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(Opinião) O artista do futuro: empreendendo uma carreira independente

Artigo de opinião assinado por Rodrigo Lampreia, para o POPline.Biz é Mundo da Música
Foto: Divulgação

Uma pergunta que tenho recebido ultimamente é: “O que é ser um artista do futuro?” Apesar da complexidade, extensão e da resposta longa, o mais importante é entender que o mercado de hoje é completamente diferente do mercado de 5, 10 ou 20 anos atrás. Pensar em futuro é entender que a dinâmica do jogo mudou, que a música não anda sozinha e que carreiras precisam ser pensadas como negócios, assim como qualquer produto ou serviço que precisa ser comercializado. Ser um artista do futuro é saber empreender a sua própria carreira. E o artista precisa entender isso!

Foto: Unsplash

Partindo dessa premissa, a discussão em torno de um artista do futuro se dá através de diversos temas, abordagens, visões e como esse conjunto de esforços, unidos, moldam e desenvolvem um artista que quer prosperar em 2023. Não existe uma receita de bolo ou fórmula de sucesso, mas existem práticas, pensamentos e necessidades que precisam ser cumpridas para tentar aumentar as chances de atingir uma carreira sustentável e de sucesso, por meio de um desenvolvimento contínuo e da construção a longo prazo. 

Meu foco é em artistas independentes, iniciantes e em estágio inicial de carreira. Considerando que esses artistas não têm um investimento significante para impulsionar suas carreiras desde o início, precisa haver um entendimento coerente da realidade, das dificuldades e obstáculos que os aguardam, no entanto, mais do que isso, a fé de acreditar que carreiras independentes são possíveis num mundo digital, democrático e bastante acessível. 

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E como viabilizar uma carreira independente do zero e sem dinheiro? Existem muitos exemplos de artistas vivos no mercado global de hoje. Poderia listar aqui um manual de boas práticas com guidelines bem definidos em forma de checklist. Mas a verdade é que não é bem isso e nem tão simples assim.

Começa por uma análise com uma atitude filosófica que aborda três questionamentos básicos: a) O que? b) Por que? c) Como? Todo artista deveria se questionar nesse sentido e se fazer perguntas como: Quem sou eu? De onde eu vim? Por que faço música? Como me apaixonei por ela? Onde quero chegar? Como quero chegar? Qual é minha mensagem? Quais são meus valores? Qual é a minha missão? Qual é a transformação que quero para o mundo? Qual é o meu propósito? Essas perguntas permitem uma auto análise crucial para um artista que  decidiu se aventurar pela música e quer construir uma carreira de sucesso no longo prazo. Entender quem você é, qual é seu propósito e onde quer chegar é o primeiro passo para desenhar o início de um sonho difícil que é viver de música no Brasil.

No campo artístico, um segundo desafio é entender em qual prateleira você pertence. Talvez suas influências musicais lá de trás possam responder essa pergunta ou certamente, foram fundamentais na construção da sua musicalidade. Posicionar sua música, segmentar sua arte e definir o seu lugar na gôndola é um passo importante nesse início. Encontrar sua direção artística possibilitará um caminho mais assertivo no desenvolvimento da sua discografia. Aquele papo de quem tem rótulo é remédio é um grande equívoco para um artista que está começando e precisa posicionar o seu produto. Se rotule sim! Depois que vier o hit e a carreira começar a se tornar sólida, a história muda.

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Outro ponto fundamental é com relação a organização do artista. Muitos tem aversão a burocracia, medo de contratos e se sentem mal ao ter que negociar percentuais e valores. Outro grande erro! Cuidar do backoffice é primordial para a fluidez e segurança dos seus processos e direitos. Entender o sistema de remuneração dos seus direitos (autoral, conexo, royalties) é o básico para controlar os recebíveis daquilo que você criou, que é único e somente seu. Seu direito moral e patrimonial é de exclusividade sua, mas nada adianta tê-los quando não se tem um entendimento de como funciona essa pirâmide. Ter o hábito da organização é tarefa essencial para um artista que quer ter a rédea do seu negócio.

