Em ótima fase, a rapper Karol Conka foi escolhida para a capa da nova edição da revista TPM. Ela e a atriz Maria Ribeiro posaram juntas para o ensaio fotográfico, e deram uma entrevista em clima de bate-papo para falar de fama, racismo, monogamia, bissexualidade, filhos e até antidepressivo. Assim, francamente.
SEXUALIDADE
Karol: Eu sempre soube que era bi, desde pequena. Não namorei, mas já fiquei, transei. Na minha cabeça, acho que não conseguiria namorar mulher. Vou emprestar a frase da Maria aqui: “Acho que ainda não achei a mulher certa!”.
FAMA
Karol: Venho me preparando pra fama há anos. Botei aparelho aos 16 porque sabia que um dia ia ficar famosa e queria estar com sorriso lindo na televisão. Tipo: louca. Claro que tem coisas que me irritam: em qualquer lugar que eu vá parece que tenho que dar entrevista, dizer qual o segredo do meu sucesso, como se tivesse um. E, se eu falar que não estou a fim, dizem que não sou humilde. É louco como te querem disponível o tempo todo. Não me deslumbro porque sou centrada, de boa. Muito pé no chão. Depois das Olimpíadas, uma galera que nunca tinha ouvido falar de mim me conheceu, virei a “menina das Olimpíadas”… parece que o fato de você aparecer na Globo te torna especial. Isso me incomoda um pouco.
RAP OU POP?
Karol: Na verdade, eu sempre fui pop. Conheci o rap com 16 anos, mas era totalmente diferente da turma. Tentava me encaixar e me inteirava do “que não pode”. Mas tudo que não podia era bem o que eu gostava. Me esforcei pra fazer uns raps mais sérios… Só que teve um momento que me libertei, assumi meu jeito colorido e gritei: isso é rap também. Raspei o cabelo, pintei de rosa, fui pro Japão, comprei umas roupas loucas… Na volta, comecei a ser chamada de fashionista [risos]. Desde pequena me falam: “Você acha que é tudo oba-oba, que tudo é festa?”. Sim! Tudo é festa! E eu gosto que todos os momentos sejam felizes e que dê pra curtir.
Revista: Sem antidepreivo?
Karol: SEM!!! Não gosto de tomar remédio. Maconha, sexo e aplausos bastam [risos]!
RACISMO
Karol: Estive na creche onde eu sofria preconceito. Depois de falar sobre todo preconceito que sofri por parte dos professores, teve gente me escrevendo e me parando pra dizer: “Sou professor e nunca faria isso”. Não mudou. Tenho uma priminha de 13 que está na escola ouvindo xingamentos mais evoluídos. Quando um negro fica famoso, com dinheiro, ele não é negro, é sortudo. É assim que a gente aprende. Virei uma “negra branca”. Fui conhecer o mar com 11 anos com uma amiga que era classe média. Ela era filha única, o pai tinha morrido, e foi pra fazer companhia pra ela que acabei indo pra praia. Um dia, fiquei cansada e deitei na rede, aí ela falou: “Vem brincar agora! Você tá aqui pra me servir”. Lembro direitinho, ela falou: “É igual na época dos escravos”. Digamos que isso não acontece mais.