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Pablo Bispo, Produtor Musical: “o Inbraza surge da necessidade de criar algo novo para o mercado”

Divulgação/Som Livre/Andre Rola
Sérgio Santos, Ruxell e Pablo Bispo, o trio "Dogz" celebra o primeiro ano do Selo Inbraza

Divulgação/Som Livre/Andre Rola

O Selo Inbraza, que leva a assinatura do trio de Produtores Musicais e Compositores, os Dogz Pablo Bispo, Sérgio Santos e Ruxell, completou o primeiro ano de existência neste mês de outubro, lançando novos artistas em diferentes formatos e sonoridades e acumulando mais de 26 milhões de visualizações no YouTube.

Além do trio de produtores, completam o time do Inbraza Malu Barbosa (New Business e Brand Experience), Alexandre Ktenas (Marketing) e Marcello Azevedo. Atualmente, são sete artistas que fazem parte do cast do Inbraza: Ana K, Blue, Carol Bambo, Dada Yute, Kynnie, Lukinhas e Ruxell.

Os lançamentos do Inbraza serão feitos pela Som Livre em formato de licenciamento. Marcelo Soares, presidente da empresa, exalta a sinergia do projeto com a história da gravadora. “A Som Livre sempre abriu espaço para novos talentos e promoveu o fomento do conteúdo nacional, faz parte do nosso histórico e da nossa missão. A parceria com o Inbraza é exatamente o que a gente gosta e sabe fazer melhor”, avalia.

O Selo é uma empresa que “presta serviços como se fosse uma gravadora”, ou seja, pode ser responsável pela gestão artística, promoção, plataformas digitais, redes sociais, entre outros. O Selo Musical também pode ser entendido como um “braço” da gravadora, quando vinculada à ela diretamente, responsável por segmentar artistas de um determinado gênero musical.

Além disso, o Selo pode também ser responsável pela criação do ISRC, logo, pode ser proprietário de um fonograma. Saiba mais clicando aqui.

Diante dos novos formatos dentro da indústria musical, o Mundo da Música conversou com Pablo Bispo sobre a sua visão de mercado, desafios e oportunidades da Inbraza.

Mundo da Música (MM) –  O Projeto Inbraza surgiu a partir de uma parceira entre a Som Livre,  Liga Entretenimento e os Dogz. Como vocês perceberam a necessidade de criar um selo de música Pop? E como funciona essa parceria?

Pablo Bispo – A gente sempre teve esse sonho de criar um selo pop com artistas novos. Se eu parar para falar os artistas que eu cresci criando junto, são todos os artistas que eram praticamente do zero, desconhecidos até então.

Nesse momento, eu estava me descobrindo junto com os artistas e todo mundo se descobbrindo junto, como com a Anitta, Pabllo Vittar ,Iza, Glória Groove até o Pedro Sampaio.Tinha artistas já com gravadora, e artistas que não eram e não são de gravadora até hoje.

Mas, essa descobrta de criar um estilo e uma identidade musical, sempre foi nossa vontade: de ver talentos e criar artistas a partir disso, de necessidades também. E o selo sempre foi a nossa vontade.

 

 

Surgiu num sonho, conscidências, encontros da vida e é muito incrível! Porque nesse momento, todo mundo coloca sua expertises na mesa, todo mundo faz de tudo para o artista, para o selo acontecer.

Os artistas acontecendo, consecutivamente, o selo acontece. Mas, isso é muito importante. Porque você vê artistas de diferentes gêneros, diferentes vibes e as coisas acontecendo. Não poderia ser em um lugar melhor, o maior encontro da vida! É um relacionamento mesmo, de todos nós, mas que nós vamos levar, com certeza, muito para a frente.

MM – Quais os diferenciais do selo Inbraza que permitem que artistas, com características distintas, sejam cada vez mais autênticos?

 

Pablo Bispo – O Selo Inbraza já é o maior diferencial. Porque a gente trabalha com um novo tipo de Selo, um novo tipo de projeto. Pra se ter um pouco de ideia, nós não tínhamos um contrato padrão. A gente fez um contrato novo, com ideias novas.

O Inbraza surge da necessidade de criar algo novo para o mercado, seja em um selo, seja em parceria com a gravadora, ou seja no tratamento e na gestão de artistas.

Ele é totalmente diferente e inovador, desde o seu contrato. E eu acho que isso faz toda a diferença. Na criação da autenticidade de cada um, isso é uma das coisas mais importantes: a gente respeitar a verdade do artista. Ao mesmo tempo que colocamos algo novo, super inovador no mercado, e que isso tem esse poder de absorção.