Se pularmos para o Marketing, não é difícil entender que em pleno 2023, sem Marketing não tem música. Assim como qualquer produto de qualquer outra indústria, o Marketing serve para construir e comunicar uma marca sólida, bem definida, de branding claro e consistente. Posicionar essa marca através de uma mensagem nítida, acompanhada dos valores e identidade do artista é premissa básica na construção dessa persona. Existem diversos desdobramentos dentro do Marketing através de ações online e offline que ajudam a posicionar, na cabeça das pessoas, quem é o artista. E dessas, a mais importante hoje é a produção recorrente, consistente e autêntica de conteúdo nas redes sociais. É quase impossível um artista crescer sem produzir conteúdos que revelem sua mensagem, pensamentos, vulnerabilidades, lifestyle, para se comunicar com sua audiência de forma natural e engajada. 

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E o que seria do Marketing sem música? A música ainda é soberana e a escolha de repertório deveria ser a decisão mais estratégica e pensada de um artista quando se pensa em construção de discografia. Imagine Caetano Veloso, Michael Jackson, Elis Regina, Stevie Wonder e Rita Lee sem suas obras gravadas? Certamente a escolha desse repertório ao longo de suas carreiras foi fundamental para o sucesso de seus discos e carreiras.

Em um mundo digital, construir catálogo e lançar novas músicas tem sido bem mais fácil, dinâmico e um tanto perecível. A possibilidade de testar e lançar com recorrência e consistência permitiu que novos artistas construíssem comunidades e fan base com lançamentos mensais e com isso, o formato álbum ficou mais obsoleto para novos artistas, dando lugar aos EPs e uma enchente de singles. Se isso é bom ou ruim, a resposta varia de artista para artista, de acordo com seus estágios de carreiras e tamanhos, mas o fato é que o importante mesmo é entender e compreender a indústria do streaming de hoje e trabalhar com planejamento, antecedência, estratégia, recorrência e consistência. Não adianta remar contra a maré. 

Voltando para o Marketing desses lançamentos, o que de fato conecta o público a uma música nova é a história por trás daquele produto. Fãs querem engajar com histórias que eles se identificam e que os representam. Não basta a música sozinha, precisa ter todo um esforço de Marketing para comunicar de forma assertiva a mensagem daquela música e trazer a audiência para o centro daquela narrativa.

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Validar os co-criadores, ser original, se beneficiar das collabs e feats, trazer marcas pra perto, diversificar os conteúdos buscando agregar valor com informação, ensinamentos ou entretenimento, mostrar bastidores, falar sobre o processo de criação daquela obra, são ações estratégicas básicas para ambientar o público naquela sua criação. A preocupação de cumprir a lista de boas práticas das lojas de streaming e o manual básico das redes sociais também precisa ser prioridade quando se fala em promoção e divulgação de um novo produto.

Saindo do digital e indo para o offline, todo artista iniciante quer fazer show, quer criar um evento proprietário e quer testar suas músicas ao vivo, com banda, sentindo o calor do público. Essa é uma das melhores partes. Sentir a resposta, a energia e a reação do público, sobretudo quando eles sabem cantar suas músicas, é realmente algo que lava a alma. O palco é sempre sagrado e a troca de energia com o fã é mágica. Mas por onde começar? Como se tornar um produto atrativo e interessante para contratantes? Como produzir um show eficaz? Como roteirizar de forma inteligente um show? Como explorar novas praças? Como montar uma banda e uma equipe boa? São perguntas que muitos artistas novos se fazem. Os mais proativos fazem isso acontecer na marra, experimentando, testando, botando literalmente o bloco na rua.

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Criam um hype em torno do seu show promovendo um encontro de pessoas e apostam no crescimento desses eventos com parceiros e aliados. Outros esperam o telefone tocar, o hit nascer ou se prendem a um perfeccionismo burro até acharem que têm um show digno de um pop star. Se estabelecer no mercado ao vivo requer algumas habilidades e pode ser resultado do trabalho que o artista faz no digital — com conteúdos e lançamentos — somados a suas conexões de networking. Precisa também ter experiência em logística, fly e rooming list, entender o mínimo de riders de som, luz, camarim, saber fazer funcionar uma equipe de produção e todos os outros desafios da estrada. Se tornar um produto atrativo para experiências live não é fácil, mas geralmente conquista quem bota a cara e se preocupa com a entrega. 

