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Entrevista: Nizan Guanes e Mariana Aydar contam os bastidores da canção ‘Quadrado Vivo’

Nizan Guanes e Mariana Aydar contam os bastidores da canção 'Quadrado Vivo'. Foto: Divulgação

Os versos que soam como uma prece, sob o ritmo do forró, unem a necessidade da preservação ambiental, sobretudo em Trancoso, com a valorização das raízes brasileiras: esse clamor é traduzido em “Quadrado Vivo”. A obra musical escrita por Nizan Guanaes, publicitário e CEO da N Ideias, ganhou vida nas vozes das cantoras Mariana Aydar e Elba Ramalho. O forró que foi produzido por Duani, com a potência da sanfona de Cosme Viera e a leveza da flauta de Fábio Luna, está disponível em todas as plataformas digitais.

Mariana, Elba e Nizan não estão juntos no projeto à toa, os três possuem uma forte ligação com o Trancoso e a comunidade, e entoam em “Quadrado Vivo” um chamado que une pessoas diversas com um objetivo em comum.

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Diante disso, para compreender os bastidores dessa parceria e as nuances da obra musical, o POPline.Biz é Mundo da Música, entrevistou Nizan Guanaes e Mariana Aydar, que refletiram sobre como essa música os impactou e o consumo cultural na atualidade, sob a ótica do reconhecimento das essências brasileiras.

Em um paralelo analítico sobre a canção, Nizan destaca a importância de manter a sua característica pessoal, mesmo quando há influências externas.

“Todo réveillon Trancoso recebe gente de alto poder aquisitivo de todo Brasil, isso é ótimo pra economia local, pra gerar emprego e renda. Mas, Trancoso só é Trancoso por causa de sua história, daquele Quadrado Jesuíta, daquela Igreja secular…Trancoso tem uma cultura que tem ser respeitada. A Bahia é a Bahia porque, você chega em Salvador, e entra na vibe da cidade. E é isso que a letra diz quando fala ‘protegei a bandeira da Bahia e do Brasil’. Quem manda em Trancoso, é Trancoso. A coisa mais maravilhosa de Trancoso é o povo de lá, ele faz parte das riquezas naturais.”, destaca Guanaes.

Nizan Guanaes, compositor de “Quadrado Vivo”. Foto: Divulgação

O CEO da N Ideias, continua: “o capitalismo, a iniciativa privada produz coisas maravilhosas, mas se você não der limite a ele, o mercado imobiliário faz o que fez no Guarujá ou em Búzios, e vai embora. Os grandes paraísos turísticos do mundo são lugares que souberam dar limite a voracidade do dinheiro.”

A cantora e compositora Mariana Aydar, compartilha do mesmo sentimento descrito por Nizan: a preservação da natureza e da cultura local são uma das principais urgências para Trancoso. E não apenas esse local, mas, “em outros Trancosos” que existem no Brasil.

“Eu fiquei muito feliz quando recebi essa música linda, essa composição do Nizan Guanaes, que é um grande compositor e pouca gente sabe desse talento dele! Eu achei uma música muito necessária nesse momento que Trancoso e vários outros paraísos naturais estão vivendo, essa transformação quando as pessoas vão chegando e destruindo tanto a natureza quanto a cultura local“, diz Mariana.

Mariana Aydar, cantora e compositora. Foto: Divulgação

A artista ainda destaca a experiência de cantar ao lado de Elba Ramalho e da canção ser sob o ritmo do forró.

“Eu tô aqui em Trancoso já há muito tempo, venho desde os meus quinze anos e consegui ver toda essa transformação. Por exemplo, Trancoso que era uma terra que tinha muito forró, hoje o forró virou uma espécie em extinção. Achei muito importante essa música também ser esse forró. Elba é uma entidade de Trancoso, ela é praticamente uma nativa e seria muito estranho cantar essa música sem ela, porque ela é esse porta estandarte do forró, da cultura local, ela ajuda muitas pessoas em Trancoso e uma mulher muito forte, muito guerreira. Fiquei muito feliz de cantar essa música com ela.”

Quadrado sempre Vivo e cada vez mais algorítmico 

Diante das mudanças relatadas em relação a Trancoso e a cultura local, o paralelo para o mercado da música é o mesmo, já que as transformações foram profundas e permanecem constantes, atualmente, sob a lógica coordenada pela influência dos algoritmos.

Analisando essas estruturas, Mariana acredita que “gera saldos positivos e negativos, como qualquer coisa”.

“A produção da música hoje, eu vejo como algo muito bom, acho que a gente tá muito mais democrático. Você pode colocar uma música na internet, você não precisa de uma gravadora, você distribuir de outras maneiras. Mas algo nos dois que eu acho que a gente tem que cuidar muito é da essência, da nossa verdade, tanto do que a gente faz, quanto da essência de um lugar! Não ir pela moda, não estar em um lugar somente pela moda, não colocar uma música porque vai ser sucesso. Procurarmos o que inspira, qual é o nosso propósito.”

A artista completa: “Falando de Trancoso. Eu amo esse lugar. Sempre que eu cheguei aqui, foi um lugar que me recebeu de braços abertos. O que eu senti, essa conexão com a natureza, os nativos que moram aqui sempre me receberam de braços abertos. E falando do meu som, eu sempre fiz forró, por mais que seja um gênero muito difícil que existe muito preconceito é a minha verdade, é isso a minha essência é o forró pé de serra e é isso que me inspira, é isso que eu amo, assim como esse pedacinho da Bahia, Trancoso e Caraíva. Como diz a Elba no final da música ‘o amor é a proteção’. Eu acho que quando a gente ama o lugar, naturalmente a gente vai ajudar a preservá-lo.”

Nizan traz a sua experiência como publicitário sobre os algoritmos, nos quais, sob a sua percepção, fazem parte da sua rotina, mas, sobretudo, o importante é entender a alma de quem o artista ou o compositor deseja se comunicar.

“Minha vida como publicitário foi lidar com algoritmos. Algoritmos de Ibope, de Nilsen. Hoje elas são mais sofisticadas, mas minha vida é lidar com isso. Taylor Swift ficou 7 semanas consecutivas no número 1 da parada americana porque ela entende a alma americana. E a propaganda não é só a alma do negócio, mas é o negócio da alma”, diz Nizan.

Por fim, apesar de possuir 35 obras musicais cadastradas no banco de dados do Ecad, Nizan não possui pretensões com o seu lado compositor, mas, desejar fazer com que essa música seja um instrumento de preservação para Trancoso.

“Eu sou um amador! Meu hobby é a música. Eu trabalho muito, mas como homem de criação eu gosto de compor, de escrever, sem nenhuma outra pretensão a não ser alimentar minha alma. E minha alma é muito baiana, a Bahia me cura.”, finaliza.

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