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Opinião: Revivendo Clássicos

Opinião: Revivendo Clássicos

Quando os catálogos de gravadoras e editoras se tornam mais valiosos do que os novos hits; artigo de opinião assinado por João Luccas Caracas, para o POPline.Biz é Mundo da Música

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Com o foco constante em novidades como o próximo hit do verão, a nova dupla sertaneja ou o novo MC do momento, muitas vezes esquecemos dos diamantes do passado que estão guardados nas gavetas – os sucessos atemporais que são tão (ou mais) valiosos quanto os novos hits. É bem comum canções antigas de 30, 40, 50 anos ou mais sendo renovadas ou redescobertas, atingindo os topos das paradas não só em suas versões originais, como em novas roupagens através da interpretações de artistas do momento.

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Foto: Unsplash

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Algumas grandes regravações

Alguns casos são óbvios como “Girl From Rio” da Anitta, nova versão de “Garota de Ipanema” de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Além do remix de Cat Dealers e Felguk para “Ai, Ai, Ai”, que introduziu novamente o hit de Vanessa da Mata nas pistas ao fazer uma versão bombástica na roupagem eletrônica – 14 anos depois do primeiro remix produzido por Deeplick, que na época tocou mais do que a versão original.

Porém existem outras músicas que por muitas vezes não são tão óbvias assim. Por exemplo, você sabia que “Várias Queixas”, lançado pelo trio Gilsons na verdade é uma música do Olodum de 2012? O sucesso “Vapor Barato” de O Rappa já foi lançado previamente em 1971 por Gal Costa. “Dê Um Rolê” da Pitty, que foi trilha da novela Rock Story, é uma obra de Luiz Galvão dos Novos Baianos também foi lançada em 1971. E o hit mundial “Beggin”, lançado recentemente pela banda italiana Måneskin é uma canção dos anos 60 que já foi gravada 28 vezes desde sua criação.

Pitty e Luiz Galvão

Pitty e Luiz Galvão. Foto: Reprodução Twitter

Esse é o charme das canções atemporais, pois elas nunca se tornam obsoletas e cruzam gerações! As letras sempre são atuais, não importa a época. E uma nova versão, em um novo gênero musical e com um novo artista, acaba sendo ressignificada para um público que muitas vezes nunca ouviu falar da versão original.

Mas não apenas de regravações se revive uma música. A sincronização em séries e filmes também é responsável por trazer músicas de décadas atrás para o topo das paradas, como no famoso caso de “Runnin’ Up That Hill” de Kate Bush que, após se tornar tema da série “Stranger Things” da Netflix, voltou para o top 100 da Billboard em 2022 e para o top 200 do Spotify mesmo sendo uma música de 1985.

Já nas produções cinematográficas de Hollywood, temos o caso de “Bohemian Rhapsody” que conta a história da banda inglesa Queen. Dê uma olhada no gráfico abaixo e veja o quanto seu lançamento impactou os ouvintes mensais da banda no Spotify. É uma geração inteira de fãs sendo introduzida ao Queen após o filme, além de dos fãs originais.

Foto: Spotify for Artists

Foto: Spotify for Artists

As viralização nas redes sociais

E por último, o fenômeno da viralização nas redes sociais. Lembram o vídeo postado no TikTok de um homem tomando suco de cranberry andando de skate enquanto ouvia “Dreams”, da banda Fleetwood Mac? Aquele vídeo despretensioso foi responsável por trazer o álbum “Rumours” para o top 10 da Billboard mais de 40 anos após o seu lançamento, fazendo com que a faixa fosse reproduzida mais de 3 bilhões de vezes em um espaço de 2 meses nas plataformas digitais.

Foto: The Daily Dot

A definição de “catálogo” tem diferentes entendimentos de acordo com as empresas detentoras de direitos. Algumas consideram tudo o que foi lançado há 36 meses como catálogo, enquanto outras apenas há 18 meses. Mas nos exemplos que mencionei acima, estamos falando de músicas de mais de 10 anos de idade. E o fato curioso é que, desde sempre, a maior parte do faturamento das gravadoras e editoras vem de seus catálogos, e não dos novos lançamentos.

Music Business Worldwide

Foto: Music Business Worldwide

Ultimamente o catálogo vem se provando muito mais valioso por tratar dos maiores sucessos da história da música que podem ser constantemente renovados e ressignificados, mesmo décadas após o seu lançamento. Existem verdadeiros tesouros do passado espalhados por aí que podem (e devem) ser apresentados de novas formas para as novas gerações. É sempre uma ótima alternativa para um artista que quer misturar seu repertório autoral com novas versões de sucessos do inconsciente coletivo, ou surpreender fãs com uma roupagem inusitada de uma música que fez história.

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João Luccas Caracas é músico, produtor musical, compositor e DJ com mais de duas décadas de experiência no mercado musical.  Atualmente, é o CEO e fundador da Adaggio, gestora musical e maior fundo de investimentos especializado em royalties musicais da América Latina.
João iniciou sua carreira tocando bateria, seu instrumento principal, em diversas bandas durante a adolescência.  Aos 20 anos de idade, estreou sua carreira artística como DJ onde, no decorrer de mais de dez anos, se apresentou em diversos países ao redor do mundo.  Durante esse período, lançou e produziu mais de cem faixas que acumularam centenas de milhões de streams nas plataformas digitais, conquistando dois discos de platina.  Teve a oportunidade de tocar em alguns dos maiores eventos do Brasil como Rock in Rio, Lollapalooza, Ultra Music Festival, além de renomadas casas noturnas como Green Valley, Laroc, entre muitas outras.
No ápice da pandemia, com a interrupção dos shows e eventos, se especializou no mundo dos direitos autorais.  Foi quando fundou a Adaggio, com o propósito de empoderar outros músicos, compositores e artistas, ao negociar seus direitos autorais com o intuito de ressignificar canções e perpetuar legados musicais.
Em 18 meses a Adaggio adquiriu participações em mais de 100 catálogos musicais que totalizam cerca de 120 mil obras e fonogramas, incluindo algumas das músicas de maior relevância cultural da história da música brasileira.