Falar sobre Beyoncé, clipes e YouTube é um tema muito delicado e que atiça a curiosidade de toda a fanbase. Em levantamento inédito, POPline apresenta a constatação de que a cantora deixou de priorizar a plataforma de vídeos – e isso já faz bastante tempo. Acompanhe a linha do tempo!
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“Single Ladies”, de 2008, ajudou a popularizar o YouTube e se tornou um dos primeiros grandes virais da era digital. Entretanto, poucos anos depois, no final de 2013, para seu álbum visual homônimo, Bey fez o lançamento (de surpresa) exclusivamente no iTunes. Um grande marco. Meses depois, os clipes chegaram, aos poucos, no YouTube.
Para o “Lemonade”, em 2016, uma parceria com a HBO levou seu segundo álbum visual com exclusividade para os assinantes do canal. Mais uma vez, clipes dessa era chegaram depois no YouTube.
Em parceria com a Disney, os visuais da trilha sonora de “O Rei Leão” e o filme musical “Black Is King”, de 2019 e 2020, chegaram ao YouTube somente depois de terem sido promovidos integralmente no Disney+.
Não podemos esquecer do registro do seu show no Coachella, que foi negociado e distribuído com exclusividade para Netflix. Longe do YouTube também está o registro da “Renaissance World Tour”, que foi exibido nos cinemas de todo o mundo no final do ano passado.
Um olhar atento para os passos de Beyoncé quando se trata da distribuição dos seus visuais ajuda a gente a entender a importância de artistas disruptivos para nossa geração. Assim como Michael Jackson mudou a história dos videoclipes em 1984 com “Thriller”, Beyoncé escolheu não ficar nas mãos do algoritmo de uma única plataforma. E mesmo com popularidade global e um canal com mais de 26 milhões de inscritos, ela soube buscar novas possibilidades e não depender unicamente da dinâmica de uma bigtech para ecoar sua arte.
Beyoncé entendeu que faz mais sentido negociar seus visuais com várias plataformas, assim fatura com produção e distribuição, ou seja, consegue orçamentos mais interessantes do que uma gravadora pode oferecer.
Levando em consideração que o YouTube só paga de acordo com o alcance do clipe, Beyoncé usa seu canal para distribuir apenas conteúdos promocionais como lyricvideos, teasers e BTS. Nada além disso.
YouTube está deixando de ‘entregar’ os videoclipes? Entenda!
Em 2024, a polêmica sobre o futuro dos videoclipes na era digital vem ganhando mais força. O assunto volta à tona diante do questionamento sobre a taxa percentual da entrega dos conteúdos produzidos, sobretudo no YouTube, para os inscritos em um canal de um artista. Usuários relatam que, nos últimos anos, a performance orgânica de um clipe possuía resultados maiores do que os notados atualmente.
Analisando um recorte da história da música, em 1984, Michael Jackson revolucionava a história dos videoclipes para sempre. Com o cinematográfico “Thriller”, o Rei do Pop impactou o mundo, ganhou prêmios e entrou pra história. Desde então, investir em videoclipes tornou-se essencial e uma das principais ferramentas de divulgação de uma música, sobretudo no cenário musical Pop.
Na década de 1990 e início dos anos 2000s, as MTVs pelo mundo e os VHS/DVD eram responsáveis pela distribuição e promoção de uma música. Pela TV, os clipes se tornaram um dos pontos mais assertivos para conexão dos ídolos com os fãs de qualquer parte do mundo. Com a democratização da internet e a chegada da banda larga, o YouTube começa a ganhar protagonismo e, em pouco tempo, se torna “a casa dos clipes”.
Por volta de 2008, após ser comprado pelo Google, o YouTube firmou uma parceria inédita com grandes gravadoras, como Sony Music e Universal Music, para criação da plataforma VEVO. O clipe deixa de ser conteúdo promocional e passa a ser fonte de receita para todo um ecossistema.
Quando os usuários assistem uma propaganda antes do clipe, àquela marca envolvida é também responsável pela cadeia de remuneração que envolve: o YouTube, o proprietário do canal, o fonograma (música gravada) – e todos os agentes envolvidos, sobretudo a gravadora – e a obra musical (os compositores) – ao lado de todos os responsáveis envolvidos, como a editora musical, por exemplo. Por fim, por o YouTube ser um espaço de frequência coletiva, há também a arrecadação de direitos autorais de execução pública, sob a responsabilidade do Ecad.
No cenário pós-pandemia, com as mudanças no formato de consumo e diversificação de plataformas, artistas do cenário Pop passaram a investir em clipes mais econômicos como visualizers, lyric vídeos, além de formatos mais curtos. Em paralelo, no YouTube, vídeos longos, como podcasts e tutoriais, ganharam destaque ao mesmo tempo que a popularidade do Shorts na plataforma cresceu.
Em tempo, no mês de março, o Spotify lançou videoclipes em versão Beta, para usuários premium, em 11 mercados selecionados: Brasil, Reino Unido, Alemanha, Itália, Holanda, Polônia, Suécia, Colômbia, Filipinas, Indonésia e Quênia. Para conferir o novo recurso, basta acessar os dispositivos iOS, Android, desktop ou TV e selecionar o botão “Mudar para vídeo” para obter faixas de música compatíveis.
O novo recurso é uma tentativa direta do Spotify para competir com o YouTube pelo posto de “casa dos clipes”. Com a ferramenta em fase de testes, e disponível apenas para assinantes, a indústria musical especula se a taxa percentual de entrega orgânica, em comparação com o YouTube, será maior. Além disso, qual o impacto terá na receita dos artistas e qual o futuro dos videoclipes na era digital.