Lu Andrade, integrante do extinto grupo Rouge, contou que viveu assédio moral na primeira fase do girlgroup. Esse foi um dos motivos que a levaram a sair do Rouge, no auge do sucesso. “Tinham zero preocupação se a gente estava se sentindo bem, se estava doente ou se não estava. ‘Vai lá e trabalha porque você é uma marionete. É meu escravo'”, a cantora falou em entrevista ao canal de Gabriel Mahalem no YouTube.
“Todas a meninas passaram por esse baque, sim. Chegamos a conversar a respeito, se queríamos lutar por melhores condições, por mais justiça ali dentro. Todas falaram que queriam, e no fim deram meio pra trás e escolheram seguir. E eu não. Estava fazendo muito mal para minha saúde. Tem casos que nunca contei e que não vou contar também, porque são muito pesados. Eu vivi coisas extremamente pesadas. Hoje eu sei que foram assédio moral. Naquela época, não se falava nisso”, completou a cantora, que está promovendo seu primeiro EP solo.
Como membro do Rouge, elas não podiam nem dormir direito
Para Lu Andrade, a decisão de sair do Rouge foi, sobretudo, para cuidar de sua saúde mental. Ela sentia que não tinha mais qualquer controle de sua vida. A agenda do Rouge ia de 6h da manhã até 1h da manhã. Um membro da equipe passava na porta de sua casa e deixa a agenda do dia seguinte por volta de meia-noite. Não tinha como ela se programar. Era sempre 100% disponível.
“Eu decidi ser íntegra comigo e não atrapalhar o trabalho delas. Eu não queria mais fazer algumas coisas e elas queriam. Falei ‘preciso me retirar e deixar elas viverem o sonho delas’. Por isso que eu saí. (…) O que me deixava triste era que eu perdi o controle da minha vida. Trabalhar muito e ganhar muito menos que todo mundo, eu já sabia. Só que perder o controle da minha própria vida… aí a sanidade vai para o brejo. Nós não dormíamos. Não tínhamos esse privilégio”, desabafou.
Empresários jogaram uma contra a outra
Ela também lembra que os empresários não gostavam dela, porque era vista como a “garota problema”. Era Lu que botava o dedo na cara deles e reivindicava melhorias. Quando ela decidiu sair do grupo, isso foi bem recebido internamente. “Foi um alívio para eles: ‘vamos continuar explorando quatro'”, conta. Os empresários começaram, então, a envenenar as outras integrantes contra ela.
“Nós não nos falamos por muitos e muitos anos. Na minha cabeça, elas não tinham entendido que eu tinha ficado completamente doente, e não tinham ficado do meu lado. Isso, para mim, foi inconcebível. Só nós cinco sabíamos o que estávamos passando… para uma não se apoiar. E depois, nessa conversa de lavagem de roupa suja para a volta, eu descobri que todo mundo estava doente e deprimido, cada um da sua forma. A gente foi jogada no meio de um rolo compressor que destruiu quem a gente era”, disse.