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Pandemia diminui em 84% a arrecadação de patrocínio via Lei Federal de Incentivo à Cultura

Foto: Free-Photos/Pixabay

Já é sabido que o setor cultural foi um dos mais impactados com a ocorrência da pandemia do coronavírus. Casas de shows, teatros, cinemas, espaços culturais em geral precisaram ser fechados e agendas inteiras de artistas foram canceladas. O incentivo à cultura via Lei Federal é um dos maiores propulsores da economia do setor. Todos os anos é registrado grande volume de patrocínios de empresas privadas por meio deste incentivo fiscal.

Com o advento da crise ocasionada pelo Covid-19, esse número teve uma queda drástica, de acordo com levantamento feito pelo Observatório Itaú Cultural, em estudo que analisa os impactos da covid-19 na economia da cultura, divulgado este mês. O relatório mostra que, de 01 de janeiro a 31 de agosto, foram captados cerca de 245 milhões em 2020, contra mais de 1,5 bilhões no mesmo período de 2019. O que representa uma queda de aproximadamente 84% nos investimentos.

Foto: Reprodução/Observatório Itaú Cultural

Vale destacar que, historicamente, o grande volume de captação fica concentrado no final do ano, particularmente no último bimestre. Sendo assim, o Observatório alerta que este cenário demonstra um retrato conjuntural, e não definitivo, sobre a queda dos valores captados no contexto da pandemia da covid-19.

Essa tendência de captação no segundo semestre, de mais de 70% dos valores anuais, se deve em grande parte ao fechamento do ano fiscal das empresas, e, portanto, os números de 2020 podem sofrer alterações significativas. Porém, baseado nessa perspectiva de crise, no crescimento de casos da doença e com as novas restrições para eventos e funcionamento centros culturais, é possível prever que o cenário não mude tão radicalmente e que talvez este seja um retrato real do ano.

Dados Bimestrais

Outro dado relevante para entender esse movimento de queda é a variação bimestral dos investimentos. Como é possível observar no gráfico abaixo, os valores captados no primeiro semestre de 2020 apresentam uma variação em relação ao mesmo período dos anos anteriores, mas essa diferença não foi muito significativa no primeiro e segundo bimestres, foi acentuada no terceiro, quando também se agravou a crise gerada pela pandemia, em relação aos anos anteriores. O valor global captado no primeiro semestre de 2020 foi 28% menor do que a média dos três anos anteriores e 34% inferior ao ano de 2019.

Foto: Reprodução/Observatório Itaú Cultural

Diminuição na doação por Pessoa Física

Uma análise dos maiores doadores como pessoa física identifica indivíduos que fazem doações de forma recorrente, e que podem ultrapassar, individualmente, a marca de 500 mil reais. Em 2020, o volume doado pelos dez maiores doadores pessoa física representava, até 31 de agosto, 0,55% do volume captado até o mês de julho, enquanto o volume investido pelos dez maiores investidores pessoa jurídica (considerados os grupos econômicos) alcançou 39% do valor captado até o mês de julho.

Os números surpreendem se comparados aos anos anteriores, mas não é novidade pois a participação de pessoas físicas no incentivo a projetos culturais via Lei Federal de Incentivo à Cultura é pequena se comparada ao volume das doações de pessoas jurídicas. Os percentuais relativos à participação desse tipo de incentivador não variaram muito na última década, como evidencia o gráfico abaixo.

Foto: Reprodução/Observatório Itaú Cultural

Tais valores podem parecer pouco, mas o que pode ser destacado é que alguns indivíduos fazem contribuições significativas e que existe um grande potencial de expansão desse tipo de doação. Ainda assim, de acordo com a pesquisa do Itaú Cultural, dado o atual contexto de crise, é provável que haja uma queda dos investimentos por parte de pessoas físicas também, como já registrado no primeiro semestre.

Esse é um ponto de atenção a ser considerado pelos captadores, no sentido do desenvolvimento de uma estratégia mais assertiva de engajamento desses doadores, com foco em indivíduos que, mesmo no contexto de crise, permanecem com renda estável e sujeita à tributação do Imposto de Renda.

Contrariamente ao que se afirma com frequência, estudos apontam que existe, sim, uma cultura de doação no Brasil, embora o volume de doações por aqui ainda esteja longe do patamar norte-americano, que alcança 2% do PIB.

Confira o relatório completo clicando aqui.

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