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Entrevista: MC Cabelinho detalha amadurecimento e parcerias com Gloria Groove e Ludmilla

Novo disco, “Little Love”, conquistou os fãs em poucas horas

Foto: 25birdman (Divulgação)

Um trecho de uma entrevista de MC Cabelinho para Marília Gabriela repercutiu nas redes sociais nos últimos meses. Falando de seus relacionamentos, o rapper mudou repentinamente a expressão ao admitir que suas relações, naquela época, duravam apenas dois dias. Esse parece ser o mote do álbum lançado nesta quarta-feira (20), chamado “Little Love“.

Foto: 25birdman (Divulgação)

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O projeto é recheado com lovesongs e reflexões sobre sexo e relacionamentos passageiros. Para isso, ele contou com um time de colaboradores acostumado com a temática: Gloria Groove, Ludmilla, Baco Exu do Blues, Delacruz e mais. Em entrevista ao POPline, MC Cabelinho explicou a diferença do novo álbum para o “Little Hair” (2021):

“Depois que o lancei Little Hair, eu tinha terminado o meu antigo relacionamento e comecei a ficar com outras minas. Estava solteiro, curtindo a vida, e pá. Então, acredito que várias dessas minas me inspiraram, foram experiências passadas.”

Com a produção acelerada das músicas sobre relacionamentos fugazes, surgiu a ideia de elaborar um álbum. “Tinha acabado de ficar solteiro e não queria me apegar a ninguém”, disse o rapper. “Só estava vivendo, mano. Eu não ficava vendo as minas todos os dias. Era coisa de se viu uma vez, curtir a noite e depois vai embora“, contou.

“O ‘Little Love’ é um disco para ficantes, não é um disco para um casal. [É sobre] Aqueles amores de fim de noite mesmo”.

Apesar do teor do novo disco, Cabelinho está em outra fase em relação a sua vida amorosa: “Agora eu estou em outra vibe, tô casadão, muito feliz com o amor da minha vida, minha preta“, disse ele sobre o seu relacionamento com a atriz Bella Campos. Ele dedicou a última faixa do disco, a ‘acústica’ “Minha Cura“, à amada. “Na real, fechei o álbum com voz e violão porque eu senti que faltava voz e violão e porque o que eu e a Isabela temos é algo leve e muito real“.

Bella Campos e MC Cabelinho (Foto: Instagram / @mccabelinho)

O “Little Love“, segundo ele, tem um fio condutor claro, destrinchando as suas relações. “Tem um caos no começo de tudo. O disco começa indo muito bem, depois ele vai se entristecendo. O nome da minha música para Bella, eu coloquei minha cura, porque foi quando tudo isso passou. Eu conheci ela e todo esse caos passou e ela me fez enxergar as coisas diferente…Ela me ensina muitas coisas“, declarou o cantor.

Embora o projeto caminhe entre subgêneros do rap, misturando elementos do trap com levadas de R&B e até beats com influências latinas, Cabelinho chama a atenção de seus fãs ao rimar em um beat de drill – produzido por Mello – para uma lovesong chamada “Fogo e Gasolina“, cuja a prévia já era um sucesso nas redes sociais do artista. Ele admite que não se sente totalmente confortável rimando neste tipo de batida:

“Eu acho o um pouco mais complicado rimar [em drill], mas, ali, como eu estava muito inspirado, com a cabeça muito voltada, acho que deu deu muito certo. Foi fácil de escrever. Eu falo isso porque eu tentei fazer uns drills antes e não tinha conseguido. Isso foi o primeiro que eu consegui”.

Cabelinho não descarta gravar mais músicas do estilo no futuro, mas não pretende lançar os gravados até então. O MC cria da PPG, Zona Sul do Rio, parecia confiante em relação ao novo álbum, mas tinha um receio: de que seus fãs mais novos estranhassem a proposta. “Estou mais maduro, mais consciente e até com medo dos meus fãs antigos estranharem um pouco, tá ligado?”, confessou.

