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Opinião: a volta do Vinil, o impacto dele na indústria da música e a história por trás das capas

Foto: Unsplash

Ontem, 20 de abril, foi comemorado o Dia do Disco. Faço parte da geração que gravava músicas na fita cassete, que não saía de casa sem o discman, que baixava músicas no mp3 player e Ipod e há 10 anos, que ouve música pela internet, através das plataformas digitais. 

O fato é que passamos a nossa vida toda ouvindo música, seja em qual dispositivo que a tecnologia da geração permita. 

Em uma época em que a receita da música vem de sua maioridade das plataformas digitais, podemos notar um movimento contrário a isso com a alta das vendas de discos e vitrolas em todo o mundo. 

Em 2021, foram quase 42 milhões de LP’s vendidos, um aumento de mais de 51% em relação a 2020, segundo a Billboard. Os álbuns físicos gerais aumentaram 22%, com o vinil sendo o principal meio.

O IFPI Global Recording Artist Chart, que mede o consumo de música em todos os formatos em todos os países, indica que Adele, Harry Styles e Fleetwood Mac são os artistas que mais venderam vinil ano passado. Segundo o IFPI, Adele está no topo da lista de mais vendidos do vinil de 2021, com 862 mil cópias do álbum 30. 

O interessante de notar é que são artistas jovens, com fãs também relativamente novos, caindo aquela ideia de quem consome vinil é mais velho e que a principal força motriz por trás desse renascimento do vinil são os consumidores da geração Y e da geração Z. De acordo com o site MusicWatch, metade dos que compram vinil hoje tem menos de 35 anos, e os jovens estão liderando o renascimento moderno desse meio antigo. 

Mas o que justifica esse retorno do consumo de vinis pelo mundo? 

Tangíveis: diferente das plataformas de streaming, o vinil é uma mídia física que permite tangibilizar a música, tornando- se uma experiência. Ter algo tangível e interagir com ele permite profundidade à experiência da música. São produtos físicos que podem ser exibidos, compartilhados, negociados e transmitidos de geração em geração.

Qualidade do som: o som de discos de vinil analógicos não compactados acaba soando superior ao áudio digital, devido aos formatos que acabam sendo comprimidos ​​pelos serviços de streaming.

Memória afetiva: além da experiência tangível, os discos sempre vem acompanhados de muitas histórias e compartilham emoções de seus donos em diferentes momentos. 

Foto: Unsplash

Além disso, o formato do vinil permite entender melhor as ideias dos músicos em relação a cada álbum, através da capa, da exibição das letras no encarte e do lado A e B, que costumam ser divididos por sonoridade ou por estratégia musical. 

Segundo a Billboard, o disco de vinil do novo álbum do Red Hot Chilli Peppers se tornou o mais vendido entre as bandas de Rock nos últimos 30 anos. Foram vendidas 38,5 mil cópias de discos de vinil de Unlimited Love. A banda criou uma estratégia de lançamento forte no digital, mas não deixou de lado as vendas físicas e aproveitou o embalo da volta dos discos no mercado com direito a diversas versões de vinis coloridos em vermelho, laranja, azul escuro, azul claro, verde e roxo. 

Flea, o baixista da banda, divulgou no shorts do YouTube o lançamento do novo disco exaltando que Unlimited Love foi feito e pensado para os amantes da música analógica, onde o som não é comprimido e não tem nenhum efeito computadorizado, que acaba afetando na qualidade de som. 

A história por trás das capas de disco

Antigamente, as capas dos discos eram feitas de embalagem de papel ou papelão para proteção com apenas com o nome do artista, do álbum e da gravadora. Os álbuns eram pacotes parecidos com livros com vários discos de 78 rpm, por isso o nome “álbum”. Naquela época, o comportamento do consumidor era entregar uma lista com os discos desejados para o vendedor, que providenciava os disponíveis. 

Em 1939, o nova-iorquino Alex Steinweiss, designer gráfico, mudou a indústria da música, considerado o inventor da capa de disco.

Steinweiss projetava anúncios para a Columbia Records quando sugeriu para a gravadora elaborar melhor as capas das produções musicais para representar visualmente o conteúdo musical e impulsionar as vendas dos discos com embalagens mais atrativas. Apesar de relutante pelos custos adicionais, a Columbia aprovou o projeto para a criação de capas originais. 

Na sua primeira capa, para Rodgers e Hart, o designer alterou o letreiro do Imperial Theatre, em Nova York, para o nome do álbum da dupla. Após conduzir a sessão fotográfica e trabalhar no processo de edição, ele apresentou a arte final da capa, revolucionando para sempre o design e a indústria musical

Alex Steinweiss Columbia Records. Foto: Illustration Chronicles

.Em apenas 6 meses a Columbia registrou um aumento de quase 900% em vendas por causa das capas em seus discos, o que acabou deixando a gravadora como líder absoluta na época. 

“A maneira como os discos eram vendidos era ridícula. As capas eram de papel marrom, bege ou verde. Eles não eram atraentes e não tinham apelo de vendas.”

“Eu queria que as pessoas olhassem para a obra de arte e ouvissem a música.” — Alex Steinweiss

Com o aumento da quantidade de LPs nas lojas, a capa passou a ter papel fundamental na hora de atrair os consumidores, e isso ficou evidente a partir da ideia inovadora de Steinweiss.

As lojas de discos foram repaginadas para que ao invés de ver as pontas dos discos como livros em uma prateleira, os fãs pudessem passar pelas capas como se estivesse folheando. Isso só indica o quão importante a arte da capa foi importante para o marketing de um produto.

Em um mercado musical que vemos estratégias de marketing e formas de consumo muito parecidas, os discos de vinil trazem uma conexão íntima com o artista e seu catálogo. Escolher e manusear o disco nas mãos, colocá-lo na vitrola, apreciar as capas e contracapas, o encarte, trocar de lado, tudo isso faz com que se torne uma experiência auditiva, visual e tática muito única. Dessa forma, nos conectamos mais com a música e o artista e da mensagem que ele se propõe a passar. Feliz dia do disco a todos os amantes da música! 

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Camila Arias é Pós-Graduada em Marketing Digital pela FGV. Head de Planejamento do Sua Música Records e Marketing de diversos artistas da CMA Music. Entre seus clientes, já trabalhou com artistas como Chitãozinho e Xororó, Zezé Di Camargo e Luciano, Amigos, Paula Fernandes, Edson e Hudson, Henrique & Diego, Lauana Prado, Sambô, Manimal e Make U Sweat.
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