O marketing existe para gerar valor em torno do produto e/ou marca (aqui, a música e/ou o artista). Mas, na era da transparência em que vivemos, é cada vez mais difícil alguém de fora chegar para tentar atribuir um valor à marca (artista) ou querer esconder uma verdade gritante do artista.
Por isso existe o trabalho do branding. Convidei a Roberta Senna, especialista em branding e coordenadora do curso Imagem e Comunicação Para Artista (vagas abertas) para me ajudar nessa coluna.
Um dos princípios do branding que mais conversa comigo é: o processo tem que vir de dentro para fora. Não dá mais pra uma equipe de marketing vestir o artista com causas, propósitos e atributos. No máximo o que podemos fazer é escolher quais filtros vamos aplicar no que já faz parte da verdade do artista.
Por isso, antes de começar a estudar e planejar o trabalho de marketing digital é fundamental que o artista faça uma imersão em sua própria pessoa para identificar o que ele é, o que ele não é, e qual é o seu propósito artístico.
Hoje mais de 60 mil músicas são subidas mundialmente no Spotify. Será que ainda temos espaço para uma música que é apenas uma música? Difícil, ainda mais sendo um artista do low-stream ou mid-stream.
Então, que tal fazer este exercício, entender o que você quer causar nas pessoas com a sua música, com o seu trabalho. Como você quer fazer a diferença. Quais são seus propósitos. Quais são seus atributos? Humor? Delicadeza? Diversão? Enfrentamento?
Vamos às 3 perguntas para Roberta Senna:
MM – Qual é um princípio de melhores práticas de branding pra um artista?
RS – Construir um personagem criado de dentro pra fora! Saber seu papel no filme, só que esse filme é a vida real. Para isso o artista tem que fazer uma imersão, um processo investigativo e saber seu propósito. O que diferencia ele no mundo e que seja verdade. A partir disso ele constrói um mapa de imagens que representem de forma ampla uma representação dessa mensagem.
MM – Qual é um princípio de piores práticas de branding pra um artista?
RS – Copiar! Olhar pra outro artista e querer fazer igual. Tanto na imagem quanto na estratégia. Você pode até ter um benchmark, alguém que você se espelha como sucesso e que pode ser uma base de referência. Também é importante conhecer o mercado e saber o que está acontecendo, mas tem que olhar para dentro e pensar o que faz sentido pra si. Cada carreira um planejamento diferente. Tem que ser altamente personalizado.
MM – Como o digital transformou o papel do branding?
RS – Primeiro o digital possibilitou um mercado mais democrático e andou com o funil pra frente. Sem dúvida tem mais chances do que antes, mas a gestão de carreira se fez obrigatória. Tem que conhecer e planejar para poder saber seus atributos e chegar nas pessoas de forma certeira. E se você sabe seus “filtros” (como vai ser achado no Google rsrs) você pode mirar direto no público que vai entender seu propósito, que pode estar representado em vários nichos diferentes.
Em segundo lugar, ele deixou tudo mais transparente e escancarado, então não tem mais como ser unanimidade e se blindar, é assumir a sua história, a sua verdade e saber que isso vai ter o lado luz e o lado sombra, ou seja pessoas que vão se identificar e as que vão criticar. Por isso, saber seu posicionamento é essencial para criar laços duradouros com seu público.