E se o funk ficar pop? E se a galera do morro injetar uma dose de sofisticação à sua criatividade duvidosa. É, o ano não poderia acabar sem essa essa surpresa.
Com dez anos de carreira, Valesca Popozuda nunca conseguiu espaço de verdade na grande mídia por fazer um som, digamos, mais proibido, para maiores, essas coisas… sem versões limpas. Mas de “grão em grão”, ela foi longe e conseguiu uma estabilidade no meio de deixar qualquer mulher fruta exalando recalque.
De repente, Valesca sacou que há um mercado muito além do undergound a ser conquistado. Vamos à luta. Ela entendeu que para ter uma próprio ônibus de turnê e tocar na novela para alcançar as camadas mais populares do Brasil precisaria se transformar numa estrela pop – e isso não significa se amarrar ao argumento de que o funk é o estilo musical mais popular no YouTube no Brasil e esse é o caminho. Surpreendentemente, ela está fazendo isso bem feito.
“Beijinho No Ombro” ainda não está nas mais pedidas das rádios populares e também não virou trilha de comercial de supermercado, mas acreditem: Valesca entrou num trilho que tem muita gente que chegou antes e está à sua frente. Gaby Amarantos, Naldo e Anitta são alguns exemplos do recente fenômeno. Além da letra extremamente irreverente e restritamente vergonhosa, o batidão inocente tem um apelo radiofônico que com um bom investimento pode sair fácil dos programetes de funk e circular pela programação de qualquer rádio popular.
A carta na manga é o clipe para “Beijinho no Ombro”. Valesca não está no VEVO – porque não quer ou faltou oportunidade, afinal a plataforma tem abraçado artistas independentes -, mas seria interessante a favor da tal sofisticação. O vídeo, lançado na manhã deste sábado (28), foi gravado num castelo no interior do Rio de Janeiro e tem todos os requisitos para ser o último viral de 2013. No apagar das luzes do ano, enterramos a sigla MC que passou a simbolizar o amadorismo musical.