“Eu não sei se meu público infantil entenderia muito esse disco. Eu tô preocupado com isso, mas também tô feliz porque o cara tá ali…Tô feliz porque eu sei que esse disco vai me levar para outros ares, tá ligado? Eu vou construir um público novo, tenho certeza disso. Tô muito feliz, cara, papo reto”.

Feat. Gloria Groove

Os fãs mais fiéis de MC Cabelinho não entenderam muito bem o que era o fenômeno pop Gloria Groove, uma das parcerias acertadas do “Little Love“, quando ele postou uma foto ao lado de Daniel Garcia (nome de batismo da drag queen). Alguns seguidores do trapper não sabiam que GG era, na verdade, um homem e começaram a interagir com o público de música pop nas redes sociais. A interação inesperada entre os dois universos culturais e musicais agradou o artista. “Eu achei genial porque eles ficaram curioso, está ligado?”, disse Cabelinho sobre a situação. “Eu acho que tanto eu quanto ela estamos furando uma bolha”, continuou.

“Acredito muito que o público LGBT vai abraçar esse disco. Eu me sinto muito feliz que o público LGBT me abraça. Ficou felizão… Eles comentando meus bagulho. Acho maneiro e esse feat. com a Gloria vai dar mais uma força a isso”.

O desenrolar da parceria com a Gloria foi tranquilo em um primeiro momento, quando a “Lady Leste” topou entrar no projeto trocando DMs com Cabelinho. “E daí foi muito difícil a gente achar um horário para gravar”, contou Little Hair. “Ela é muito enrolada, meu Deus”, disse aos risos. “Ela cancelou comigo umas três. Eu falava, ‘meu Deus, não desiste da GG, mano, por favor, não deixa”.

Depois de finalmente conseguirem se encontrar no estúdio do produtor Dallas, tudo voltou a fluir facilmente. Uma primeira música produzida foi descartada. “Não bateu aquela emoção“, disse Cabelinho. Eles retornaram ao estúdio, conversaram sobre seus relacionamentos passados e nasceu a canção – uma das melhores do álbum. Ela escreve muito rápido, você não tem noção. Acho que ela escreveu a música em vinte minutos, tá maluco”, contou.

Feat. com Ludmilla

Ludmilla, como descreve Cabelinho, parece ter sido criteriosa na hora de escolher a música. “Eu mandei mais de dez música pra Ludmila. Ela falou assim, ‘pô, as músicas tão boa, mas acho que não tá na vibe ainda”, disse o artista em tom de fofoca.

Cabelinho optou por marcar uma sessão de estúdio para que os dois criassem a música juntos, mas levou um bolo de Lud. “Ela estava de ressaca, não conseguiu ir”, continuou o cantor. Ele, então, gravou uma música e enviou para a cantora. “Se tu curtir fé em Deus. A minha sorte é que eu fiz”, pensou o MC.

“A última que eu fiz foi essa que está no disco. O beat, o arranjo, eu pensei mais um pouco, fiquei ouvindo o som dela, as ideia e tudo mais e ela curtiu, mano. No outro dia, ela já tinha me mandado a voz pelo celular”, explicou o artista sobre a faixa “Tanto Faz“, com Ludmila.

2023

Abri minha gravadora, comprei minha casa, ganhei dinheiro pra c*ralho, disse Cabelinho ao fazer um balanço de 2022 – ano em que passou muito tempo no estúdio trabalhando. A próximo temporada, porém, deve ser mais tranquila. Pelo menos é o que ele espera diante do sucesso do álbum “Little Love“. “Eu vou ter um tempo para respirar“, disse aliviado. “Eu quero tirar 2023 para focar na carreira dos MCs da minha gravadora Bairro 13. Eu quero pensar mais neles, estar do lado deles e lançar mais projetos com eles“, explicou o artista.

Quero cuidar da minha saúde também, que eu estou precisando“, complementou. Com o lançamento do novo disco, ele espera se manter o ano todo, mas tem outro grande projeto começando. Cabelinho vai atuar em “Vai na Fé”, próxima novela das sete da TV Globo, em que interpretará Hugo, um traficante que se apaixonará por Kate. “Pelo o que eu li, ela é a única que pode tirar ele do crime, mas ela não liga para ele, fica com outros caras”.