O cantor Rashid chega ao sétimo trabalho solo de sua carreira com o álbum Tão Real e investe em um formato estratégico de lançamento.
A exemplo do que fez anteriormente em CRISE (2018), o músico apresenta o disco novo através de um modelo diferenciado; desta vez, a aposta é lançar por temporadas, como uma série, na qual dividirá o álbum em três partes.
Ainda que a estratégia de lançamento chame atenção, Rashid busca com Tão Real algo além dos números e da influência digital, como valorizar o sentido da arte legítima, criada a partir de um lugar subjetivo e não apenas para cumprir com as tendências, como explicado nas falas iniciais do primeiro trailer.
Desafiando a validade rápida que os produtos culturais têm hoje em dia, lançar este álbum por temporadas propõe um relacionamento mais duradouro entre o público e a obra, uma vivência renovada de consumo na qual a música é mais palpável, com som, imagem e tecnologia.
Com muito material para lançar nos próximos meses, Rashid vai testando suas ideias na prática enquanto desvenda como prolongar a vida útil e a relevância dos algoritmos.
Para este novo, Rashid compila as melhores características reveladas em seus discos passados, como a profundidade na rima de Confundindo Sábios, a arquitetura instrumental de A Coragem da Luz e seu papel de produtor musical e executivo, cada vez mais em evidência desde CRISE.
Em Tão Real, escreveu sobre temas abrangentes como é seu costume, observações do cotidiano, reflexões sobre o rap, a negritude, vivências pessoais e também questões impessoais a que todos estamos sujeitos, como ele mesmo sugere quando fala “Mas a minha vida é igual a sua”, na introdução da faixa-título. É neste impessoal que Rashid tenta não definir este trabalho em conceitos.
Uma certa espontaneidade na construção do disco é apresentada na primeira temporada, quando ele se mostra à vontade tanto para explorar as raízes quanto desprender-se delas, à procura de um diálogo comum com estilos variados da música negra através da oralidade do rap.
Exemplos disso são as participações de Dada Yute e Lellê em “Todo Dia” e “Superpoder”, respectivamente, nas quais o rapper apresenta flow e lírica para compor desde um reggae até uma harmoniosa balada
Em “Não Pode”, rende-se a um modernoso trap ao lado de Luccas Carlos, com quem divide o sucesso da música “Bilhete 2.0”, lançada em 2017. Na abertura, “Conceito (de rua)”, elementos como os riscos, colagens e adlibs se combinam para compor um boom bap estilo east coast capaz de agradar os mais distintos gostos; já a faixa-título, “Tão Real”, e “A Busca”, somam ao repertório as particularidades de Rashid, como o vocabulário poético, a variedade nos beats e as melodias fortes, inspiradas pelo neo soul e R&B, devidamente acompanhadas por arranjos vocais e instrumentais marcantes.
As horas de estúdio, estudo e composição registradas em vídeo dão origem ao documentário Tão Real, que assim como o disco, vai se desenvolvendo por partes.
Com a chegada da primeira temporada do álbum, o rapper libera também os dois primeiros episódios do documentário, produzido e dirigido por Moysah (Free Birdz), que já trabalhou com Rashid no clipe “Sem Sorte”.
No site, os fãs ainda podem interagir comentando sobre o que acharam da série “Tão Real”:
Acompanhe: www.taoreal.com.br
Tracklist: Tão Real – Primeira Temporada
- “Conceito (de rua)” – produção Renan Samam, scratches DJ Mista Brown
- “Não Pode” – participação Luccas Carlos – produção Skeeter
- “Todo Dia” – participação Dada Yute – produção Skeeter
- “A Busca” – produção Rashid
- “Tão Real” – produção DJ Duh, scratches DJ Mista Brown
- “Superpoder” – participação Lellê – produção DJ Duh