Lorena Simpson está com uma turnê nova – e mais pop do que nunca. A “Haus of Pop”, que estreou em São Paulo, chega ao Rio de Janeiro nesta sexta (22/5), na comemoração de 300 edições da festa “Wallpaper”, na The Week Rio. Ela será a atração principal do evento e promete fazer um passeio pela cena pop dos anos 90 até hoje, com Depeche Mode, Britney Spears, Spice Girls e muito mais.
Para contar mais detalhes sobre essa nova fase da carreira, Lorena conversou com o POPline na véspera do show. Ela falou sobre sua migração do eletrônico para o pop, sua relação com o público gay, que ela considera formador de opinião, e sua relação com outras cantoras do mesmo segmento – como Anitta e Wanessa. Confira!
Vamos começar do começo. Essa turnê nova tem alguma motivação especial?
A gente espera que ela seja o início da minha migração para o pop, na verdade. Eu estou há sete anos só na música eletrônica. Apesar de não ter um álbum pronto – porque eu estou na produção desse álbum, que não será só eletrônico e trará também o pop – eu já estou incluindo isso no show. É uma maneira de chegar a outros tipos de festas e não só aquelas que estão acostumadas a ter atrações eletrônicas. O repertório desse show tem o pop e muda de lugar para lugar. Em festas pop, eu faço as versões bem originais. Em festas eletrônicas, eu já tiro e deixo só os eletrônicos. Em lugar que rola pôr o funk, eu ponho o funk. Em lugar que eu sei que a galera conhece pop dos anos 90, eu boto pop dos anos 90. Tem essa flexibilidade. Pode-se justificar a “Haus of Pop” como um dos passos para minha migração para o pop.
Eu vi que a “Haus of Pop” homenageia suas inspirações na música pop. É isso mesmo?
Isso! Eu peguei exatamente tudo aquilo que é inspiração para mim, mas não só para mim. Eu sou de 1987, então peguei as coisas a partir de 90: Spice Girls, Britney logo no início, Christina Aguilera, Jennifer Lopez, toda essa cena pop que rolou nessa época. Mas também tenho coisas mais antigas, tipo Depeche Mode. Eu tenho “Enjoy the Silence” no show. Apesar de terem lançado em 90, acho que foi gravada em 88 ou 89, alguma coisa assim. Marcou muita gente, não só pra mim. Ainda não fiz no show, mas vai ter medley de boyband, medley de girlband, um passeio pelo pop em geral mesmo. Fizemos uma seleção de 1990, 1991, 1992… a cada ano.
Foi difícil fazer essa seleção?
Foi, porque é muita coisa. O ano de 2001, para mim, foi um ano que teve músicas muito incríveis, então é difícil escolher qual música vai tirar dali. A seleção demorou pra caramba, porque a gente foi de ano em ano, e tem anos específicos que tem muita música boa, então é difícil escolher.
Mas você tem essa flexibilidade de alterar a setlist de show pra show.
Exatamente. É exatamente esse o ponto da “Haus of Pop”, porque até então, no meu show antigo, “To the Ground”, eu tinha um repertório fixo. Eu chegava em alguns lugares e pensava “Poxa, isso aqui não funcionou. Aqui poderia funcionar tal e tal música”. Por isso, pensei em fazer um show com essa flexibilidade, para levar o adequado para os lugares que eu já conheço e sei o que funciona ou não. É um show que se repete em algumas partes, principalmente nas minhas músicas, mas que é diferente a cada apresentação na parte dos covers.
Em termos de figurinos e cenário, como foi a criação disso tudo e quais são as referências visuais?
Os figurinos são criações da Carol Roquete, a stylist que trabalha comigo desde o clipe de “To The Ground”. Depois, ela criou os figurinos da segunda fase dessa turnê e agora criou os da “Haus of Pop”. Tem uma coisa do pop mesmo, color block, tudo de uma cor, e ela trouxe uma coisa do vinil. Ela falou “Quero te deixar pop, mas não quero que seja um pop pobre. Também não quero que a gente venha com coisas que as pessoas já usaram e são as primeiras referências que vêm à cabeça”. Ela trouxe essa história da coisa mais armada, até mesmo pelo meu corpo, que eu tenho mais quadril, então ela coloca um tipo de saia específico… Ela pensou nisso do vinil, pop de uma cor só, mas moderno. Tenho um figurino furta-cor, que, de acordo com a luz do palco, brilha de um jeito. Eu uso de três a quatro figurinos no show, mas três é o mínimo.
Você estreou a turnê na The Week de SP e vai apresentá-la no Rio pela primeira vez na The Week daqui. Como é sua relação com o público gay?
Eu estou há sete anos fazendo isso já, exatamente com esse público, então acho que tem uma cumplicidade bacana. Eu me preocupo bastante com o que eles curtem ouvir, com o que eles não curtem. Quando eles postam, eu vejo os comentários, vejo o que as pessoas acham, e estou sempre muito ligada no que a galera curte para tentar apresentar algo bacana e diferente. Minha relação é muito direta, posso dizer. Eu respondo todo mundo.
Qual a importância do público gay para a música pop?
