MC Cabelinho é cronista da vida de favela em novo clipe "Maré" (Foto: Cadu Andrade)
Na esteira da violência policial do estado do Rio de Janeiro, uma hashtag surge nas redes: #VidasNegrasImportam. Em meio à pandemia global, manifestações antirracistas tomam conta das ruas dos Estados Unidos e, agora, também do Brasil. Mais atual do que nunca, MC Cabelinho narra o dia a dia dos jovens nas comunidades no clipe de “Maré”.
MC Cabelinho é cronista da vida de favela em novo clipe “Maré” (Foto: Cadu Andrade)
E se a vida negra importa, é preciso também falar da vida – e não só da morte. E MC Cabelinho é o cronista da vida de favela. O artista conta a história de um traficante, em que na favela é rei e para o estado é uma ameaça: “Me aprofundei no crime muito cedo / Mesmo sabendo que tinha perigo / Infelizmente, não teve outro jeito / Eu precisava alimentar meu filho”.
O crime como a única oportunidade de ganhar dinheiro aprofunda o nosso olhar sobre as desigualdades do Brasil. E o piano por trás da batida deixa a narrativa muito mais delicada. O clipe de “Maré” expõe essa dupla identidade do traficante, que é chamado de herói por alguns na comunidade e de inimigo pelo sistema. Com armas e cordões de ouro, o personagem principal entrega cestas básicas em casas desassistidas pelo governo – principalmente no atual contexto de propagação do coronavírus.
Apesar de ocupar esse lugar ambíguo, ali, a solidariedade se faz muito mais real e provocadora de mudança. Essa é uma das vidas que serão contadas em Ainda, álbum de MC Cabelinho previsto para o segundo semestre deste ano.