“Warrior” é o segundo álbum completo da Ke$ha, sem contar com o EP “Cannibal” de 2010, e não poderia ser uma sequência mais clara de seu álbum de estréia, “Animal”. Em outras palavras: é mais, muito mais, do mesmo.
Ke$ha continua falando de glitter, de festas, e da identidade de sua (nossa?) geração. “Mais do mesmo”, portanto, não carrega sempre uma conotação ruim. “Warrior”, faixa-título do álbum, abre o CD carregando a identidade de Geração Y – os nascidos entre 1980 e 2000 – e deixando claro que este será um álbum de continuidade a tudo o que já foi feito. Não há grandes diferenças entre os três trabalhos lançados da cantora, tirando detalhes e colaborações. A “culpa” também é dos produtores, que são os mesmos: Dr Luke, Benny Blanco, Cirkut, Max Martin, etc e tal.
Conceitualmente, no álbum “Animal” (2010), Ke$ha prometeu ser o ‘animal selvagem’ da indústria. Apostou em coragem, maluquice e rebeldia, nos aspectos que a conectava com os jovens. “Tik Tok”, “Blah Blah Blah”, “Hungover” e “Party At A Rich Dude’s House” representaram o álbum e a mensagem muito bem. Um ano depois, em “Cannibal” (2010), trouxe outra forte mensagem. No mundo dos negócios, ‘canibalismo de mercado’ é quando um produto novo engole outro produto da mesma empresa. Este EP, portanto, veio com o intuito de explodir e engolir o sucesso de “Animal”. O plano não funcionou, já que o único single que realmente emplacou foi “We R Who We R” e Ke$ha continuou como a cantora de “Tik Tok” para a maioria das pessoas. “Warrior” também carrega expectativas, pois a cantora a partir de agora realmente passa a assumir a posição de ‘guerreira’ no mundo do pop – lutando por espaço a cada lançamento.
Aspectos indiscutíveis: 1) a Ke$ha é excelente em composição, pois não é todo mundo que consegue rimar “saber tooth tiger” (sabre de dente de tigre) com “warm Budweiser” (cerveja Budweiser quente); 2) a nota nem precisa ser tão alta, mas é só crescer um pouquinho que a gente já escuta uma voz toda trabalhada pela edição; 3) ela não está preocupada com “gente chata” que não curte sair para festas.
Faixa Salva-vidas: “C’Mon”
O segundo single do álbum, “C’Mon”, é o ponto alto do disco. Considerando que o grande sucesso da carreira da Ke$ha foi “Tik Tok”, “C’Mon” é a faixa mais próxima disso. Tem uma letra fácil, menos carregada do que as dela geralmente são, e ainda assim carrega identidade. A melodia soa como Ke$ha, e eu achei interessante perceber isso numa cantora que não se diferenciou tanto assim sonoramente. Acredito que fará muito mais sucesso a longo termo do que “Die Young”, o primeiro single do álbum que lutou ferozmente por espaço nas rádios e charts.
Faixa Afogamento: “Supernatural”
Eu já esperava que seria uma faixa ruim, mas chegou a me surpreender. A divulgação de “Supernatural” foi toda em torno de seu tema. De acordo com Ke$ha, a faixa é sobre uma “noite de sexo com um fantasma” – e ela jura que aconteceu mesmo. A música não explode em momento nenhum, tem uma letra extremamente fraca, uma melodia completamente farofa e formulada, e um tema que simplesmente não tem graça ou sentido. Sensacionalismo barato e extremamente desnecessário para uma cantora que visivelmente quer evoluir artisticamente. “Supernatural” afoga o álbum.
O mais importante a se considerar sobre “Warrior” é que a Ke$ha não tinha a necessidade de fazer um álbum profundo e sentimental – e não o fez. Não é um trabalho para mudar a indústria da música, para emocionar os críticos, para provar o talento vocal dela. O disco é quase cem por cento focado em diversão, alegria, dança e bebida. É um disco para escutar em momentos descontraídos e festivos. A faixa-conceito do álbum é com certeza “All That Matters (The Beautiful Life)”, onde ela diz que ‘tudo o que importa é a vida bela’. É isso que o álbum transparece: o lado feliz e divertido da vida dos jovens. Ke$ha decepcionou em evolução, mas garantiu uma sequência e continua divertindo os fãs ao lançar faixas que vão invadir os clubes durante o verão.
“Warrior”, da Ke$ha, é a minha praia.