invejosas”), essa letra é uma evolução notória. Anitta entendeu a sororidade e está pronta para educar sua audiência: “ainda dá tempo se quiser chegar, sou família, eu não vou te abandonar, quando o beat entrar, sei que você vai gostar”. É tipo: amiga, sai dessa, e vem pra luz.