A morte de um dos ícones do universo grunge, Kurt Cobain, impactou não apenas os fãs como Dave Grohl, amigo de longa data do músico e parceiro dele no Nirvana. Em trecho de “O Contador de Histórias – Memórias de Vida e Música”, livro lançado pelo músico em janeiro do ano passado, Grohl faz um desabafo emocionante sobre como teve que reaprender a viver após o suicídio do líder de sua, então, banda.
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“A vida se tornaria uma longa sucessão de primeiras vezes. A primeira xícara de café desde que ele partiu. A primeira refeição desde que ele partiu. A primeira ligação. O primeiro passeio de carro, e por aí vai. Cada passo me levava um pouco mais longe da época em que ele estava vivo. Uma sucessão de momentos em que eu precisava reaprender tudo”.
O trecho em que Dave Grohl descreve como se sentia logo depois da morte de Kurt é um dos mais bonitos da obra. Nesse capítulo, quem se interessa pela história da banda grunge, acompanha de perto a avalanche de emoções que acometeu Ghrol.
Em uma entrevista à Amanpour And Company (via blabbermouth), Grohl respondeu o por que de ter escrito por último o capítulo sobre a morte de Kurt. Ele explicou:
“Porque eu estava com medo de escrever. Uma coisa é escrever sobre levar pontos quando você tem 12 anos ou escrever sobre levar suas filhas ao baile de pai e filha, outra coisa é escrever sobre algo que você mal falou com pessoas próximas a você. Quer dizer, eu revelei algumas coisas nessa história que nunca contei aos meus amigos mais próximos. Fiquei com medo de escrevê-la.
Em primeiro lugar, eu sabia o que as pessoas queriam que eu escrevesse. Acho que as pessoas têm muitas perguntas sem resposta – assim como eu. Portanto, decidi escrever em um sentido emocional muito mais amplo – o processo de perda ou tristeza e luto, e como isso é determinado e como difere de pessoa para pessoa. Sim, foi difícil de escrever.”
Dave Grohl e Foo Fighters
Também nessa entrevista, o músico aproveitou para lembrar como um encontro casual na Irlanda lhe motivou a retomar sua carreira musical e formar o Foo Fighters nos meses após a morte de Kurt. Ele contou:
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Depois que Kurt morreu e o Nirvana acabou, nossos mundos ficaram de cabeça para baixo. Não sei se alguém sabia como continuar ou o que fazer a seguir. Eu pessoalmente não tinha nenhum interesse por música. Eu guardei meus instrumentos. Era difícil para mim ouvir rádio, que era muito diferente pra mim.
E depois de alguns meses, decidi que faria esse tipo de viagem de busca da alma no meio do nada. Eu só queria ficar longe de tudo e de todos. Então fui a um dos meus lugares favoritos – o Ring Of Kerry na Irlanda, onde já tinha estado antes. E é totalmente remoto; não há nada lá. São apenas estradinhas e belas paisagens.
E eu estava dirigindo por uma estradinhas e vi [uma pessoa pedindo] carona à distância e pensei: ‘Bem, talvez eu vá buscá-lo.’ E conforme eu ficava cada vez mais perto, eu notei que ele usava uma camisa do Kurt Cobain. Então, mesmo no meio do nada, eu tinha Kurt meio que olhando para mim. E foi então que percebi: ‘Não posso fugir disso. Eu tenho que ir pra casa. Eu tenho que colocar os instrumentos de volta no meu colo e tenho que continuar tocando música porque salvou minha vida inteira, e eu acho que poderia fazer isso de novo.’ E eu fui para casa e comecei o Foo Fighters.
Ainda bem que Grohl cruzou seu caminho com alguém usando a blusa de Kurt Cobain e decidiu dar início aos Foos. Sem essa inspiração, a banda jamais existiria.