Por Renato Nassar
Quando Lady Gaga foi anunciada em março desse ano como a substituta de Beyoncé como headliner no Coachella, pairava uma dúvida sobre que caminho ela tomaria no festival, às vésperas de embarcar para a turnê mundial “Joanne”. Todas as questões se dissiparam no show de ontem em Indio, na Califórnia, quando Gaga não só desfilou todos os seus hits, como de surpresa, lançou um novo single com uma sonoridade completamebte diferente de tudo que já fez.
É curioso o paralelo Beyonce-Gaga nesse festival porque enquanto a primeira, em suas últimas performances (como por exemplo no Grammy), flertou com a mitificação de si própria e com imagens de divindades, a segunda, reconhecidamente personagem de si mesma, baixou a bola. Gaga está cada vez mais autêntica, mais clean, mais ela, sem vestidos de carne ou aparições dentro de um ovo, em um versão “less is more”(menos é mais), que tem atraído cada vez mais fãs – para um certo ciúme da sua base mais fanática, os Little Monsters.
Foi o que aconteceu no Coachella: Gaga não tocou para seus fãs hardcores, mas para uma platéia diversificada e endinheirada, badalada, de instagrammers, youtubers e blogueiros, que de estranha não tinha nada. Não que ela tenha abandonado seus fãs: a cantora apenas cresceu e saiu do gueto, mesmo a contragosto de uma minoria. E para agradar a um público bem mais abrangente, Gaga trouxe uma sucessão de hits em série, como “Poker Face”, “Applause”, “Just Dance”, “Telephone”, “Edge of Glory” e “Alejandro” (cantada em coro) e “Bad Romance”, seu maior hit, que fez a plateia delirar.
Da fase mais recente “Joanne”, uma versão remix baladinha de “Million Reasons” conquistou a multidão que assistia, além de “Ay-O” e “John Wayne” com coreografia sensual. “Perfect Illusion” ficou realmente só na ilusão e não entrou no setlist, devendo ficar mesmo para a “Joanne Tour”.
E Gaga surpreendeu todo mundo com o lançamento de um single em pleno show (já no Itunes), a bonitinha “The Cure”, com pegada R&B e completamente diferente de tudo que já fez. A música é um tiro certo pras rádios que tocam apenas o Top 40 e que com uma produção que poderia ser tranquilamente do Diplo ou do DJ Snake – e que levanta uma lebre: se Gaga já virou a página do country-sofrência de “Joanne”, antes mesmo de fazer sua turnê. É o que parece, e que mais singles como esse virão por aí.
Bom para os brasileiros, que verão a cantora em setembro no Rock in Rio e provavelmente assistirão a essa versão do show, mais recheada de novidades. O fato certo é que: Gaga não vai decepcionar ninguém – nem seus fãs mais fervorosos nem os que acabaram de serem conquistados. Vem mais lacre por aí!