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First Listen: o que tenho a dizer sobre “Girls”, a nova da Rita Ora


A gravadora deixou eu ouvir “Girls” antes do lançamento. O novo single da Rita Ora, com participações de Cardi B, Bebe Rexha e Charli XCX, é a música escolhida para suceder quatro Top 10 sucessivos da cantora na parada britânica – “Your Song” (7º lugar), “Anywhere” (2º lugar), “Lonely Together” (4º lugar) e “For You” (8º lugar). Certamente, é uma aposta cercada de altas expectativas. “Girls” é basicamente uma música sobre a vontade de beijar garotas (o refrão repete “sometimes I just wanna kiss girls, girls, girls”). Sendo Rita uma mulher, isso faz dela uma canção com ares LGBT. Vai ser a “I Kissed a Girl” da Rita Ora, com dez anos de atraso, o que não é mal. Pode se revelar importante para uma nova geração de meninos e meninas, caso faça sucesso.

Quem acompanha a cantora (e o POPline) já é familiarizado com a música, porque Rita a cantou há um ano no festival Radio 1’s Big Weekend na Inglaterra. Uma versão de estúdio (sem as participações) também vazou. Parto do princípio, então, que a letra todo mundo já conhece (se não, basta um Google para chegar nela). A grande novidade mesmo fica por conta do rap inserido por Cardi B, voz que verdadeiramente se destaca das demais. O rap fortalece a faixa em sua reta final, dando novo ânimo, porque fora isso a música é bastante regular e os timbres das três cantoras, nivelados, não se diferenciam muito. Ficou tudo muito parecido. Talvez fosse mais interessante ter convocado artistas de timbres únicos e facilmente reconhecíveis. A favor de Rita, digo que o refrão é pegajoso: girls, girls, girls. Agradável, ainda que não contagiante.

Comparando com os últimos lançamentos de Rita Ora, “Girls” tem outra pegada. É um bubblegum pop, com produção mais teen, a meu ver. O single parece mais com as músicas da Charli XCX do que com o repertório de Rita que conhecemos até agora. Não acho que chega a ser dançante, embora você possa balançar o corpinho com um copo na mão. Rita Ora fala sobre essa música com muita expectativa, diz que é “um hino da força feminina” e não tenho certeza se toda essa potência será alcançada. Eu não a percebi ouvindo “Girls”. Tendo a imaginá-la mais como uma música de descanso na setlist de um show do que como um clímax catártico para a plateia. Há alguns anos, Rita falou sobre sua vontade de fazer uma nova “Lady Marmalade” (2001)… espero que saiba que não é este o caso com essa música aqui. Longe disso. Não chega a ser marcante. Rita é uma artista que vem crescendo demais no Reino Unido, mas não me parece que “Girls” colabora com essa trajetória.

O clipe já está gravado e, dependendo do que vier, pode injetar um gás na maneira como o público vai receber a faixa. Eu não sei se beijos lésbicos causam alguma comoção na cultura pop em 2018 (Madonna, Britney e Christina fizeram isso há 15 anos, quando o tema ainda era um tabu). Vi que, nesta semana, teve gente impactada com o beijo do Eriberto Leão e do Rafael Zulu na novela das 21h, então vai saber. Pode incomodar alguém. Mas, pelo que Bebe Rexha disse em uma entrevista, o clipe parece ser água com açúcar: “o vídeo não é algo que você acha que vai ser, é tipo auto-amor… Lógico que a música é sobre beijar garotas, mas é também sobre se apaixonar por você mesma e querer beijar você mesma”. Hummm… Tudo bem, Katy Perry também conseguiu fazer o clipe de “I Kissed a Girl” sem beijar ninguém. LGBT de Taubaté, aqui vamos nós outra vez.

“Girls” sai sexta-feira, 11 de maio.