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Madonna lamenta morte do irmão, Christopher: “Desafiamos a Igreja Católica, a Polícia, a moral”

Christopher Ciccone, que já dirigiu turnês da estrela pop, faleceu aos 63 anos vítima de um câncer, na sexta (4)
Dançarino, Christopher já trabalhou como diretor de turnês e figurinista para Madonna, no início da carreira da irmã. Foto: Instagram/@madonna

Pouco depois de perder a madrasta, Joan Ciccone, que faleceu no final de setembro vítima de um “câncer severo”, Madonna acaba de se despedir do irmão mais novo. Christopher Ciccone morreu na sexta-feira (4), aos 63 anos, após lutar contra um câncer e, neste domingo (6), a cantora se pronunciou sobre a morte levando um relato comovente às redes sociais. No texto, ela fala sobre o papel do irmão quando se mudou para Nova York para realizar o sonho de ser dançarina e o afastamento do irmão na reta final da vida dele. Leia!

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Foto: Instagram/@madonna

Madonna publicou, via Instagram, uma série de fotos ao lado do irmão em diversos momentos da vida dele. Ela contou, no texto, que, assim como ela, Christopher também nutria o sonho de consumir e viver de arte e que fomentou nela o ímpeto de ir embora para Nova York para ir atrás dos seus sonhos, acompanhando-a nessa jornada.

“Quando finalmente tive coragem de ir para Nova York para me tornar uma dançarina, meu irmão me seguiu. E novamente pegamos nas mãos um do outro e dançamos pela loucura da cidade de Nova York! Devoramos arte, música e cinema como animais famintos. Estávamos no epicentro de todas essas coisas”, escreveu a cantora, relembrando a juventude ao lado do irmão mais novo.

“Nós desafiamos a Igreja Católica, a Polícia, a moral da grande maioria e todas as figuras de autoridade que ameaçavam nossa liberdade artística. Meu irmão estava bem ao meu lado. Ele era um pintor, um poeta e um visionário. Eu o admirava. Ele tinha um gosto impecável. E uma língua afiada, que às vezes usava contra mim, mas eu sempre o perdoava”, destacou Madonna em uma outra parte do texto.

A voz de “Nothing Really Matters” revelou que, já mais velhos, os dois se afastaram, mas que, assim que ele ficou doente, se reaproximaram. Ela disse que fez tudo o que pôde para que o irmão continuasse vivo, mas disse que, agora, aprecia o fato de que ele não esteja mais sofrendo com dores.

Christopher era dançarino e, antes do afastamento citado pela cantora, já trabalhou ela, no início da carreira. Além de ter sido diretor das turnês “Blonde Ambition”, em 1990, e da “The Girlie Show”, em 1993, ele também já atuou como figurinista da estrela pop.

Leia o relato da cantora!

“Meu irmão Christopher se foi. Ele foi o ser humano mais próximo de mim por muito tempo. É difícil explicar nossa cumplicidade. Mas ele surgiu de um entendimento de que éramos diferentes e que a sociedade nos daria trabalho por não seguirmos o status quo. Pegamos nas mãos um do outro e dançamos pela loucura da nossa infância. Na verdade, a dança era uma espécie de superbonder que nos mantinha unidos. Descobrir a dança em nossa pequena cidade do Centro-Oeste me salvou e, então, meu irmão apareceu e isso o salvou, também. Meu professor de balé, também chamado Christopher, criou um espaço seguro para meu irmão ser gay — uma palavra que não era falada ou mesmo sussurrada onde morávamos.

Quando finalmente tive coragem de ir para Nova York para me tornar uma dançarina, meu irmão me seguiu. E novamente pegamos nas mãos um do outro e dançamos pela loucura da cidade de Nova York! Devoramos arte, música e cinema como animais famintos. Estávamos no epicentro de todas essas coisas. Dançamos pela loucura da epidemia de AIDS. Nós fomos a funerais, choramos e dançamos.

Nós dançamos juntos no palco no começo da minha carreira e, eventualmente, ele se tornou o diretor criativo de muitas turnês. Quando se tratava de bom gosto, meu irmão era o Papa, e você tinha que pedir benção para ele. Nós desafiamos a Igreja Católica, a Polícia, a moral da grande maioria e todas as figuras de autoridade que ameaçavam nossa liberdade artística. Meu irmão estava bem ao meu lado. Ele era um pintor, um poeta e um visionário. Eu o admirava. Ele tinha um gosto impecável. E uma língua afiada, que às vezes usava contra mim, mas eu sempre o perdoava […].

Os últimos anos não foram fáceis. Nós não nos falamos por algum tempo mas, quando meu irmão ficou doente, nós encontramos o caminho de volta um para o outro. Eu fiz o meu melhor para mantê-lo vivo o máximo possível. Ele estava com tanta dor na reta final. Mais uma vez, demos as mãos. Fechamos os olhos e dançamos. Juntos. Estou feliz que ele não esteja mais sofrendo. Nunca haverá ninguém como ele. Eu sei que ele está dançando em algum lugar.”

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