 

 

Como estamos olhando “um pouco de cima” para o mercado, por a gente estar fazendo artistas pop, os maiores do país hoje; conseguimos ver os nichos de mercado e os buracos que o mercado tem em certos tipos de artistas ou de gêneros, então tentamos alinhar isso com os artistas que temos, tentamos encontrar esses talentos e potencializá-los também.

E super de forma autêntica! E eu acho que os resultados, mesmo que em pouco tempo de Inbraza, são claros para isso.

Isso é muito importante, porque mostra o que nós estamos fazendo de inovação está trazendo um resultado muito bom, mesmo que isso seja uma consequência do trabalho da gente. Eu digo que um hit, viralizar, tudo mais; são super uma consequência da verdade e do amor que estamos colocando no projeto, da inovação, e ver isso acontecer é muito gratificante!

 

MM – Apesar de possuir características únicas, o mercado brasileiro é bastante influenciado pelos lançamentos internacionais, sobretudo quando o assunto é música Pop. Quais as tendências da Indústria que vocês observam e dialogam com os artistas?

 

Pablo Bispo – É super conectado, principalmente porque há 3 anos, a gente consumia muita música pop gringa. Hoje eu fico muito feliz em fazer parte disso também, que a galera consome tanto notícias do mundo pop brasileiro – não só música, mas, dos artistas – tanto consomem dos gringos e eu acho muito importante esse processo.

Tem muita coisa que a gente se espelha, óbvio, acho muito importante pegarmos os casos, o que tá acontecendo lá fora. Mas, é muito importante você pegar e processar com a sua verdade, aqui no seu país e como isso pode ser feito de forma verdadeira aqui.

 

 

Nem tudo que funciona lá fora, vai funcionar aqui ou em qualquer outro lugar. Eu acho que misturar é entender a essência de cada lugar. Isso é sempre a busca pelo conhecimento: você estar buscando referências, onde você se sente à vontade e misturando com a verdade do seu país, da sua história, onde você vive.

É importante você ver o que a Rihanna está fazendo e ao mesmo tempo, misturar a Rihanna com reggae maranhense,isso é importante! Estamos sempre aprendendo.

Não é só porque os artistas são novos, que só eles aprendem. A gente também, mesmo nós estando nesse momento de vida que, graças aos deuses, ao universo, à espiritualidade, tudo, ter dado pra gente; mas, nós aprendemos tanto quanto eles. É importante esse aprendizado mútuo, a gente entender como o mercado internacional se comporta.

Por que a Lizzo de destaca? Por que a Billie Eilish está se estacando? Porque a Rosalia e a essência e a verdade dela, com influência do seu país, ela consegue mandar isso para o mundo?

Então, isso tudo é absorvido por nós, e a gente tenta entender aqui, não para fazer igual, mas, fazer com a nossa verdade e entender que é possível!

O Brasil hoje, não só com artistas, mas, com produção musical e de clipes é referência no mundo inteiro. Você vê gente se inspirando em música nossa, querendo feat, às vezes nem querendo o feat, mas eu acho muito importante quando alguém pega uma influência nossa, nem necessariamente pegar um feat, que era basciamente o que a gente fazia; mas, fazendo clipes parecidos com os nossos e eu acho que ter virado referência foi muito importante.

 

MM – A partir de uma grande oferta de artistas e lançamentos, o planejamento estratégico é a base para o fortalecimento da rede de fãs e do próprio trabalho do artista. Como tem sido essa construção com os artistas do Inbraza?

 

Pablo Bispo – Isso é muito importante, porque o Inbraza é uma gestão 360. Da mesma forma que tem a gente, como equipe de criação musical, tem a equipe que gere o Marketing, tem a galera que faz a parte de rádio, mídias digitais, tem a gravadora dando todo o suporte.

Então, eu acho que todo mundo conversando sempre, todo mundo de acordo, todo mundo no mesmo caminho, trabalhando com o mesmo amor, isso é muito importante pra gente alinhar cada um.

O Inbraza é um squad, uma família. Cada artista tem sua individualidade, mas, a gente sabe que a individualidade de cada um que potencializa o grupo. Se o artista faz um clipe que atrai muita gente para o canal do Inbraza, outro artista quando lançar um clipe, ele já vai ter um canal com mais ouvintes, por causa do outro.

 

 

Nós temos esse pensamento de respeitar a individualidade de cada um, e sabendo trabalhar a individualidade de cada um, o quanto isso vai agregar no grupo.

É esse jogo que a gente faz: tem o jogo que todo mundo joga junto, tem o jogo que cada um joga. Mas, sempre respeitando a individualidade de cada um: o lançamento, a estratégia de marketing de lançamento, o pensamento de formas de lançar músicas diferentes, em canais diferentes, sabendo que não tem como comparar um artista com outro.

