Considerado uma das maiores potências da indústria musical, estima-se que o mercado de alto-falantes inteligentes (Smart Speakers) atinja a marca de US$ 7 bilhões (R$ 27,5 bilhões) em 2019, tornando-se a categoria de dispositivos conectados que cresce mais rapidamente no mundo, de acordo com a consultoria Deloitte Global.
Pensando nisso, o Mundo da Música segue com a segunda parte das matérias especiais sobre esse forte elemento da atual indústria da música. A primeira matéria, Streaming, voz e tecnologia: entenda como o mercado de alto-falantes inteligentes cria uma nova dinâmica para a indústria musical, trouxemos dados que apontam o crescimento do mercado e as novas formas de consumo. Clique aqui para rever.
Já para a segunda parte, abordamos o questionamento: afinal, como as músicas são executadas nos alto-falantes, já que os comandos são feitos por voz? Como a classificação das músicas e os metadados podem interferir nesse processo?
A base de classificação das músicas, de maneira mais simples, levam em consideração: títulos das músicas, etiquetas de gênero musical, informações sobre compositores, produtores musicais e intérpretes, batidas por minuto, data de lançamento.
Mas, com os alto-falantes inteligentes, o modelo de procura de músicas dos usuários levam em consideração humor e também, a letra das músicas.
“Há 30 mil músicas lançadas na internet diariamente”, diz Hazel Savage, cofundador da startup Musiio, de inteligência artificial, em entrevista para o UOL. “É humanamente impossível ouvir tudo. Os metadados nos poupam de gastar horas antes de encontrar uma música de que gostamos”.
“Essas etiquetas vêm sendo usadas para facilitar a busca”, diz Lydia Gregory, co-fundadora da FeedForward, empresa independente de aprendizado de máquina. “Normalmente, elas são colocadas em uma taxonomia, uma hierarquia ou uma estrutura”.
Em março, a Warner Music anunciou uma parceria com a Endel, uma empresa de aplicativo de som para redução de estresse, para a produção de 20 álbuns com base na inteligência artificial e que levam em consideração o humor. Clique aqui para rever.
O grande desafio para gravadoras e produtores musicais é entender como o usuário pode efetivamente ouvir a música que deseja, levando em consideração a busca também por trechos de letras ou até mesmo, a reprodução de um ritmo específico.
O gráfico abaixo da consultoria Deloitte aponta que os Smart Speakers são mais utilizados para música:
Contudo, mesmo diante desse cenário, gravadoras ainda possuem dificuldade de entender como esses dispositivos funcionam.
“Não recebemos nenhuma informação”, critica Kara Mukerjee, ex-diretora do setor digital da RCA Records, em entrevista para a UOL. “Tem sido uma corrida armamentista”. Encontrar maneiras de se antecipar é parte do jogo para aquelas com recursos para investir em novas ideias.
“Todo mundo está contratando pessoas para entender esses dispositivos e seus problemas. A Sony Music contratou uma equipe para fazer a engenharia reversa dos algoritmos em torno da Alexa”, conta Stuart Dredge, autor de um relatório de 2017 para a Music Ally sobre alto-falantes inteligentes. “Todo mundo está se debruçando no assunto e todo mundo está tentando descobrir como isso funciona”, afirma.
Algumas gravadoras e serviços de streaming optaram por terceirizar o processo para empresas independentes de inteligência artifical.
Os sistemas são capazes de identificar automaticamente as etiquetas importantes, dando a gravadoras a chance de aplicar os dados mais úteis ao seu material.
Mas combinar essas redes de dados com voz, onde as solicitações podem ser mais vagas e conversacionais do que uma busca por escrito, é onde o verdadeiro desafio começa, aponta a matéria da UOL.
Frases simples como “Alexa, toque música” – um pedido incrivelmente comum, de acordo com Firth, da Amazon Music do Reino Unido – deixam algoritmos com grande liberdade interpretativa.
Títulos de músicas difíceis de pronunciar, nomes semelhantes ou de artistas correm o risco de não serem encontrados, e por isso os selos precisam pensar em quão diferente, pronunciáveis e memoráveis são os nomes de seus artistas e faixas, conclui a observação da UOL.
De acordo com esse pensamento, a música está adequando-se a novas formas de consumo.
Contudo, será que seguir exatamente o que o publico deseja, não muda os parâmetros de concepção artística da música?
Continuaremos observando a dinâmica do mercado musical e a relação com os alto-falantes e a tecnologia digital.