Na minha coluna de estreia, eu mencionei sobre a importância de “furar a bolha“. Escolhi tal abordagem por conta da minha experiência no trabalho de assessoria de imprensa com artistas de samba, rap e funk. Os resultados obtidos na parceria com músicos destes segmentos me trouxeram ricas percepções no sentido da necessidade desse movimento.
Explico: a verdade é que tanto o samba, o rap, quanto o funk, não precisam de jornalistas e assessores para explodir. A verdade é essa. Quem acompanha e consome esses ritmos sabe bem da força que eles têm. Os números orgânicos destes segmentos são impressionantes. Tem artista que, sem monetização alguma, chega a alcançar 100 milhões de views com apenas um vídeo no YouTube. Busque o início da trajetória de nomes consolidados na atualidade e veja que não faltam exemplos, como MC Cabelinho, Menos É Mais, L7NNON etc.
O fato é que a internet mostrou-se capaz de ser um tipo de máquina dos sonhos, já que há uma semelhança visível no perfil desses artistas, que em sua maioria vêm de realidades simples e sem muitas oportunidades. Eles, que lá atrás sonhavam com a carreira artística, agora se veem diante de milhões de pessoas, influenciando o público por meio da arte de cantar, compor e/ou comunicar. Eis o palco virtual proporcionado pela máquina dos sonhos.
Acontece que nessa esteira de realizações, há uma espécie de casamento entre artistas e fãs, o que é fundamental em determinado instante, mas não sempre, já que bem como em uma relação amorosa, muitos matrimônios têm fim. E se isso ocorre… é sinônimo de perda de faturamento e visibilidade. Ao mesmo tempo que um hit é consumido de forma voraz, ele some com a mesma velocidade. Além disso, quando se faz algo brilhante e bombástico, outras pessoas são impactadas… e quando se inspira outras pessoas, outros artistas também surgem, ou seja, quem inspirou pode ser substituído.
É nesta lacuna que a assessoria de comunicação se sobressai, pois ela fará com que essa roda siga girando, no sentido de construir uma carreira longa, respeitada e difundida, não deixando que se bata no “teto” do holofote com somente um tipo de público. Se o artista tem uma verdade com a música, a assessoria de imprensa vai contar isso. O resultado? Uma carreira consolidada.
Os artistas, tal qual qualquer outro indivíduo, crescem, amadurecem, erram… expõem uma opinião e depois repensam. Mudam. A assessoria tem a função de justamente posicionar essas transições, atingir novos públicos e espaços, mostrar para os leitores, ouvintes e telespectadores que há ali alguém que se faz presente na vida de milhões de pessoas, todos os dias. E o principal: contar o porquê esse artista possui tanto prestígio. É assim que novos nichos são alcançados.
Ilustramos essa perspectiva falando brevemente de duas entidades da música: Zeca Pagodinho e Emicida. São nomes que furaram a bolha, falam com todas classes sociais, estão presentes em todos os veículos de imprensa (TVs, rádios, impressos, sites e redes sociais) e esfregam na cara da sociedade a força dos seus gêneros musicais.
Não dependem, absolutamente, de mais nenhum hit porque têm credibilidade e o público e as marcas vão até eles. Ainda assim, por serem extremamente talentosos, cantam, compõem, apresentam, divulgam, empreendem e empregam. Mais do que isso, artistas assim carregam uma tribo juntos de si. É assim que funciona.