Mas como se vender? Ser um empreendedor da arte requer habilidades de venda, um conhecimento básico de contratos, de matemática, de custos e de planilhas. É um desafio vender seu próprio show e por isso muitos artistas tem empresários, agentes e bookers para fazer esse trabalho. Sendo um artista independente em início de carreira, seu melhor amigo, sua irmã, seu primo ou até seu pai podem fazer esse trabalho por você.

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A confiança nessa relação é primordial, mas o mais importante é entender que seu show é um produto e a oferta de produtos similares é altíssima. É preciso entender a cabeça do contratante. Geralmente eles só querem vender cerveja e ingresso. Será que o seu show potencializa as vendas do seu contratante? Será que você é um bom ticket-seller? Será que seu cachê está adequado? São perguntas importantes para entender seu potencial de venda e também para ajudar a preencher as eventuais lacunas que você pode ter no posicionamento do seu show ao vivo.

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Outro ponto crítico é saber estar. Entender por onde você transita, anda e visita. Na maioria das vezes o artista não percebe, mas ele está sempre sendo vigiado por alguém. Sempre tem alguém pra ver tudo e quando a fofoca é sobre uma pessoa pública, ela sempre vem com arranjo ou aumentada. Ter cuidado e controle com o comportamento, atitudes, educação, cordialidade é fundamental. Ser pontual, fazer o que precisa ser feito, atender os fãs, tratar todos com respeito, ‘por favor e obrigado’ é pré-requisito. Muitos artistas tem um olhar distorcido sobre eles mesmos, achando que são maiores do que realmente são. Na vida prática isso se traduz em atitudes cotidianas que muitas vezes são mal vistas e julgadas por pessoas do próprio ecossistema, fãs e até aquela pessoa que passou um minuto para abastecer o camarim com uma nova caixa de cerveja. Saber estar é talento para poucos mas faz toda a diferença na caminhada de um artista.

E por fim, e não menos importante, para ser um verdadeiro artista do futuro, precisa ser curioso e antenado. Precisa buscar informação, pesquisar, ler, aprender, se educar, conhecer e saber. Com a democratização atual da informação e tantos players relevantes da indústria entregando informação gratuita todos os dias na internet, não tem desculpa para se alienar. Acompanhar as tendências, a tecnologia, as notícias, os números, o hype, a inteligência artificial, a evolução avassaladora do mercado é obrigatório. Estudar, se capacitar, fazer networking, correr atrás e procurar saber e entender é necessário demais. Não pode ficar parado ou ocioso. Tem que ir atrás!

Nos parágrafos acima, apresentei, muito brevemente, alguns dos tópicos que vou abordar no meu curso: O Artista do Futuro: Empreendendo uma carreira independente, em parceria com a Escola Música & Negócios, Instituto Gênesis da PUC-Rio e UBC.

O artista do futuro. Foto :Divulgação

Resolvemos criar esse curso para ajudar novos artistas a empreenderem suas carreiras com inteligência e eficiência. Vou receber convidados luxuosos, pessoas que eu admiro, que me inspiram e que eu respeito muito para me ajudar no tema: Kamilla Fialho (K2L), Cris Falcão (Ingrooves), Marcelo Lobatto (Na Moral Produções) e Vanessa Schutt (UBC). Vamos dividir histórias e experiências reais para você que quer dominar a sua carreira de forma independente e crescer com consistência.

O artista do futuro. Foto: Divulgação

Se você quer saber mais e ter essa troca comigo durante o mês de julho, acesse aqui, confira tudo e garanta a sua vaga!

Seja um artista do futuro também!

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Com 20 anos de carreira musical, Rodrigo Lampreia é cantor, compositor, produtor musical e empreendedor de música e cultura. É co-fundador e CEO do selo independente Little Glass Records e idealizador, fundador e CEO do Soho Sessions, jam session que abraça novos artistas e fortalece a cena independente. Com cinco álbuns lançados, Lampreia já fez shows pelo Brasil e mundo a frente de projetos importantes como Samba de Santa Clara, Benditos, Sambinha, Roda do Lampra e sua carreira solo. Rodrigo também é o editor, produtor e apresentador do Podcast do Lampra, que debate tendências, novidades, informações sobre a indústria global da música.

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