Ludmila fez um longo desabafo sobre os episódios de racismo que sofreu durante a carreira. Em entrevista à “Folha de S.Paulo”, a cantora falou sobre as plásticas que se sentiu obrigada a fazer para se sentir aceita pela sociedade, através de uma visão distorcida que tinha da própria imagem.
“Eu era a MC Beyoncé lá atrás. Tem alguma propaganda com a MC Beyoncé? Não tem! Porque eu não era padrão. Não era aceita. Nenhuma marca queria ser representada pela MC Beyoncé. Por isso, tive que me mutilar, afinar meu nariz, porque queria ser aceita”, contou a estrela carioca.
Para quem não lembra, antes mesmo de emplacar os hits “Sem Querer” e “Hoje”, lá em 2014, a artista começou a empreitada se apresentando como MC Beyoncé. Durante o papo com o jornal, Lud lamentou a perda de um processo contra a socialite Val Marchiori. Na ocasião, a loira comparou o cabelo da cantora à uma palha de aço durante o Carnaval.
“Foi muito triste, ainda mais vindo de uma pessoa que deveria estar ali protegendo os brasileiros, preservando e conservando uma luta que vem de anos. E, talvez, fazendo uma reparação que é histórica, porque o racismo estrutural é histórico. Senti que a gente andou uns anos para trás, porque olha quantas pessoas se sentiram fortes depois da decisão de falar que aquilo é liberdade de expressão. Ela (Val Marchiori) comemorou em vídeos nos stories, tomou champanhe. Outras pessoas se sentem fortes para comparar nossos cabelos com Bombril”, desabafou Lud.
A artista ainda se justificou por não ter se posicionado nas eleições de 2018 e ainda disse que, a partir da polarização que ocorreu, decidiu se interessar muito mais pela política do país.
“Vivemos numa democracia, a galera tem que fazer o que tem vontade. Só que chegou num ponto em que é muito importante conversar sobre o assunto. Olha o que aconteceu. Somos um dos últimos países a receber a vacina. Estamos parados. Então serviu para eu me interessar sobre o assunto. Não quero mais estar nessa de ‘não sei’. A gente não pode mais ficar nisso. Tem que ir para cima. O governo atual é péssimo. Estamos numa situação muito precária”, finalizou.