 

MM – Como Dogz, vocês possuem inúmeros cases seja assinando como produtores musicais, ou como compositores. O que vocês observam para construir músicas e fazer com que o público se identifique?

 

Pablo Bispo – Como a gente está tendo uma visão mais macro de tudo, conseguimos sempre pensar na melhor forma para cada artista, isso do Inbraza. Mas, independente disso, de ser artista do Inbraza ou não, ou artista com os cases de sucesso nos quais a gente já tem, como Dogz; eu sempre falo que: eu preciso entender quem é você como pessoa, para a gente se entender como artista, porque um é reflexo do outro.

E você se entendendo como pessoa, como artista, você vai saber: pra quem você vai cantar, quem é seu público, quem são as pessoas que vão consumir você.

Aí você consegue saber exatamente o quê você quer cantar, quem você quer tocar, o quê você quer falar, o quê você quer sentir; e eu acho que isso é o mais importante.

 

 

E isso independe da onde a gente vai fazer. A arte é muito subjtiva, estamos sempre mudando. Temos sempre que estar em contato com o mental, o físico e como isso reflete na sua música, na sua arte.

É sempre esse conceito, e ser hit ou não, é super consequência disso. A gente não tem que “ter a pressão de fazer um hit”, tem que ter a pressão de fazer algo que você ama, que está sendo verdadeiro, autêntico pra você; que você vai cantar com o maior amor, o resto é consequência.

 

MM – A forma de ouvir música ampliou: fones de ouvido, smart speakers, por exemplo, entraram na rotina do consumidor. Como a forma de produzir uma música pode abraçar essas diferentes necessidades e trazer uma experiência diferente e única para o show ao vivo?

 

Pablo Bispo – Em relação a galera consumir música, independente dos canais, em relação à produção, a gente mantém a qualidade. Antes de finalizarmos uma música, temos que ouvir em todos os canais possíveis.

Quando estávamos finalizando o álbum “Dona da Mim”, da Iza, eu ouvia o álbum todo e ia de metrô para o estúdio, porque eu queria me sentir como uma pessoa indo trabalhar ouvindo o álbum da Iza. Quando eu ouvia “Dona de Mim” que era perto da estação Botafogo que eu soltava para ir ao estúdio, eu já estava me debulhando em lágrimas.

 

 

Porque eu ouvia a música e sempre me emocionava! E eu acho que a gente faz uma música e tem que ouvir no fone, tem que ouvir no smartspeaker, tem que ouvir na caixa de som, no carro… tem que ouvir em todos canais pra que seja claro em todos os canais. Não fazemos específico para um canal, a não ser que seja uma marca, uma propaganda, algo que seja específico disso, a gente consegue fazer.

Mas, como nós fazemos música pop, temos que fazer a música de uma forma que todo mundo possa consumir. Isso reflete no show, no sentido da qualidade da música, porque como a gente tem sempre que pensar na melhor qualidade para todos os canais, então, no show ela bate super diferente.

Quano a gente houve uma música nossa, a gente sabe que tá chegando um grave, tá chgando umas formas, tá contagiando a galera, como alguma coisa da Glória Groove na pista, por exemplo, bate forte pra caramba!

Da Iza, das que a gente fez com a Anitta também, então isso é importante! E ter esse cuidado: como a gente faz a música inteira, a gente compõe, produz, mixa e masteriza, então, a música começa e termina na gente.

Da mesma forma que está todo mundo compondo, tá todo mundo masterizando e a gente exatamente onde chegar, porque nós estávamos no processo de composição, não é outra pessoa que você não conhece, com outra energia. Isso é muito importante e faz muita diferença no resultado final, seja no fone de ouvido, ou no som do show.

 

MM- Para um artista que está começando e deseja fazer parte do squad Inbraza, quais os atributos necessários para ser aprovado no processo de seleção?

 

Pablo Bispo – Eu gosto de falar disso porque na nossa opinião, como Dogz, é o que faz o artista se destacar, ser artista. Primeira coisa: seja autêntico, seja verdadeiro. Você pode ter muitas referências e se inspirar em muitos artistas, mas, tem que trazer sempre para a sua realidade, e transformar a partir das coisas que você viveu.

Você pode amar o som da Anitta, da Beyoncé, mas, você não viveu as coisas que ela viveu, não nasceu onde ela nasceu.

Então, traz o que você gosta delas e tenta transformar com a sua realidade. Eu gosto da Beyoncé, mas, eu moro na Bahia. Então, você vai trazer a essência da Beyoncé com a energia da Bahia, com o som da Bahia, então, já é diferente, já é você.

Eu gosto da Anitta, mas, eu sou do Amapá. Pega o som da Anitta, soma o que você tem de verdade da sua região e já vai ser diferente. Eu sempre peço pra ser original, pra ser verdadeiro. Claro que isso não é fácil. A gente tá sempre tentando se descobrir.

