Essa é a única explicação plausível para os panos que cobrem o corpo da cantora colombiana em “She Wolf” – ou “Loba” ou ainda, como eu prefiro: Ela Loba. No vídeo, enquanto canta sobre a loba que toda mulher guarda dentro do closet, Shakira desfila com modelos que nenhum membro da família dos canídeos teria coragem de usar. O ápice acontece quando ela coloca um sapato bege e outro preto, ao mesmo tempo para dançar uma música que merecia mais.
Apesar de chamar atenção as roupas não são o principal foco dessa produção, onde Shakira introduz a licantropia, que para a psiquiatria é a capacidade de alguém ter certeza que pode se transformar em um animal. Pois bem, com a lua em seus olhos, como diria o Rouge, Shakira sai do quarto, crente que é uma loba, e se mete a fazer uma coreografia compenetrada e bem articulada, com movimentos que remetem a nossa origem tribal. A dança acontece entre dois ambientes principais, algo que eu acredito ser um ventre gigante e uma gaiola emprestada por todas as outras cantoras que tiveram a mesma idéia antes dela (Ciara, Madonna, Britney, Gwen…).
Antes de você concluir que bom mesmo era aquela Shakira de pés descalços, com a latinidade fervendo, a cantora transforma-se numa espécie de Joelma da música americana fazendo movimentos tribais arriscados e esdrúxulos. Segundo ela mesma, a maior parte da dança foi improvisada. No fim do clipe ela deita na cama, dá um suspiro de conforto e dorme feliz.
Mas alguém me explica como a Shakira conseguiu dormir depois de tudo isso? Jake Nava, o diretor, já fez Crazy In Love e Single Ladies da Beyoncé; My Prerogative e Amy da Britney, Faster Kill Pussycat da Brittany Murphy e trabalhou com Shakira antes em Beautiful Liar. O que houve Jake?! Saudades de La Tortura.