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Mãe de Cazuza proíbe músicas do filho em manifestações pró-Bolsonaro

Foto: Reprodução de internet

Foto: Reprodução de internet

Através de nota, a Fundação Viva Cazuza – criada pelos pais de Cazuza após sua morte, em 1990 – manifestou pesar após tomar conhecimento da execução de músicas do cantor em manifestações antidemocráticas. O comunicado oficial foi publicado após o uso da canção “Brasil” por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no dia 3 de maio, quando estes pediam o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso. Assinam a nota a mãe de Cazuza, Lucinha Araújo, e os parceiros de composição George Israel e Nilo Romero.

Leia na íntegra:

“Prezados Senhores,

Foi com grande pesar que tomamos conhecimento através de artigo no jornal Folha de São Paulo, do dia 03/05/2020 com o título “Bolsonaro Volta a apoiar ato contra o STF e Congresso e diz que Forças Armadas estão ao ‘lado do povo’”, que a música “BRASIL” foi uma das usadas na manifestação. ‘Brasil’ é uma música de grande importância na democracia brasileira e ser usada junto a gritos de ordem e cartazes que pedem o fim da democracia é inaceitável.
Com base nas prerrogativas dadas pelo artigo 29 da Lei de Direitos do Autor (Lei 9610/98), a Viva Cazuza desde logo torna pública a proibição da execução de qualquer obra ou interpretação de Cazuza em qualquer evento e/ou manifestação dessa natureza, ficando qualquer um que desrespeite esta proibição sujeito à aplicação das sanções civis e penais cabíveis em virtude de violação de direitos autorais.

Apoiamos a democracia e não atitudes violentas. Seguimos as orientações da OMS que recomenda que a população fique em casa, em isolamento, pensando no bem de todos, sendo solidários e trabalhando para diminuição do sofrimento e privação dos mais vulneráveis.

Atenciosamente,

Lucinha Araújo(Cazuza), George Israel e Nilo Romero”

Divergências com Bolsonaro são reincidentes

Em fevereiro, Jair Bolsonaro afirmou que pessoas portadoras do vírus HIV são “uma despesa para todos no Brasil”, além de um “problema sério” para a própria pessoa. A fala do presidente veio na intenção de defender a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), que à época queria propôr a política de abstinência sexual para jovens e adolescentes.

Como diretora da Fundação Viva Cazuza, Lucinha Araújo repudiou o comentário de Bolsonaro: “É dever do Estado cuidar da saúde de todos, sem discriminação da doença que o acometeu. Há 30 anos a Viva Cazuza trabalha para preservar os direitos dos portadores do HIV e tem como princípio o combate a qualquer tipo de discriminação e a liberdade. Aproveito para citar Cazuza ‘vamos pedir piedade, senhor piedade, pra essa gente careta e covarde, lhes dê grandeza e um pouco de coragem’”.

A declaração do presidente repercutiu mal entre as entidades que defendem os direitos de cidadãos que convivem com HIV. A declaração foi classificada como “desrespeitosa, superficial e preconceituosa”. À época, a hashtag #EuNãoSouDespesa foi utilizada no Twitter para repudiar a fala de Bolsonaro.