Na noite do último dia 13 de abril, quinta-feira, um engano acontecia. E, por conta disso, por pouco mais uma vida preta não era tirada… Na ocasião, o adolescente Ralph Yarl, de 16 anos, foi buscar seus irmãos na casa de uns amigos e, após se enganar e tocar a campainha de uma outra residência, foi baleado por um homem branco de 84 anos, Andrew Lester. O acontecimento, que se deu em Kansas City, em Missouri, nos Estados Unidos, repercute a nível mundial e mobiliza vários artistas norte-americanos.
LEIA MAIS:
- Fred Nicácio no BBB23: Intolerância ou racismo religioso?
- Jornalista da Rolling Stone é acusado de racismo após resposta a The Weeknd
- Camilla de Lucas denuncia racismo contra o noivo em condomínio de luxo
Logo após o ocorrido, o jovem ferido foi hospitalizado em estado crítico e, neste domingo (16), foi liberado. O criminoso, por sua vez, fora detido e submetido a uma prisão investigativa de 24 horas. Na sequência, o proprietário da residência onde se passou o crime foi liberado até que a investigação fosse concluída.
No caso, não há imagens de câmeras que tenham flagrado o crime nem relatos de testemunhas que estivessem próximas ao local, o que conferiu maior dificuldade à conclusão da investigação. Todavia, os advogados contratados pela família da vítima, Lee Merritt e Ben Crump, emitiram no final de semana um comunicado cobrando uma ação imediata no que dizia respeito à responsabilização do atirador.
Agora, já há confirmação de que Andrew Lester irá responder por dois crimes: agressão e ato criminoso com arma de fogo. Uma delas, inclusive, pode acarretar em pena de prisão perpétua.
O acontecimento, que virou manchete em veículos de imprensa do mundo todo, vem sendo repudiado em peso pela classe artística dos Estados Unidos, que se mobiliza em prol de Ralph Yarl, a favor dos direitos humanos e contra o racismo e o porte de armas. Madonna, Justin Timberlake, Jennifer Hudson, Naomi Campbell, Lauren Jauregui e Halle Berry são alguns dos artistas que já se pronunciaram nas redes sociais e demonstraram apoio ao jovem baleado duas vezes na cabeça.
Veja os depoimentos:
Sending my prayers to #RalphYarl for his recovery and justice to be served
From #Madonna #InstagramStories pic.twitter.com/HMKZqUm0v3
— MadonnaPopCrush ️ The Celebration Tour (@Madonna86049046) April 17, 2023
#RalphYarl accidentally rang the door of the wrong house while trying to pick up his siblings. For this, a man shot him in the head. Then shot him a 2nd time as he was on the ground. The man is free and the 16-year-old is fighting for his life in the hospital. This can’t be it. pic.twitter.com/pcs8retddo
— Justin Timberlake (@jtimberlake) April 17, 2023
My God !!! Heartbroken for this young man and his family. Praying for his complete recovery ! #RalphYarl pic.twitter.com/zm6Cl3JuSu
— Jennifer Hudson (@IAMJHUD) April 17, 2023
Sending so much love and healing to this beautiful boy & his family…I can’t even fathom the pain they must be in. Praying that they hold the monster who did this accountable. The fact he wasn’t immediately arrested for shooting a child point blank is outrageous. #RalphYarl pic.twitter.com/IWm7nDhDFj
— Lauren Jauregui (@LaurenJauregui) April 17, 2023
His name is #RalphYarl and I’m sick and tired of this feeling…my heart completely broke when I learned this precious 16-year-old, who accidentally rang the door of the wrong address in an attempt to pick up his siblings, was shot in the head… (1/3) pic.twitter.com/4VaZo7EFVE
— Halle Berry (@halleberry) April 17, 2023
Acompanhe a versão traduzida do que os artistas disseram:
LEIA MAIS:
- Após viagem, Gleici Damasceno chora ao denunciar racismo em aeroporto
- Machismo, racismo e gordofobia: o perfil do Gabriel no BBB23
- Fã clube de SZA reporta racismo praticado por alguns fãs de Taylor Swift
E aqui no Brasil… Quantos artistas se posicionaram sobre o entregador que foi chicoteado por uma mulher no RJ?!
O entregador de delivery Max Angelo dos Santos, de 36 anos, não chegou a ser baleado como Ralph Yarl, porém teve a sua moral ferida e foi publicamente agredido e humilhado pela ex-atleta, professora de vôlei e nutricionista Sandra Mathias Correia de Sá.
No último dia 9, enquanto passeava com seu cachorro em São Conrado, na Zona Sul do Rio de Janeiro, Sandra teria se irritado com o fato de Max e outros entregadores estarem ocupando a calçada e, não satisfeita em dar um soco no trabalhador, decidiu chicoteá-lo com a coleira de seu cachorro.
A agressora foi depor nesta segunda-feira (17), como parte de uma investigação por injúria e lesão corporal. Agora, Sandra fará um exame de corpo de delito para avaliar possíveis marcas e lesões.
O vídeo do flagrante da agressão viralizou nas redes sociais e o acontecimento repercutiu na mídia. Após comoção e mobilização pelo que sofrera o entregador, o apresentador Luciano Huck e o ator João Vicente de Castro organizaram uma vaquinha para que Max pudesse realizar o sonho da casa própria. Em menos de 48 horas, a arrecadação já havia ultrapassado R$210 mil.
Ver essa foto no Instagram
Uma publicação compartilhada por João Vicente De Castro (@joaovicente27)
Mas, a questão que fica: quantas pessoas tomaram conhecimento do crime através das redes sociais e dos veículos de imprensa e quantas delas ficaram sabendo por meio de artistas se posicionando? A classe artística brasileira deu a visibilidade que merecia o caso diante de seus milhares de seguidores?
Além de Luciano Huck e João Vicente de Castro, não foram muitos os artistas e influenciadores que foram à internet debater o assunto. A ausência foi sentida até mesmo entre aqueles artistas pretos que defendem constantemente a causa, e são vistos como agentes principais dela.
Há, então, uma ponte que diferencia a postura diante de casos como esses entre as culturas norte-americana e brasileira. O que será que acontece?