Mc Dricka é uma das grandes vozes femininas do funk e conquistou ainda mais visibilidade ao ser projetada para o mercado internacional nas últimas semanas. A intérprete de “E Nós Tem Um Charme Que é Dahora” foi indicada ao BET Awards na categoria Novo Artista Internacional, sendo a única representante do gênero musical na premiação internacional. Na categoria, também disputam nomes como Bree Runaway (Reino Unido), Arlo Parks (Reino Unido), Bramsito (França), Elaine (Africa do Sul), Ronisia (França) e Tems (Nigéria).
Além da ilustre indicação, Dricka teve uma foto sua exibida em um telão na Times Square, em Nova Iorque, na última semana. “Me senti poderosa! Meu Deus! O que aconteceu? Não saia nem na capa do KiSuco, quando saiu foi sair na Times Square. O que é isso? Fiquei maravilhada”, disse empolgada, durante uma entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (21).
Durante o bate-papo com jornalistas, ela revelou que gostaria de fazer uma colaboração com a rapper norte-americana Cardi B e projetar a “batida real do funk” nos holofotes gringos. Dricka também comentou a representatividade que é uma mulher preta, periférica, lésbica e do funk exibir a cultura brasileira mundo afora.
Depois de cobrar uma postura do presidente Jair Bolsonaro em sua participação no podcast PodPah, ela se declarou de esquerda e disse que pretende estudar para se posicionar politicamente. A funkeira comentou que espera ser lembrada como alguém que batalhou e abriu portas no funk. Sobre o dualismo brasileiro, que exporta artistas do gênero para o mercado internacional, mas continua os perseguindo nas comunidades e criminalizando o movimento, a Mc comentou:
“A gente sofre um pouco de perseguição. Mas, ao mesmo tempo em que a gente sofre essa perseguição, outras pessoas pensam da seguinte forma: ‘eles conseguiram, podemos pensar melhor a respeito deles e a respeito do funk’, sabe? Eu vejo essa indicação como um primeiro passo de nós brasileiros conseguirmos quebrar esse preconceito das pessoas que escutam a Cardi B falando coisas um pouco piores do que as eu falo, mas não quer me escutar porque fala que é errado. Ela faz e é normal, só por ela ser gringa. De estarmos conseguindo ir lá pra fora, já mostra que somos todos iguais e que, se a gente se unir mais, ao invés de criticar o nosso próprio país. Eu garanto que todo mundo, financeiramente, vai subir. O Brasil é muito desunido nisso, da música”, disse Dricka, antes de comparar o mercado nacional com o dos Estados Unidos. De acordo com a funkeira, os norte-americanos, mesmo com suas diferenças, são musicalmente mais unidos.
Feats internacionais
“Quero levar a batida real do funk mesmo: mandelão, consciente, trap-funk (…) Não desmerecendo esse pessoal que vai para fora e consegue esses feats internacionais, mas é porque eles levam muito mais do pop, que é o que eles já têm. Muitas das vezes em que eu recebi elogios de lá de fora, é porque eu uso funk 100%. Estou pensando aí na Cardi B para a gente fazer um p*ta funk p*taria mesmo. Penso também nas minas tipo Nicki Minaj, tirar a Rihanna do aposento, porque ela aposentou e não me esperou”, brincou.
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Objetificação
“Eu em momento algum fico colocando as meninas como objeto sexual. A todo momento, eu falo de prazer de ambas as partes ou eu falo do prazer, de como a outra pessoa gostou porque a gente sabe fazer as coisas, vamos dizer assim. É isso que eu quero levar lá pra fora e gravar com a Cardi B e ser sucesso”.
Política
Questionada sobre se posicionar politicamente, Dricka respondeu que pretende, sim, falar sobre política, mas precisa estudar os últimos acontecimentos:
“Eu já me envolvia tempos atrás, fazia bastante ocupação e viajava quase o Brasil fazendo manifestações e etc. Como eu me afastei um pouco, eu estou procurando, agora, estudar um pouco mais e revisar umas coisas novas que eu não estou sabendo. E sim, quero me representar politicamente, me impor para as pessoas. Todo mundo quer saber para onde a gente torce. Eu sou da esquerda, não vou mentir. Vou me atualizar um pouco mais para poder me representar perante a internet. É uma coisa que as pessoas pedem bastante e eu me vejo com essa oportunidade de falar para as pessoas, que não adianta a gente só cantar e não passar uma visão legal de quem não está nesse mesmo ramo. Vou me politizar, sim, bastante”.
O BET Awards 2021 será exibido ao vivo pelo canal BET, através do serviço gratuito de streaming Pluto TV e também pela MTV, no dia 27 de junho, às 21h.