No dia 14 de abril, Ludmilla apresentou o primeiro dos seus dois shows no Coachella 2024, o #LUDchella, na Califórnia (EUA). A primeira afro-latina a ocupar o palco principal do maior festival pop do mundo entregou uma performance histórica. A Direção Criativa do espetáculo é assinada pela artista, pesquisadora, diretora de arte Nídia Aranha e pela gestora de talentos, consultora de carreira, professora da PUC-PR/RJ e diretora criativa Drica Lara.
As profissionais integram uma equipe constituídas de mulheres, profissionais negros e LGBTQIPA+, com: Roberta Guimarães na Coordenação Geral, Lucas Pinho na Direção Artística, Mariana Pitta na Direção Técnica, Duda Chioquetta na Arquitetura, Douglas Braga no layout, Vall LLoveras e Vic Esteves como pesquisadores criativos, Fernanda Teuber na Produção Executiva, Priscila Dau como Tour Manager, Kaique Brasileiro como conector, o coreógrafo Bibiu Damazzo e a equipe de styling constituída por Jennifer Udechukwu e Ale Vorgos. A Direção Musical é assinada por Castilhol e o Stylist por Ale Vorgo.
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Nídia Aranha começou trabalhando com Ludmilla na arte do emblemático clipe “Rainha da Favela”. A relação se estendeu para os shows no Lollapalooza, The Town 2023 e, agora, a profissional também comanda a tour “LUDMILLA IN THE HOUSE”.
“Quando recebi o convite para o projeto #LUDchella sabia que reunir um bonde delAs seria a única forma de castelar esse momento épico. Eu e a Drica foi um super match!”, ressalta Nídia Aranha. Drica Lara foi responsável pelo show no Rock in Rio 2022, considerado o turning point na carreira da artista carioca.
Ludmilla no Coachella: bastidores da Direção Criativa
“Nesse case do Coachella, nós temos uma demanda bem bacana e bem difícil. A Drica entra comigo e com esse histórico maravilhoso de shows épicos, como o de Ludmilla no Rock in Rio 2022. Então, é também muito sobre unir forças e construir um show de festival que faça um upgrade e uma fusão entre o que foi o Rock in Rio e o que foi o The Town, na tentativa de construirmos algo novo, potente, emblemático”, explica Nídia.
“E isso se deu a nível de construção conceitual há mais ou menos cinco meses, que é o parâmetro de tour. E depois, a nível de Coachella, estamos falando de três meses e meio por aí. Foi um grande desafio, principalmente porque o Coachella é um palco muito histórico, que carregou muitas pessoas e fez uma virada de muitos artistas”, pontua Nídia Aranha.
A profissional acrescenta: “E também por ser um festival muito atípico. Ele tem muitas questões, limitações, pontuações, regras, complexas de serem absorvidas. E tivemos que lidar com toda uma construção que tinha fornecedores e pessoas construindo junto, que não necessariamente estavam no Brasil. Então foi um outro workflow por conta disso.”
Além da equipe brasileira, também há a All Access Staging, empresa estadunidense responsável pela construção do palco, que inventou os praticáveis, modulares e que faz uma montagem muito acelerada em um tempo de virada de palco muito pequeno. Entre os espetáculos que a All Access produz está o show do intervalo do Super Bowl. Mas, o time da companhia que é responsável por construir o #LUDchella é muito mais complexo.
“Temos a OCA, que está fazendo toda a cobertura de guarda-chuva. Abaixo da OCA com fornecedores basais como All Access, que é a empresa que está fazendo toda a montagem. E temos a Sturdy, que faz toda a parte de produção executiva no projeto”, detalha Drica Lara.
“Todos os equipamentos, tudo que a gente está utilizando é de primeira linha. E não só de primeira linha, como de primeira utilização. Nós vimos peças saindo do plástico. Peças de encaixe, peças de montagem de LED, tudo zero quilômetro. Nada alugado e que já foi utilizado por outras pessoas. Toda a estrutura que estamos montando é zerada. E é um profissionalismo absurdo de quem criou o showbusiness”, destaca Drica Lara.
