Paul McCartney se manifestou sobre a versão “Blackbird” na voz de Beyoncé, dizendo estar “muito orgulhoso” do “trabalho fabuloso” feito pela artista. A regravação do clássico dos Beatles está presente no novo álbum da Queen B, “Act II – Cowboy Carter”, lançado na última semana.
“Estou muito feliz com a versão de Beyoncé da minha música ‘Blackbird’. Achei que ela fez uma versão maravilhosa, e reforça a mensagem de direitos civis que me inspirou a escrever essa música antes de tudo. Acho que a ela fez um trabalho fabuloso, e indico a todos que não ouviram a faixa a darem uma olhada. Vocês vão amar!”, escreveu Paul.
Em seguida, contou que realizou uma chamada de vídeo com a cantora para expressar sua gratidão pela música: “Falei com ela no FaceTime, e ela me agradeceu por escrever e deixá-la fazer o cover. Eu disse que o prazer era todo meu, e disse que achei a versão da música arrasadora”.
“Quando via na televisão cenas no início dos anos 60 em que garotas negras a serem expulsas da escola, achei chocante e não consigo acreditar que ainda nestes dias existem lugares onde este tipo de coisa acontece ainda hoje. Tudo o que minha música e a versão fabulosa de Beyoncé possam fazer para aliviar a tensão racial, seria uma coisa fantástica, e me deixa muito orgulhoso“, finalizou.
Porque “Blackbird” faz sentido em “Cowboy Carter”?
A canção escrita por Paul McCartney foi inspirada no Little Rock Nine, grupo de nove estudantes negros que tiveram acesso a uma escola anteriormente só para brancos, após uma decisão da suprema corte norte-americana que declarou a segregação em escolas públicas inconstitucional.
Em um primeiro momento, o governador do estado enviou a Guarda Nacional para impedir que os alunos pudessem entrar, mas o presidente à época, Dwight D. Eisenhower, destacou tropas federais para garantir que os alunos pudessem assistir suas aulas.
“Blackbird” é também homenagem às mulheres negras
Para a revista GQ em 2018, ele falou mais sobre a criação do clássico. “Eu tinha ouvido falar dos problemas de direitos civis que estavam acontecendo nos anos 60, no Alabama, Mississippi, Little Rock, em particular. Achei que seria muito bom se eu pudesse escrever algo que, se chegasse a alguma das pessoas que estão passando por esses problemas, poderia lhes dar um pouco de esperança. Então, escrevi ‘Blackbird’.
“(…) na Inglaterra, um pássaro é uma menina [ou era na gíria dos anos 1960], então eu estava pensando em uma garota negra passando por isso – você sabe, agora é sua hora de se levantar, se libertar e pegar essas asas quebradas.”
Já que a ideia em “Cowboy Carter” é também exaltar a cultura negra no Country, “Blackbiird” (tem mais um i, pra combinar com a grafia da atual era), se encaixa perfeitamente na tracklist do projeto. Sem contar que, além de Beyoncé, a versão conta com Brittney Spencer, Reyna Roberts, Tanner Adell e Tiera Kennedy, quatro artistas não brancas de destaque no estilo – no qual mulheres e negros não são valorizados. Ouça abaixo o resultado: