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Nego do Borel anuncia que tem grandes planos para combater o racismo

“O novembro é preto, mas precisamos fazer disso mais do que um calendário sentimental”, disse Nego em entrevista.

Foto: Marcio Farias

Nego do Borel está engajado na causa para combater o racismo. O mês, por sinal, é muito propício para isso. Esse é o mês da Consciência Negra, decorrente do feriado do dia 20 de novembro, que relembra a morte de Zumbi dos Palmares e toda a luta do movimento negro por respeito e igualdade.

Eu vejo o dia da Consciência Negra, como um dia a mais para reflexão. Para pensarmos e nos perguntarmos por que consciência negra? A discriminação contra negros e negras é sim uma realidade, e bem cruel, no país, e precisa (deve) ser combatida. Então Consciência Negra, pela consciência que existe um lugar de fala que deve ser respeitado. Acho isso muito importante, mas mesmo reconhecendo toda a relevância desse dia que nos traz a memória Zumbi dos Palmares, que é um herói nacional e o único da história brasileira construído pelo povo, de baixo para cima. Um herói não só dos negros, mas da pátria“, explicou ele.

Já iniciando as ações, Nego do Borel fez uma Sessão de Fotos assinada por Marcio Farias que representa sua força como um homem preto.

Nego do Borel Sem Camisa
Foto: Marcio Farias

O Novembro é preto

Com mais de 12 milhões de seguidores, ele sempre faz ações sociais. Agora, ele abraça uma causa na qual vive em vários sentidos.

O novembro é preto, mas precisamos fazer disso mais do que um calendário sentimental em que tentamos limpar nossos traumas raciais envolvendo branco e negros, um como vítima e o outro, inseparável dos privilégios que tem, como patrocinador do racismo. Nós, como pessoas pretas, sofremos isso o ano todo, lutando contra a negação da violência, e aumentando cada dia mais as tristes estatísticas do desemprego, a pobreza e o genocídio, que atingem muito mais nós negros“, refletiu ele.

Nego do Borel cantor bonito
Foto: Marcio Farias

Luta contínua

Nego do Borel acredita que a data não é só comemorativa e nem está feliz o quanto deveria. Mas tem motivo: “E quando digo que não sei se estou tão feliz quanto deveria com a data é justamente por isso. Por essa impressão, que hoje com mais conhecimento eu tenho, de que no mês de novembro as pessoas estão mais solidárias à nossa luta por respeito, como se o racismo não estivesse presente em todo os outros meses“, soltou ele.

Nego do Borel combate racismo
Foto: Marcio Farias

Sei que essa é também uma questão de conhecimento. Eu, por exemplo, mesmo sendo preto tive que buscar, e ainda venho buscando, pesquisar e estudar muito para entender cada vez mais a nossa causa e assim poder de fato somar na luta por ela. E por isso, acho que precisamos levantar mais discussões sobre esse assunto, e não se limitar só ao novembro “preto”, mês da consciência negra, ou a casos que repercutiram muito como o de George Floyd, ou do menino João Pedro, aqui no Brasil. É uma coisa muito necessária e importante“, continua.

Nego do Borel ensaio de fotos
Foto: Marcio Farias

Levantando sua Voz

Para Nego Do Borel, o combate contra o racismo é uma questão que deve ser permanente. “Precisamos parar de ver casos como esses, como um caso. É mais um caso no meio de muitos que acontecem todos os dias com nós pessoas pretas, que não são vistos pela sociedade. Me sinto aliviado por ver meus irmãos de cor finalmente reagindo, mas ainda é pouco. Nós temos feridas que carregamos por muitos anos sozinhos, precisamos cada vez mais levantar nossa voz. Também fico feliz em ver outras pessoas somando ao nosso movimento, ao mesmo tempo que fico muito preocupado sobre o tempo que isso vai durar“.

Torço para que não seja só uma semana, duas, um mês, ou só um movimento da internet, ou simplesmente por conta do feriado. Ajudar na nossa luta, não quer dizer que as pessoas tenham que se tornar militantes, mas se puderem ao menos continuar dando voz às nossas dores, talvez a gente tenha uma chance a mais de conseguir mudar um pouco que seja nessa história. Eu não sei se isso seria possível hoje já. Temos algumas feridas na nossa história e na nossa cultura que ainda precisam de um certo tempo para serem entendidas, e transformadas. Mas tenho muita esperança de que isso seja uma realidade num futuro em que os meus filhos vão viver. Eu ficaria muito feliz em ver eles vivendo um mundo tendo o privilégio de saber que nenhuma dificuldade que vão passar na vida, tenham a ver com a cor da sua pele“, completa.