A indústria da música não pode mais ser acusada de não tentar. Beyoncé lançou “BEYONCÉ” de surpresa. Björk trouxe ciência ao “Biophilia”, lançado através de um aplicativo de celular. Justin Bieber tentou viver de singles com o #MusicMonday. Lady Gaga utilizou o iTunes Festival e o Vevo para lançar “ARTPOP” de forma teatral antes do disco ser vendido ao público, estratégia que lembra a forma como filmes são lançados (exibição teatral antes da distribuição comercial). E apesar de ter sido Taylor Swift e suas clássicas estratégias de marketing que venderam de verdade, alguns especialistas já apontam o “1989” como o último disco a vender um milhão de cópias em sua primeira semana. O último disco de todos os tempos, veja bem.
A água segue mole e a pedra segue dura. Bate, bate, e nunca fura. Vendas no iTunes caem e os aplicativos de streaming crescem, mas até o líder Spotify só tem 15 milhões de usuários pagantes. Pagando 10 dólares, são 150 milhões que não sustentariam nem duas divas do pop. E talvez por isso, Taylor Swift, do trono, pensa que nada deveria mudar. É difícil argumentar contra um serviço pago quando todo mundo sabe que o catálogo inteiro de um artista está a um Google de distância, ou no YouTube, sem necessidade de download. Com vendas em declínio e grandes nomes da música tendo que engolir “flops” que na realidade são reflexo do estado de uma indústria inteira, até quando vamos continuar focando neste modelo do século passado?
Drake abriu as portas do Soundcloud para o hip hop, e hoje o gênero já segue a mesma linha da música eletrônica: música é para fazer sucesso. O dinheiro está nos shows. O remix de Drake para “Tuesday”, do I Love Makonnen, é o grande exemplo desta virada para os rappers americanos, que praticamente voltaram aos tempos de mixtape. Se criar música já é arriscado, o negócio fica ainda mais maluco quando se distribui o material novo completamente de graça. Mas funciona, pelo menos pro rap e pra EDM, por enquanto. É um sistema que não poderia ser mais inverso ao argumento defendido por Taylor Swift. Música, se um dia foi quadro, hoje é pôster.
Os artistas seguem se arriscando, tentando surpreender o público e tentando provar que podem ser lucrativos pras suas respectivas gravadoras. Não há fórmula de sucesso e a prova da confusão está nos rankings. Em 2014, a turnê mais lucrativa foi do OneDirection, o disco mais bem vendido foi da Taylor Swift, a música com melhor vendas foi de Pharell, o artista mais tocado no Spotify foi Ed Sheeran, o clipe mais assistido no YouTube foi da Katy Perry, e por aí vai. A fórmula de sucesso para o século XXI ainda não foi definida, e talvez a gente ainda precise dos oitenta e cinco anos que faltam pra chegar numa conclusão. O importante é entender que o download ilegal nunca foi e nunca será o melhor caminho, pois enriquece aqueles que tomam conta dos sites de compartilhamento de arquivos, não os artistas que nós amamos e seguimos.