Madonna no Brasil

Madonna chora em último show da turnê em São Paulo

Na última das 58 noites em que subiu ao palco na turnê Sticky & Sweet, nesse domingo (21), no Morumbi, em São Paulo, a cantora Madonna pôde enfim se dar ao luxo de quebrar o protocolo. Chorou em cena após cantar “You Must Love Me” e trouxe ao palco um mini balé de dançarinos vestidos com saiotes feitos com a estampa da bandeira brasileira (antes, durante o set ‘hispânico’, uma bailarina flamenca também usou uma bandeira brasileira na saia).

Foram 116 horas cantando, dançando, pulando corda, “lutando” boxe, arrastando-se no palco de gatinhas, beijando bailarinas de véu e grinalda. Em nota postada nesta segunda-feira (22) no seu site oficial, Madonna fez as contas de sua turnê: foram 2.350 282 pessoas em 58 shows, com US$ 280 milhões vendidos em tickets (foram vendidos 650 mil entradas nos 11 shows da América do Sul).

“Madonna mais uma vez demonstrou seu verdadeiro apelo global como ‘live performer’, seja em estádios ou arenas. Esta não somente será a turnê de um artista-solo que mais vendeu em todos os tempos, uma artista mulher, superando seu próprio recorde anterior, mas vai posicioná-la como uma das artistas que mais venderam em todos os tempos”, disse Arthur Fogel, executivo-chefe da Live Nation para turnês globais.

Chefão das turnês, Fogel estava no Brasil e falou com exclusividade à Agência Estado na sexta-feira (19) e elogiou a parceria com a empresa brasileira Time for Fun, mas se recusou a comentar sobre os problemas com vendas de ingressos para o concerto de Madonna, que provocou protestos e ações na defesa do consumidor. “A América do Sul se tornou muito mais sofisticada em vendas de ingressos e outros aspectos do negócio de shows desde que trabalhei aqui pela primeira vez, em 1990”, considerou o executivo.

Madonna bateu vários recordes pelo mundo. Em Zurique, a Suíça assistiu ao seu recorde de público num concerto no campo militar de Dubendorf, visto por cerca de 72 mil pessoas. Em Londres, ela tocou para 74 mil pessoas, vendendo cerca de US$ 12 milhões em entradas, superando todas as marcas do velho e do novo estádio de Wembley. Em Nova York, nos quatro shows lotados do Madison Square Garden, ela se tornou recordista de aparições de um artista naquele local, cerca de 23 shows totalmente lotados desde 2001.

Na última noite, Madonna comportou-se como se estivesse mesmo entrando em férias. Elogiou os técnicos, bailarinos e pessoal da iluminação. Falou do seu amor pelas suas “três crianças”, os filhos Lourdes María, David Banda e Rocco, que estavam, segundo ela, assistindo ao show. “Eles significam o mundo para mim”, afirmou.

“Eu me sinto a garota mais sortuda e cansada do mundo”, falou, com aquela vozinha infantilóide de uma pessoa enfiada num mundo de faz-de-conta no qual se sente o centro do universo. “São Paulo é um belo lugar para se terminar a turnê”, considerou, e até se deu ao luxo de negar o pedido de um fã, Gabriel, que pediu que ela cantasse ‘Sorry’. “Que tal Like a Virgin? É como eu me sinto hoje [domingo], brilhante e nova”, afirmou, antes de iniciar, a capela, a execução da música.

Como estava tudo terminando, ela até deu uma chance nesse domingo para a sua cantora de apoio negra, cujo nome não está nos créditos da turnê. A garota, que segura as pontas no fundo do palco com talento e grande voz, foi para a frente e mostrou que tem futuro.

Os caprichos de Madonna a tornam ligeiramente kitsch, brega, uma ricaça excêntrica. Muitas vezes, ela põe em cena bailarinos de capacete ou de capuz, performers que lembram os Power Rangers ou figurantes de ‘O Nome da Rosa’, que surgem em cena de forma gratuita, e não dá para saber direito que tipo de mistério ela busca com aquilo. É mero décor, mas vai funcionando.

Os romenos do Kolpakov Trio, três músicos que entram logo após ‘Spanish Lesson’, parecem um daqueles grupos folclóricos que a gente encontra em um restaurante de Bucareste, mas Madonna parece ter gostado tanto do “charme exótico” daquele restaurante que os traz a tiracolo.

Num balanço rápido das três noites em São Paulo, é preciso dizer que o público foi mais participante e entusiasmado nas duas primeiras, quinta-feira e sábado, quando acompanhou as músicas (especialmente as últimas, a “sessão rave”) a plenos pulmões, possibilitando um espetáculo paralelo muito bonito.

Notas tristes sobre os shows no Morumbi: os preços exorbitantes dos estacionamentos na região, que chegavam a cobrar R$ 100 pela vaga, e o comportamento dos taxistas que esperavam depois dos shows – eles não levavam ninguém se não acertassem um preço prévio, sendo que os taxímetros funcionavam perfeitamente. Todo mundo quer lucrar muito, e nesse levada se esquece até dos mais básicos compromissos com a ética e a decência.

Fonte: AE

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