Aos que questionam seu título, Madonna confirmou que é, sim, a Rainha do Pop, no show que fez no Parque dos Atletas, no Rio de Janeiro, no domingo (2/12). O testemunho de Nicki Minaj, que aparece no telão em “I Don’t Give A”, nem era necessário para que as pessoas tirassem suas próprias conclusões. Com 30 anos de carreira, a cantora reuniu fãs de todas as gerações, orientações sexuais, etnias e ideologias harmoniosamente no mesmo espaço. Segundo a assessoria da T4F, 67 mil pessoas viram a primeira parada da “MDNA Tour” no Brasil – e saíram contentes com a performance da “periguete”.
A apresentação começou às 23h (estava agendada para às 20h) e foi marcada pela qualidade da produção, pela energia da cantora e por sua tentativa de ser mais simpática e acessível que nos anos anteriores. Se na “Sticky & Sweet Tour”, que passou pelo Maracanã em 2008, Madonna pouco interagia com a plateia, a estratégia agora é outra. No show do domingo, ela fez perguntas à galera do gargarejo, elogiou a camisa de um fã, pediu o boné de outro emprestado, escreveu “periguete” nas costas e agradeceu à homenagem feita pela Pista Premium. O público, no caso, havia combinado de levar balões vermelhos em formato de coração, o que deu um efeito especial. “Amei os balões”. Ela também tentou se comunicar em português (“um, dois, três, quatro”; “obrigada”), mas caiu no portunhol (“está muito, muito caliente”; “están listos? prontos!”).
Ainda comparando a “MDNA Tour” com a turnê anterior, pode-se dizer com segurança que Madonna está cantando mais dessa vez. O playback ainda está lá, em vários momentos gritantes, mas agora a cantora faz questão de mostrar que está cantando de verdade a maior parte do tempo. Um dos destaques é “Like a Prayer”, quando faz uma performance cativante ao lado de um coral religioso (sim, Madonna continua brincando com crucifixos, dogmas, e símbolos cristãos, mas prega a paz). É quando a plateia vibra.
Madonna, aliás, pareceu conduzir o show inteiro para aquele momento. As músicas novas, verdade seja dita, não são cantadas pela maioria do público, que prefere as antigas, mas impressionam mesmo assim. Os cenários, os vídeos, os figurinos, os penteados, a teatralidade, o slackline e as coreografias prendem a atenção de todos, ainda que a música possa ficar em segundo plano em muitos blocos. No show da Madonna, o primeiro plano é a própria Madonna. Não adianta achar que será diferente.
Aos 54 anos, é de se impressionar que a popstar ainda dê conta do recado com maestria. Canta, dança, pula e sensualiza como uma garota de 20 anos, só que com décadas de estrada, o que é todo o diferencial. O único sinal do tempo é quando ela se confessa sem ar após uma coreografia mais pesada (além da aparição do Rocco, que já tem 12 anos). Mas o mesmo acontece frequentemente com cantoras de metade da sua idade – ou anos de carreira. Compará-la com as novatas, aliás, não faz sentido. Madonna é Madonna. Que quinquagenária se veste de cheerleader, escreve “periguete” nas costas, fica de lingerie na frente de milhares de pessoas e sai em turnê mundial por quase um ano? Resposta: a Rainha do Pop.