Bruno Mars – goste você ou não – inundou o mundo pop de 2010 e 2011 com “Doo-Wops & Hooligans”, seu álbum de estreia. Foi um hit atrás do outro: desde a romântica “Just The Way You Are”, passando pela dramática “Grenade”, pela improvável “Lazy Song”, e fechando o ciclo com a chiclete “Marry You”. No Brasil, aliás, ainda emplacou “Talking To The Moon” (parte da trilha sonora da novela ‘Insensato Coração’, da Globo). Sem contar, claro, com as importantíssimas parcerias que o ascenderam no mercado: “Billionaire” (com Travie McCoy), “Nothin’ On You” (com B.o.B), e “Lighters” (com Bad Meets Evil).
As apostas eram altas para um segundo álbum, que por muitos é considerado o grande momento de qualquer artista pop. Bruno Mars, evidentemente, não apressou o processo e lançou “Unorthodox Jukebox” em Dezembro de 2012, dois anos depois do álbum de estreia, encabeçado pelo single “Locked Out Of Heaven”. Decisão acertada, já que esta faixa (seis semanas em primeiro lugar no Hot 100 da Billboard) definiu o tom do resto do disco. Há algo muito romântico, e ao mesmo tempo realista, que acontece neste novo CD do Bruno Mars, que recebe um nome apropriado. É uma mistura de batidas que soam como músicas antigas, mas letras extremamente atuais, que compõem um “tocador de música que foge do comum” para este nova década do pop. As faixas “Treasure” e “Natalie” são grandes representantes deste tema, por um momento soando como algo produzido pelo Mark Ronson. As semelhanças entre “Natalie” (Bruno Mars) e “Valerie” (Amy Winehouse + Mark Ronson) são fortes, por exemplo. E adivinhem? Mark Ronson *é mesmo* produtor de três músicas deste trabalho.
Dentre os outros produtores de “Unorthodox Jukebox”, Philip Lawrence e Ari Levine (que escrevem praticamente tudo que é do Bruno Mars), The Smeezingtons e Supa Dups (que produzem praticamente tudo dele) foram mantidos do “Doo-Woops & Hooligans”. Dentre as novidades: Benny Blanco (se liguem neste cara!), Diplo, Jeff Bhasker e Emile Haynie.
Faixa Salva-vidas: “Natalie”
Sei que já toquei no assunto anteriormente, mas pra mim esta é realmente a faixa mais forte do disco. Aliás, talvez a considere uma das melhores músicas da carreira do Bruno Mars. Apesar de ter encontrado muitas semelhanças com “Valerie”, ainda acredito que esta é uma versão ainda melhor do clássico de Amy Winehouse com Mark Ronson (que, curiosamente, não tem dedo algum em “Natalie”). A letra é forte, provocativa, e gira em torno da raiva que Bruno sente por uma menina, elementos que o forçam a fugir da linha de ‘bom moço’ que o tornou famoso.
Faixa Afogamento: “If I Knew”
É a música mais genérica de todo o “Unorthodox Jukebox”. A batida soa original para 2013, mas extremamente repetitiva e formulada para qualquer pessoa que já ouviu qualquer banda dos anos 1960. Qualquer banda, mesmo. Beatles, ou Beach Boys, ou *qualquer* coisa parecida: todos poderiam ter lançado algo como “If I Knew”. Todas estas bandas fizeram muito sucesso em seus tempos, mas a fórmula simplesmente não funciona para a geração que escuta o Bruno Mars. A música é lenta, puxada, e termina antes de acontecer qualquer coisa. Não foi uma boa escolha para fechar um álbum tão forte.
Não sei se este será um álbum de tantos hits para Bruno Mars, mas definitivamente o provou como artista relevante e de valor criativo. Se no primeiro álbum ele focou em espalhar o seu nome, “Unorthodox Jukebox” veio para arregalar olhos, balançar pés, e levar o pop para fora do mundo dos acompanhamentos de churrascaria.
“Unorthodox Jukebox”, do Bruno Mars, é minha praia.