A era “111” está oficialmente aberta. Depois da chegada da primeira parte de seu terceiro álbum nas plataformas de streaming às 21 horas de ontem, Pabllo Vittar deu início à sua nova turnê “NPN 2.0” com um show catártico em São Paulo, na Audio. Era uma festa de halloween e os Vittar Lovers atenderam ao chamado da Pabllo: foram quase todos a caráter! O público estava um show a parte, dedicados em suas fantasias e maquiagens bem feitas surpreenderam a mim e acredito que até mesmo uns aos outros com tantas ideias geniais.
A estrela da noite não ficou para trás. Pabllo apareceu no mezanino da casa por volta da meia noite fantasiada de Gisele Bündchen, usando um dos looks mais icônicos da modelo brasileira na época em que ela figurava o time de “angels” da Victoria’s Secret. A cantora posou para fotos e cumprimentou os fãs que se apinhavam na pista da Audio, que já estava completamente lotada. Foi nesse momento que os primeiros gritos da noite rolaram, mas era apenas o começo.
Urias deu início aos trabalhos como ato de abertura e trouxe para o palco músicas de seu primeiro EP auto-intitulado, lançado no último dia 11 de outubro. A faixa de abertura “Diaba” foi super bem recebida e cantada por todos; no trecho da música em que ela diz “navalha debaixo da língua, tou pronta pra briga” o público parecia comprar essa briga junto com ela! A cantora ainda apresentou alguns covers e “Não Faz Diferença”, parceria dela com Davi que faz parte do primeiro álbum dele, “Ritual”.
Pouco depois da 1 da madrugada, uma contagem de dois minutos foi iniciada no telão. Ao fim, o interlude de abertura do show já tava rolando, com direito a imagens da Pabllo Vittar, fumaça no palco e bailarinos. Vestida de preto, Pabllo começou o show com o single “Flash Pose”, parceria dela com Charli XCX, e na sequência veio “Nêga”, música de seu primeiro álbum “Vai Passar Mal”. Só com essas duas faixas a catarse já estava instalada, mas foi aí que uma das surpresas do show aconteceu: um mash-up com “Kill This Love”, o comeback single de 2019 do Blackpink! Quem acompanha Pabllo sabe o quanto ela é fã da girlband coreana e ela fez questão de trazer a coreografia original do quarteto para seu show!
Falando em coreografias, esse é talvez é o ponto chave da “NPN 2.0”. O show é quase que integralmente conectado e coreografado, com direito aos famosos “breaks” tão adorados por qualquer fã de música pop. O ritmo do show é realmente contagiante e ele foi pensado para ser exatamente assim. Flávio Verne, coreógrafo responsável pela turnê, explicou:
“A gente quis trazer um show mais coreografado, com menos pausa, mais surpresas, breaks de coreografia e diferentes desenhos no palco. Eu queria que as pessoas tivessem aquela sensação de sempre estar acontecendo algo novo em cada música e em cada bloco. Tivemos uma rotina de ensaios bem extensa, foram seis horas por dia durante semanas,” contou.
Flávio ainda falou sobre o trabalho criativo por trás desta nova fase da tour: “Esse é um show que tem mais referências pop. Eu e a Pabllo sempre estamos estudando, assistindo vídeos e buscando referências para a gente se inspirar e traduzir isso para o universo da Pabllo Vittar. Acho que a grande diferença da NPN 2.0 é também o visual mais dark, que conversa com a linguagem da primeira parte do ‘111’.”
O visual dark, citado por Flávio, está mesmo bem presente no show e vai além do figurino da Pabllo e do balé, que têm um estilo dominatrix. Os vídeos e interludes, que também ajudam a conectar todos os blocos da apresentação, trazem essa temática e são assinados por Erna Costa, fotógrafo que também foi responsável pela capa do “111” e por todas as imagens da Pabllo Vittar dentro deste projeto.
A segunda surpresa do show, pelo menos para mim, foi “Ponte Perra” encerrando o primeiro bloco. A música, cantada em espanhol, havia sido lançada horas antes, mas já estava na ponta da língua dos Vittar Lovers. Já a terceira foi mais um mash-up interessante, dessa vez de “Então Vai” com “Baby Boy”, da Beyoncé. A setlist seguiu com grandes sucessos da Pabllo, como “Buzina”, “Open Bar”, “K.O”, “Disk Me”, “Trago Seu Amor de Volta” e “Seu Crime”. Teve até espaço para “Meu Anjo”, uma versão de “Something” do Lasgo. “Parabéns” foi talvez o grande clímax do show e contou com a presença de Márcio Victor, líder do Psirico, que participa da música junto com a Pabllo.
A outra faixa novíssima “Amor de Que”, um arrocha pra ninguém botar defeito, ficou para o bloco final do show, que levou a Pabllo as lágrimas. A cantora ficou muito emocionada com a recepção do novo show e das novas músicas e agradeceu repetidamente aos fãs: “Muito obrigada por acreditarem em uma gay afeminada que sobe no palco. Muito obrigada por acreditarem no sucesso de um gay, um viado nordestino. Eu tou muito feliz de estar aqui hoje no meu aniversário com tanta gente legal e pessoas que me amam e verdade. Eu não poderia sair desse palco sem agradecer a cada um de vocês, a minha equipe, ao meu balé.”
A fala emocionada de Pabllo me fez realmente voltar no tempo e avaliar toda a carreira da drag queen. A “NPN 2.0” é um ponto de virada na história dela como artista. A entrega de palco é realmente diferenciada e a vontade de dar sempre o seu máximo está estampada em seu rosto durante toda a apresentação. Este é um show que, goste ou não da Pabllo, você não consegue ficar parado. É intenso, instigante e mesmo chegando ao fim cansada de tanto dançar, saí querendo mais.