Em 15 de abril de 2021, Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se elegível para a corrida presidencial de 2022. Foi a partir daí que o canal do compositor Júlio Hermínio Ludz, de 41 anos, o Juliano Maderada, ganhou uma nova roupagem. O artista passou a escrever e gravar jingles em apoio ao candidato petista.
Foto: YouTube/Banda Maderada
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Essas músicas eram compartilhadas todos os dias no canal do YouTube da banda Maderada, a qual o compositor faz parte. Rapidamente, jingles como “Hi, Lula, Eu Vou Votar em Tu” e “Tô Com Saudade do Tempo de Lula” conseguiram furar a bolha da plataforma e passaram a compor conteúdos no TikTok e outras redes sociais.
O foco em músicas com tema político e em apoio a Lula tem dois motivos. O primeiro é que Júlio é um eleitor assíduo do petista e queria colaborar com a campanha de Lula. O segundo é porque durante a pandemia, com a suspensão de eventos por causa da pandemia de Covid-19, o compositor, que já trabalhava com jingles, encontrou uma alternativa para divulgar o seu trabalho e vencer este momento complicado.
“Era uma forma de ganhar dinheiro no período da pandemia, eu não tinha outra coisa para fazer além de tentar alguma coisa. (…) Aí eu tentei no canal, comecei a postar música de Lula, desde o dia em que Lula ficou elegível, eu comecei a postar uma música por dia. O canal já era monetizado e aí começou a dar umas ‘coisinhas’ que dava para pagar umas continhas por mês e tentar vencer a pandemia.”
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O que Júlio não esperava é que suas músicas fossem viralizar tanto. Nesta semana, o seu último lançamento, uma parceria com Tiago Doidão, que também faz parte da banda Maderada, atingiu o 2° lugar no Spotify Viral Brasil.
“Eu não imaginava que ia tomar essa dimensão, entendeu? Eu achei que ia monetizar o canal, que ia ganhar como já tava ganhando por mês, uns trocadinhos, e só isso. Não achei que ia chegar nesse nível.”
Pois é. Superando as expectativas do Júlio, as músicas começaram a se espalhar em outras redes. Além do marco no Spotify, o jingle que pede a não reeleição do candidato do PL já bateu mais 900 mil visualizações no YouTube. O compositor conta que foi difícil convencer Tiago a gravar uma música politizada, mas a inspiração bateu e assim acabou nascendo o hit que é o sucesso das Eleições 2022.
“Ele veio aqui para cantar outras músicas. Ele não queria participar muito assim do processo, mas eu convenci ele: ‘Vamo, vamo, tá na hora! Vamos fazer alguma coisa!’ Ele veio para Iguai, eu convenci a cantar “Hi, Lula, Eu Vou Votar em Tu”, que é minha também, ele gravou outras músicas aqui. Aí tava rolando na televisão essa frase ‘tá na hora do jair!’ e ele me chamou para fazer essa música, eu falei: ‘Umbora!'”
A composição deu certo e a dupla resolveu gravar o clipe. Júlio, que é de Iguaí (Bahia), e Tiago, que mora em Vitória da Conquista (Bahia), escolheram a cidade de Ibicuí, também no estado baiano, para gravar o vídeo. E foi na terra dos artistas que a canção mais fez sucesso. A melodia ganhou espaço em eventos, carros de som, e outros canais, até chegar ao topo do Spotify Viral Brasil.
No entanto, apesar do sucesso com as músicas do canal, Júlio contou que só conseguiu monetizar com a plataforma de vídeos. Ele explica que parte da dificuldade em arrecadar valores nas outras redes é pela luta em dominar as normas exigidas, já no YouTube o processo é mais simples.
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Questionado se já foi procurado para gravar algum jingle em apoio a Bolsonaro, o compositor diz que já foi contatado por políticos apoiadores do candidato do PL, mas não aceitaria por não compartilhar com as mesmas ideologias.
Sua vontade mesmo era conseguir colaborar com a campanha de Lula, a partir do seu trabalho. Porém, não conseguiu conversar com o Partido dos Trabalhadores, o qual o político faz parte. “Tentei várias vezes, o pessoal respondia, depois não respondia mais.”
Mas para alegria de Júlio, ele conta que conseguiu entrar em contato com a equipe de Lula quando o candidato esteve na Bahia e o encontrou pessoalmente. Questionamos o motivo da sua admiração pelo político e porque votará nele no domingo (30).
“Eu presenciei boa parte do governo Lula e tô vivendo o do Bolsonaro. Quando Lula era presidente a gente tinha uma facilidade melhor de conseguir as coisas. Já Bolsonaro não demonstra que gosta de inclusão social, parece que não gosta de educação e esse ódio que foi disseminado entre as pessoas. Ele não tem empatia pelas pessoas. Não teve na pandemia, nem na questão social.”
Confiante, ele acredita na vitória do petista no segundo turno das eleições presidenciais.
“Eu acho que Lula vai ganhar porque Bolsonaro teve muita dificuldade nessa última semana. Ele tá só se defendendo de problemas e tentando consertar as coisas. Se no debate de amanhã (28) não tiver um fator diferente que possa mudar isso aí, eu só vejo a vitória de Lula.”
Porém, ele já avisa que, dependendo do cenário político dos próximos quatro anos, continuará fazendo seus jingles e dando sua opinião.
“Pelo canal e por Lula, pode ser que eu faça, né? Ou para combater o extremismo. A gente precisa ficar atento e fortalecer isso, porque se não eles voltam muito mais fortes.”
