Crítico ao governo Bolsonaro, Marcelo D2 fez um questionamento a seus seguidores. Nesta segunda-feira (21/06), um dia após as manifestações que tomaram conta das ruas de todo o país contra o presidente, o rapper julgou aqueles que apoiam o político e ao mesmo tempo, escutam rap. No Twitter, ele fez um paralelo entre as medidas para contra a pandemia e o “negacionismo”, um dia depois de o país bater a marca de 500 mil mortes pela Covid-19.
“O cara ouve rap e é ‘Bolsominion’, mano não da, mas não da mesmo!”, escreveu ele, na rede social. O tuíte gerou repercussão entre os internautas. Uns, discordaram e outros, apoiaram a ideia, gerando um debate. Vale lembrar que o rap é um gênero conhecido por questionar o sistema, como um porta-voz das classes vulneráveis e a, muitas vezes dura, realidade da periferia.
O cara ouve rap e é Bolsominion, mano não da, mas não da mesmo!
— Marcelo D2 (@Marcelodedois) June 21, 2021
A questão é, não há uma imposição de regra. O natural é que quem ESCUTA, ou seja, quem absorve as informações que as letras do rap transmitem tenha uma consciência de raça e de classe que não aceita fascismo. O Rap nacional é um patrimônio cultural, intelectual da periferia.
— ingrid ingrid 🚩 (@todomundobebe) June 21, 2021
Os caras são confusos, mas é compreensível, afinal gado não pensa.
— JMatuque (@JMatuque) June 21, 2021
Inovação na pandemia
Marcelo D2 gravou seu oitavo álbum de forma inovadora. “Assim tocam os MEUS TAMBORES” nasceu durante mais de 150 horas de lives na Twitch, com misturas sonoras que envolveram até áudios de WhatsApp. O projeto completo foi lançado em outubro do ano passado.
Através de sua arte, D2 interagiu com milhares de pessoas dos mais diversos lugares do mundo, despertou possibilidades, descobriu novos caminhos e construiu uma comunidade colaborativa em torno de um único propósito: dar vida à manifestação artística que pulsava dentro dele e de cada uma das pessoas que a ele se conectaram neste movimento inédito de co-criação.
De choros ao vivo a áudios de Whatsapp e ligações para amigos e outros artistas, D2 habilmente rompeu o limiar entre real e virtual. Como fio condutor dessa enorme energia, Marcelo envolveu sua família, seus amigos e sua equipe em uma só vibração. Além da participação dos filhos Maria Joana, Luca e Sain, a esposa Luiza Machado participa de duas faixas do álbum e contracena com D2 em um média-metragem que virá junto com a obra.
Além do envolvimento do público, Marcelo contou com um time de músicos e artistas que se uniram a ele na missão de traduzir toda a magnitude de influências e de inspirações que compõem os sons dos seus tambores: Anelis Assumpção, Baco Exú do Blues, BK’, Criolo – que narra o mito Bakongo da criação do tambor escrito pelo historiador Luiz Antônio Simas – Da Lua, Djonga, Jorge du Peixe, Juçara Marçal, Kassin, Rogê, Russo Passapusso e muitos mais.
Nave, DJ Nuts, Kamau, Dr. Drumah, Barba Negra e Tropkillaz assinam a produção dos beats. Quem assina a masterização é Jonathan Maia. Já a mixagem do álbum fica por conta do amigo de longa data – e ganhador do Grammy Latino por duas vezes – Mario Caldato Jr.