A lista de indicados ao Grammy 2019 continua dando o que falar. O site da revista Billboard publicou uma matéria defendendo a percepção de que a música pop passa por uma crise de identidade – e que o Grammy é sintomático disso. Mesmo expandindo o número de indicados de cinco para oito nas principais categorias – melhor álbum, música do ano, gravação do ano e artista revelação – o Grammy deixou de fora artistas como Taylor Swift, Ariana Grande, Camila Cabello, The Carters, Sam Smith e P!nk. Não há muito tempo atrás artistas como Adele, Bruno Mars, Ed Sheeran e a própria Taylor dominavam essas categorias.
“O grande pop foi deixado de fora do Grammy 2019. As principais categorias dividiram-se em nomeados do tipo cantores-compositores mais orientados ao público adulto, como Kacey Musgraves, Brandi Carlile e Janelle Monáe, o pop da NPR, e astros de rap certificados como Drake, Cardi B e Kendrick Lamar. Até mesmo Lady Gaga, o nome pop mais reconhecido nessas quatro categorias principais, é representada por ‘Shallow’, um dueto de balada rock-country com Bradley Cooper do filme ‘Nasce uma Estrela’, que tem pouca semelhança com o pop dançante com o qual Gaga inicialmente governou as rádios”, diz a Billboard.
O veículo destaca que até mesmo a categoria Melhor Performance Pop Solo está esquisita. Antes destinada a grandes sucessos, desta vez foi composta por músicas que não bombaram na parada americana – como “Colors” do Beck (um rock alternativo), “Joanne” da Lady Gaga (uma balada de dois anos ignorada nas paradas) e uma versão ao vivo de “Havana” da Camila Cabello (que, em outros tempos, nem seria elegível). A indicada mais previsível da categoria é Ariana Grande com “God Is a Woman”. Post Malone realmente fez sucesso com “Better Now”, mas… ele não é um rapper?
“Esse tipo de crise de identidade do pop pode sera mais recente consequência da ascensão do hip-hop”, aponta a Billboard, “o gênero continua a consumir uma fatia maior do bolo – as músicas de hip-hop representaram sete faixas principais na lista das mais ouvidas do Spotify em 2018 e reinaram por um recorde de 34 semanas na Billboard Hot 100. (…) Talvez seja a vez do pop ser espremido. Ou talvez os ouvintes devam começar a recalibrar a definição de pop. Como gênero, o pop nunca foi um conceito estático. Mudou de era para era, dependendo do que presidia no centro do mainstream. O domínio das divas e de estrelas no Top 40 das rádios na maior parte do século XXI significa que ainda pensamos nesses artistas quando ouvimos o termo ‘pop’. Mas esse não era o caso quando o rock ou country era o gênero mais comercial – e não será o caso para sempre, dada a tendência do rap nas paradas e nos streams, e agora até mesmo no Grammy. ‘Better Now’ do Post Malone está comunicando: o hip-hop é pop agora, com indícios evidentes no rap melódico de Drake, nos refrões titânicos de Cardi B e no envolvimento de Lamar com um filme blockbuster de bilheteria. Afinal, por definição, ‘pop’ ainda significa apenas ‘popular'”.