A diretora complementa: “Então, realmente trabalhamos com pessoas que têm toda uma dinâmica impressionante de metodologia de trabalho. Vemos toda uma coordenação efetiva. Eles já têm uma dinâmica mesmo, tanto da parte de montagem quanto desmontagem, quanto operação, quanto quem faz o quê, onde está todo mundo. Isso no Brasil também, mas entendemos que estamos chegando na casa dos professores”.
O stage manager, Zackary Purciful, é o mesmo da Christina Aguilera e Beyoncé. O production manager, Henry Bordeaux, já fez Ariana Grande, Justin Bieber e outros. O palco tem 15 metros, a cenografia tem 4 metros de altura, um elevador moderno e um total de 7 toneladas com todo aparato estrutural. E para transportar todo material são necessários 3 caminhões.
Ludmilla no Coachella: o conceito do show
Para Ludmilla, o Coachella está sendo trabalhado como foi no The Town e como vai ser trabalhado na tour como um show metafórico. Essas metáforas saem de vivências de 10 anos de Ludmilla e caminham num repertório de signos que estão sendo construídos para poder externalizar menções que a Ludmilla quer fazer da própria carreira.
“A primeira delas é o cofre. O cofre é um signo metafórico de experiências intangíveis e verdadeiras realizações que não são medidas através de coisas de valor material. O que guardaria um cofre de ouro? O que é mais valioso do que o ouro? São as verdadeiras experiências, o valor agregado no talento, no fazer poético e artístico. E por isso esse cofre carrega a Ludmilla dentro. Outro signo que, enfim, esse signo foi o que permeia o nosso stage design. E dentro a gente tem uma escada feita numa formatação de barras de ouro. Então existe toda uma alusão a essa coisa do valor agregado”, especifica Nídia.
“Isso também permeia o figurino que carrega esse colete à prova de balas, fazendo essa metáfora da Ludmilla estar blindada de todas essas ofensas, esses ataques, esse tipo de interferência das pessoas que não gostam dela. E, ao mesmo tempo, o segundo figurino traz essa brincadeira da joia rara da música brasileira. Então a gente tem muito ouro, muito brilho, muita pedra preciosa, sem perder a estética da rua”, pontua a profissional.
O cofre tem seis metros por cinco, é uma caixa oca de uma estrutura auto-portante, onde há um grid de luz interno e LEDs nas paredes frontais, além de uma cobertura estratégica de surfaces reflexivos e acabamentos polidos para fazer uma interação com luz.
De acordo com a equipe responsável, toda a estrutura foi pensada para um show de dia, porque há um déficit de interação de luz quando em shows diurnos, especialmente no Coachella, onde tem uma incidência solar muito grande. Por isso a escolha de interação de materiais reflexivos e polidos com o sol e o reflexo do ouro com a interação solar. Então, todo o acabamento frontal de palco foi escolhido nessa intenção de evidenciar o valor, o ouro.
As escadas são umas escadas de base de cinco por seis metros, com degraus de 30 centímetros, 60 entre eles. Ela foi toda desenhada para comportar uma performance de dança. Segundo a equipe envolvida no espetáculo de Ludmilla, era muito importante que o desenvolvimento do balé do coreógrafo Bibiu e o conhecimento técnico da Mari Pitta, a diretora técnica, na construção desse projeto, fossem evidenciados na interação entre os dois.
Essa lógica foi estruturada para poder comportar o que o Bibiu precisa, num formato que permita o balé dançar e, ao mesmo tempo, ainda conseguir essa estrutura estar presente ali e ser resolutiva.
“É importante também falar sobre a questão da interação desse balé com o cubo, eles sobem, eles descem, esse cofre abre, esse cofre fecha, existe uma dinâmica e um repertório de coreografia do corpo de dança e da cenografia. Nosso show é um show que caminha num lugar de orquestra, a gente decide cada ato, cada movimento como um recurso para contar essa história usando todos os elementos constituintes dela, numa interação que caminha de forma muito congruente, não existe um ponto fora. A intenção aqui é exatamente construir o espetáculo da Ludmilla, em que tudo isso fosse muito alinhado”, diz Nídia.