Eu acho o público gay muito exigente. Se os gays gostam, a coisa vai funcionar. Tem até uma frase no “Sex and the City”, não sei se no filme ou na série, que a Samantha fala para a Carrie: “Primeiro, os gays. Se os gays aprovarem, as crianças. E depois o público em geral”. Fiquei com isso para mim. Acho que é isso mesmo. Passa pelo crivo. Os gays aprovam ou não aprovam. Ainda mais que as festas pop são frequentadas na maioria por gays, então eles meio que têm sustentado o pop no Brasil. Claro que artistas como Anitta e Ludmilla já alcançam outros públicos. Elas chegam na galera do funk e tudo mais, mas você vê também que os fãs delas são gays, então se não passar pelo crivo deles acho que você tem que repensar.
Você e a Anitta fizeram aquela performance de “I’m a Slave 4 U”, que repercutiu bastante. Eu acredito que foi tão comentada por causa da cobra e da recriação da performance da Britney, mas também por serem duas cantoras pop queridas. Você acha que falta união entre as artistas femininas nesse mercado?
Eu acho que sim, porque lá no palco eu vi a reação das pessoas, não só no primeiro show, como no segundo. Eu sei que eles amam. Eu acho que falta sim um pouco essa troca: uma participa do show da outra, e faz música junto… A gente está vendo muito isso lá fora. Teve o clipe da Britney e da Iggy, essa semana o da Beyoncé e da Nicki Minaj… Isso é muito legal, porque os fãs das duas acabam abraçando o trabalho. Acho que falta isso sim. Já alcançamos muito, porque há dois ou três anos atrás ninguém participava do show de ninguém. Era cada uma por si, pronto e acabou. Hoje em dia, está melhor, mas ainda falta sim. Falta mais união mesmo.
O público acaba apontando uma rixa entre você e Wanessa, por exemplo, mas eu vi que vocês já cantaram juntas. Como é a relação de vocês?
Nós nunca cantamos juntas, nunca dividimos uma música. Nós fizemos shows no mesmo evento umas duas ou três vezes e já aparecemos no palco juntas. Você perguntou minha relação com ela, né? Não tem muito… Quando a gente se encontra, ela é sempre muito simpática, a gente sempre conversa um pouquinho, porque a gente sempre chega antes da outra entrar no show, então é aquele papo rápido de camarim, aquela coisa simples. Não tem uma relação, comparada à Anitta, que eu converso mais, já fizemos show, já saímos juntas, já tem mais amizade. Com a Wanessa, não. Mas tem esse respeito mútuo e essa relação de trabalho. É como encontrar seu colega de trabalho no corredor e falar, tudo bem, tem uma paz nessa relação.
Quem você gostaria de chamar para uma participação em um show seu?
Ai, eu tenho vontade de chamar muita gente, porque agora com esse show eu tô com vontade de chamar a maior galera… Nem todo mundo eu consigo. A outra vez que eu fiz o “Chá da Alice”, eu chamei a Luka, que marcou uma época muito importante do pop no Brasil e foi incrível. Ela é maravilhosa, super simpática e canta muito. A galera curtiu demais. Tenho vontade de chamar outros artistas, como a Kelly Key. Eu já trabalhei com a Kelly, fui bailarina dela, então tenho vontade de dividir o palco com ela como cantoras. Tenho também vontade de dividir palco com a Wanessa, mas não sei como é a situação. Com a Anitta, já fiz, com a Ludmilla, também já dividi uma música, que foi superlegal. Mas eu queria fazer mais, preparar uma coisa bacana, como eu fiz com a Anitta, que recriamos essa performance.
Tem outra performance icônica você gostaria de recriar?
Tem! Mas não sei se eu falo! Vai que um dia eu faço, vai ser surpresa, né. Mas vou falar… Aquela performance que foi Madonna, Christina Aguilera e Britney. Aquilo ali foi um marco, que elas se beijaram no palco… Aquilo foi incrível! Mas eu preciso ainda de duas mulheres que topem beijar na boca, né? (risos) Mas eu acho que, se fosse refeita, seria incrível.
Quem ainda não viu o show e vai ver, você diria para ficar de olho em que música especialmente? Tem alguma que a performance é mais destruidora?
Tem muita coisa! Tem as minhas músicas, tem versões novas, os covers, tem um momento especial do pop 90s, um momento do pop atual, que selecionei três músicas recentes para fazer… Tem momentos especiais para cada gosto, eu acho. Não tem uma música específica para as pessoas prestarem atenção, mas acho bacana assistirem ao show inteiro e escolherem o que gostaram mais. Tem para quem curte o megaeletrônico, tem uma versão minha que eu falei “Gente, eu tô na Tomorrowland, de tão eletrônico que é isso”. Tem outra versão megapop… Então o show tem vários pontos que chamam atenção.
Para terminar, mande um recado para os leitores do POPline.
Ai, os leitores do POPline causadeiros, eu adoro todos! Toda postagem sobre mim, eu fico muito feliz de ver a felicidade de algumas pessoas por eu ser divulgada por vocês. Eles ficam felizes de me ver ganhando espaço. E que continuem sendo críticos de comentar mesmo, de falar mesmo, porque isso é um termômetro para nós artistas. Agradeço a todo carinho e a receptividade de todos. Estamos juntos! Fiquem de olho no show e em breve vai ter o CD para todos vocês!