 

 

Mas, a partir do momento em que você já quer ser original, quer viver a sua verdade, quer ser autêntico, você está em um passo muito grande à frente de muita gente.

Porque sim, tem muita gente que diz “essa pessoa canta bem, tem uma excelente voz”. Eu digo que voz linda, muita gente tem. A questão é que: você tem uma voz linda, com uma autencidade do seu lado artístico?

A Rosalia tem uma voz linda, mas, ela canta flamenco, então, já é totalmente diferente! Se ela tivesse só uma “voz linda”, talvez não se destacasse tanto. Então assim, além da voz linda, quais atributos que te fazem ser realmente autêntico?

Serem verdadeiros? Novidades? É isso que a gente busca no Inbraza. Mais do que a voz, obviamente a voz é muito importante, cantar é muito importante, mas, eu acho que ser original é o que ganha a gente.

 

MM – O atual momento é um dos mais desafiadores para a Indústria da Música, com incertezas, dificuldades e também, aprendizados para todos. O conteúdo audiovisual é visto como uma oportunidade. O que mais vocês consideram?

 

Pablo Bispo – Eu não tenho como falar em “coisa boa” no momento delicado que a gente está, politicamente e, principalmente, do mundo. Não tenho como ser “bom”, mas, algo que você pode tirar de “proveito” disso é pensar no todo.

Você também não sabe como vai ser o futuro daqui para frente. Com certeza, ele não será o mesmo do que ele era há três meses.

Então, assim: esse é o momento de você entender quem é você como artista. Você criar identidades, começar a criar ideias diferentes pra você, não só conteúdo audivisual, que é muito importante também.

Usa esse tempo para se conhecer. Usa esse tempo para criar coisas novas, uitliza esse tempo para entender, nadar em lugares que você gosta, de vibes, de procurar artistas que estão fazendo coisas parecidas.

 

 

É sempre muito importante você entender a cena. Se não tiver uma cena, como você faria pra você se destacar? Então, esse é o momento de olhar para nós, olhar para cada um, como pessoa e como artista e saber como você pode: agregar, estudar e desenvolver coisas novas.

Depois desse momento que você se conhece como pessoa, como artista, e como público, você vai conseguir desenvolver muita coisa para você.

 

MM- Quais as dicas que você daria para manter a criatividade?

 

Pablo Bispo – Uma das dicas é: vejam as minhas lives, meus conteúdos (@pablobispo) com vários artistas, vários produtores, várias pessoas influentes das músicas, em brve, elas vão sair como curso gratuito. Isso é importante porque tem várias dicas de tudo.

Eu digo sempre que é bom você olhar formas de vários artistas e vários produtores que estão fazendo isso. Tem muita coisa no YouTube, em série, nos streamings, para entender qual a melhor forma, qual você gosta mais.

Não tem um jeito certo, tem o jeito de cada um. Então, é bom você absorver cada um, pra saber o que é melhor pra você.

Eu sempre prezo uma coisa pra mim: tentar cuidar do mental, a saúde mental é essencial, ainda mais nesse mundo que a gente tá sempre querendo tudo muito de imediato. A gente é muito ansioso, a gente é artista, a gente tem que estar com a saúde mental em dia, tem que estar com terapia, se tiver a oportunidade.

Mental, espiritual e físico. Cuidar do espiritual também, no meu caso é muito importante, para a minha visão. Isso reflete como a gente faz música, como a gente está no mood bom. Ao mesmo tempo pensar em: o que te faz criar? Qual o momento que te faz criar?

É o momento que você está sozinho, acendendo um insenso, ou quando você está com amigos, trocando uma ideias, estar aberto às oportunidades para entender qual a melhor forma de você ser criativo.

Como eu não tenho a vontade de ser o artista da frente, eu tô sempre pensando pelo outro artista, por outra pessoa. Geralmente, os artistas são meus amigos, o que facilita começar a criar coisas para eles.

Se não são meus amigos, eu nunca crio de primeira. Eu sempre tento criar um vínculo, para aí sim, a gente ir criando coisas juntas futuramente.

Então, sempre pense nas coisas que você gosta, seja no momento em que você tava em casa, com cinco anos de idade vendo algum desnho, ou uma coisa que você curta muito, ou que te deixe em paz.

Então, essas paradas ajudam. Não tem um processo certo ou errado, mas, tem o seu processo. Então, tenta entender qual processo te deixa mais à vontade para a sua mente criativa.

Às vezes é um desenho da sua infância, às vezes é estudar alguma coisa, às vezes é ouvir uma música que você gosta, então, experimenta!