O corpo de baile é metade brasileiro e metade estadunidense. Foram duas semanas de ensaio no Brasil e mais três ensaios em Los Angeles. Na cidade norte-americana foi alugado um grande galpão onde toda estrutura foi montada e desmontada diversas vezes para fossem feitas contagens de tempo e as devidas marcações.
“A Ludmilla tem sempre esse statement de autossuperação. Acho que só ela supera ela mesma. E isso é muito bacana, porque quando eu chamei a Drica e a gente juntou forças para superarmos a nós mesmas nos grandes espetáculos que nós fizemos para a Ludmilla”, finaliza Nídia.
O #LUDchella foi orçado em 8 milhões de reais, teve introdução de Beyoncé e Érica Hilton, trouxe equipes, estrutura e equipamentos de primeira qualidade. Ludmilla estará no palco do Coachella 2024 novamente, no próximo domingo, dia 21 de abril.
Sobre Nídia Aranha
Nídia Aranha nasceu em Itaguaí, na baixada fluminense do Rio de Janeiro. A artista estudou Fundamentação em Artes Visuais da EAV Parque Lage e Design de Produto & Comunicação Visual (UFRJ) e atua como pesquisadora no segmento de deslocamentos estéticos, antropologia visual e direção de arte.
A profissional tem um histórico atuação em arte, cultura e comunicação, tendo o ambiente de instalação enquanto afirmação de metodologias de impacto, assumindo os mais variados suportes: visual concepts, design e arquitetura itinerante aplicados em projetos de audiovisual e entretenimento.
Desenvolveu projetos junto criativos a marcas como, Facebook, Google, Netflix, Motorola, Avon e Ambev; artistas como IZA, Glória Groove e Pabllo Vittar e festivais como Rock in Rio, Lollapalooza e Primavera Sound. Focada em aplicações de ciência, tecnologia e arte, com intuito de gerar novas experiências estéticas.
Sua biografia ainda conta com exibições em exposições e festivais nacionais e internacionais. No ano de 2021, o curta-metragem “Ordenha” foi exibido no 3o Festival Imaginários Urbanos no Ceará; no III Opyum Vídeo Performance em Paris na França; MASSIMO em Milão na Itália; BPA em Colônia na Alemanha.
Já “Ordenha 002” participou da 13a Bienal do Mercosul em Porto Alegre e como parte da exposição Tu m’ouvres tes bras et on fait un pays: Brésil; corps et démocratie, na Galerie Ilian Rebei em Paris, na França.
A artista também foi indicada ao prêmio PIPA em 2021, participou de exposições no MASP (Museu de Arte de São Paulo), no CCSP, no Olhão (Barra funda, São Paulo), EAV (Escola de Artes Visuais do Parque Lage) e premiada como Melhor Direção de Arte em 2021 e 2022 no m-v-f- awards (prêmio que reconhece os melhores vídeos feitos para música no brasil e no mundo), Prêmio ciclope latino de com direção de arte de melhor fashion filme direção Marvin com Erykah Badu.
Sobre Drica Lara
Diretora criativa, gestora de talentos, consultora de carreira e professora da PUC-PR/RJ na pós-graduação em Tendência e Coolhunting, Drica Lara entrega resultados com padrão internacional através da NEON, agência que presta serviços conectados à música como Direção Artística e Criativa, Curadoria e Produção Executiva de festivais, shows e projetos especiais e experiências coletivas.
Drica assinou a Direção Criativa do show comemorativo de 10 anos de carreira da cantora Ludmilla, apresentado no Palco Sunset do Rock in Rio 2022.
Em 2023, foi também diretora criativa dos show de IZA, Matuê e WIU, no The Town. É Gestora de Talento do produtor musical NAVE, com quem foi indicada duas vezes ao Grammy Latino e venceu na terceira indicação, com o álbum AmarElo, do Emicida, que também levou o Leão de Bronze em Cannes e o Prêmio Multishow, em 2020.
O evento premiou NAVE como “Produtor do Ano”. Com a rapper Bivolt, foi indicada ao Grammy Latino também em 2020 para, no ano seguinte, ver a foto de sua artista estampada na Times Square (Nova York) em ação do Spotify.