Não é de hoje que tentam relacionar o Funk com o crime organizado só por conta do gênero falar abertamente sobre uma realidade que, infelizmente, ainda é comum em áreas periféricas. No entanto, o Ministério Público arquivou um processo de investigação contra MC Maneirinho e MC Cabelinho por conta da música “Migué“, o que representa um grande passo para toda a história do gênero musical.
Acusados de fazer apologia ao crime em suas músicas, Mc Maneirinho e MC Cabelinho foram intimados em outubro de 2020 e prestaram todos os depoimentos necessários à Justiça. A decisão do arquivamento foi tomada pela juíza Maria Tereza Donatti, após parecer da promotora Renata Silvares França Fadel.
“Tô feliz que esse processo foi arquivado. Tem uma diferença enorme entre quem comete crime e quem fala de um fato. As coisas estão aí, acontecendo e elas são interpretadas de diversas maneiras. Às vezes num filme, numa novela, numa série e numa música também”, declarou MC Maneirinho após saber a notícia do arquivamento.
“E nada mais justo que, quem viveu, viu de perto e já teve familiares vítimas dessa guerra, ter a liberdade de contar um pouco dessa história. Relatar um fato não é apologia”, completou.
O advogado de Maneirinho, Paulo Joiozo, disse que a canção só tem a intenção de mostrar um pouco do que acontece nas favelas brasileiras. “A música somente teve a intenção de mostrar a realidade das favelas no Brasil e que a letra não faz menção a nenhum fato criminoso e se restringe a narrar uma situação hipotética e indeterminada”, declarou.
“A gente aqui é MC de funk. E o funk nos permite essa liberdade, é nosso, é do gueto. Não tem como a gente falar que a garota de Ipanema é linda e cheia de graça se a gente não nasceu em Ipanema. A gente nasceu lá em cima. Só quem já viveu lá em cima sabe a realidade do nosso dia a dia”, destacou MC Maneirinho.