Se o carnaval de Salvador tem pai, as respostas podem ser variadas… o criador do trio, do axé, da guitarra baiana, mas se ele tem filhos certamente um deles é Preta Gil.
Assumindo neste ano o tradicional camarote do circuito Barra/Ondina, o Expresso 2222, Preta vai trazer a diversidade e a surpresa na Blacktape – uma boate que servirá como after party da folia soteropolitana e que oferece espaço principalmente para o público LGBT.
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Já em Salvador e antes de abrir as portas do camarote e da boate, em conversa com o POPline, Preta Gil contou detalhes do seu carnaval, falou sobre Pabllo Vittar (também convidado do evento) e adiantou: “vai ter festa sim, vai ter gay sim, vai ter afeminada sim, vai ter close sim, vai ter bateção de cabelo sim”. “A gente conseguiu aqui, na Blacktape, deixar com a minha cara, com a cara do meu público e com a cara de Salvador. É um lugar histórico e nós estamos aqui agora representando esse novo mundo, essa nova visão de mundo, as pessoas precisam ter o coração e os olhos abertos para o novo, o diferente. A gente clama por respeito.
Ao comandar o camarote Expresso 2222, Preta fez questão de manter a equipe que mantém a atração há 20 anos. “Trouxe apenas algumas novidades, uma banda Mistureba, que tem um som muito a ver comigo. Tem a Ju De Paulla que tem um estilo de tocar a cara do Expresso. Mas a novidade mesmo é a Blacktape, que acho que o público LGBT merecia. Essa galera acabava indo para outros camarotes que supostamente com predominância hétero e acabam ficando agrupados em ‘guetinhos’. Mas aqui não. O espaço foi pensado para eles e para pessoas que respeitam a diversidade, o amor, o próximo”, disse. A ideia surgiu de depoimentos de amigos da Preta que se queixavam que não tinham para onde ir após a folia ou que escolhiam outro evento em que não se sentiam tão bem por não haver essa abertura.
Foto: Felipe Panfili
Sobre a Pabllo, que também comanda um trio elétrico este ano na cidade, Preta só tem elogios a fazer e ressalta a importância de ter uma artista como a Pabllo no Carnaval. “A participação dela é fundamental. Ela é uma artista muito singular que traz uma representatividade de toda uma geração de artistas muito talentosos, independente de eles serem trans, drags, héteros. A gente tem que enxergar o talento que ela tem e aliado a esse talento tem essa causa, essa luta, uma resistência e que é importante termos ela nessa luta. Sou apaixonada por ela, temos uma amizade muito intensa. Eu quis ela comigo no Rio, aqui em Salvador, justamente por esse amor e carinho mútuo. Temos essa relação pessoal e que foi pro profissional. Acho incrível que ela tenha o trio dela, Sobre o trio, ela está preparadíssima e ela vai receber outras artistas talentosas da geração dela como Aretuza [Lovi], Gloria [Groove], que são artistas brilhantes, As Bahias [e a Cozinha Mineira], o Diplo, que está eufórico, Matheus [Carrilho]… acho que Salvador já abraçou a Pabllo com muito carinho e quem não conhece vai se apaixonar”.
“E tem espaço para todo mundo. O Carnaval é a festa da alegria, a festa de celebrarmos a vida e celebrar a diversidade. Podemos ter um cantor de pagode junto com um dos maiores DJs eletrônicos, com uma banda de forró com uma cantora de funk, uma de pop… e dá certo. Salvador sempre foi muito aberta pra tudo isso e não é atoa que é essa potência de força no Carnaval”, disse ao POPline.