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“Jojo Como Você Nunca Viu”, um álbum que retrata as raízes de Jojo Todynho no samba

A cantora estreou seu primeiro disco fora do funk nesta sexta-feira (19) e contou sobre suas referências.
"Jojo Como Você Nunca Viu", um álbum que retrata as raízes de Jojo Todynho no samba
Foto: Divulgação / Wyssbrazil

Diretamente do funk para o samba e o pagode, Jojo Todynho lança seu primeiro álbum neste gênero, o “Jojo Como Você Nunca Viu”, nesta sexta-feira (19). O disco conta com 10 faixas, entre regravações e músicas inéditas, mostrando as origens da cantora e um amadurecimento vocal. Ela contou também que a seleção de cada canção foi criteriosa para levar mensagens necessárias ao público.

Foto: Divulgação/ TV Globo / Wyssbrazil

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Para quem conheceu Jojo em “Que Tiro Foi Esse”, ou “Acordei Gostosa”, não imaginava o potencial que a cantora teria para o samba. Ela ressaltou que esta foi sua idealização na música desde que se juntou à sua gravadora, a Universal Music. “Esse é um álbum que eu peço desde 2017, quando eu entrei na gravadora tínhamos este projeto. Neste percurso de música, show, foi uma coisa que ficou de stand-by”, contou.

“Aquele momento ainda não era o certo porque ‘Que Tiro Foi Esse’ tinha estourado de uma forma que ninguém imaginava e aí a gente pegou um embalo no funk, mas minha idealização era já ir para o pagode”, disse.

Agora, a cantora aponta que pode provar seu potencial para as pessoas que duvidavam do seu talento. “Estou nervosa porque é um sonho se realizando e também para tirar isso das pessoas que ficam no preconceito comigo, tipo: ‘A Jojo não canta nada’. Isso me magoa porque já fiz feat com o Imaginasamba, a galera do Di Propósito”, destacou.

“Agora estou lançando meu álbum e posso mostrar que realmente o funk não me dava esta oportunidade de mostrar o meu talento. Só que com o pagode e cantando tudo que eu gosto, eu estou mostrando um outro lado da Jojo para eles, que realmente nunca viram e vão ver agora”, garantiu Jojo Todynho.

Experiência no funk

O álbum foi gravado em 2021 e conta com o renomado produtor musical Prateado, que já gravou com Thiaguinho, Ferrugem e diversos nomes do pagode e samba. Desse modo, é possível dizer que Jojo estreou com o pé direito. Mas, para que pudesse chegar hoje neste patamar, o funk deu a ela uma oportunidade de amadurecimento.

“‘Que tiro foi esse’ e tantas outras músicas que eu venho gravando no decorrer destes cinco anos veio trazendo uma maturidade para escolher o repertório certo, o que eu quero trazer para este novo álbum, nesta nova jornada. É um amadurecimento de voz, o que eu quero que o público entenda. Minhas idealizações de música mudaram, o que eu quero atingir, que o público entenda de mensagem”, ressaltou.

Ela conta que cada música no álbum foi pensada para levar um recado. “Para a menina que vive em um relacionamento abusivo, para a garota que gosta de viver a vida, que as pessoas falam ‘é piranha’ e falar ‘sou piranha mesmo, qual o problema?’. Fui fazendo representando cada coisinha, meu bairro, todas essas coisas”, disse.

Foto: Divulgação/ TV Globo / Wyssbrazil

Jojo Todynho fala de suas referências

De acordo com Jojo Todynho, ela pretende dar continuidade ao trabalho de tantas outras mulheres que viram antes e abriram portas para outras. “As pessoas que vieram à nossa frente, como Dona Ivone Lara, Jovelina Pérola Negra, Alcione, Beth Carvalho, várias outras mulheres do samba, que tenho muito carinho, são vozes que marcaram e vão marcar nossa vida para sempre, se tornaram deusas, ícones”, disse.

“Mas hoje a Alcione não consegue fazer um show como antigamente porque já está idosa. Aí eu fico pensando: ‘E quando elas forem embora? Quem vai dar continuidade a este trabalho f*da que ela e tantas outras mulheres sambistas fizeram?’”, refletiu.

Ela ressaltou que outras colegas da música, como Ludmilla que também está no pagode, dão continuidade a este trabalho e que agora também se junta à elas. “Estão vindo pessoas maravilhosas no samba e pagode, como Márvila, Ludmilla, eu agora entrando no samba, e várias outras mulheres. Eu fico muito feliz desse legado não se acabar, tudo são caminhos que abrem”, destacou.

Mas, segundo Jojo Todynho, ela pretende vir com outra ‘pegada’ e contou sobre suas referências. “O pagode é um ritmo mais estilo da Lud, Márvila, outras meninas. Eu gosto do samba raiz mesmo, que é Benito di Paula, Zeca Pagodinho. Minha pegada é trazer músicas mais antigas e fazer regravações. No segundo álbum tem muita música que é samba muito antigo e eu estou trazendo para a atualidade e dando um ar mais jovial”, disse, dando spoiler do que vem por aí.

E para além disso, a cantora ressaltou a própria importância do pagode e do samba em suas raízes. “O samba e pagode hoje caíram na graça do povo, mas antes era visto como música de preto, gente favelada, assim como funk. Hoje é uma coisa cultural, que todo mundo ama, mas já é nosso, de ancestralidade. Então eu cresci no pagode, faz parte da minha vida mesmo que eu cante funk, MPB”, afirmou.

Foto: Divulgação/ TV Globo / Wyssbrazil

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Homenagens

Com tudo isso, o repertório foi escolhido rigorosamente por Jojo Todynho, para mostrar algumas de suas referências. A principal delas é a música “Garota Nota 100”, de MC Marcinho, que é uma homenagem ao pai.

“Meu pai foi uma pessoa muito importante na minha vida, faz 15 anos que ele foi embora. Eu sou fã do MC Marcinho por causa do meu pai e foi uma forma de citar ele em um dos momentos mais importantes que estou vivendo da minha vida”, contou.

A ideia veio de forma natural: “Quando pensei em fazer o álbum eu falei que precisava fazer uma música homenageando meu pai, porque assim como eu, ele amava música, dançar.

Ela ainda brincou: “Embora eu não danço nada, não sei o que eu fui fazer na ‘Dança dos Famosos’, só me boto em furada. Mas eu fui porque acho que a dança está muito relacionada à música.

Mas, além desta homenagem, ela também quis retratar suas próprias raízes, no bairro Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro. “Eu queria uma música que se chamava Bangu, que é o bairro onde cresci. São várias referências marcantes de lá. Quando ouvi a música, eu pirei, e tive que fazer uma homenagem ao meu bairro, onde nasci, cresci, me tornei mulher e ganhei o mundo”, destacou.

“Eu posso ir para cada canto do mundo, mas falo que eu troco todos estes lugares para estar tomando uma cerveja com minha galera em Bangu. Gosto de estar com a minha família, meu povo”, disse.

Além disso, ela conta que a importância de ter uma referência deste tipo: “A importância de retratar meu bairro é lembrar e nunca esquecer de onde a gente veio. Eu vivo o estrelato, mas não me quis estrela. Se eu precisar voltar para onde saí, eu volto de cabeça erguida. Se tiver que vender água no sinal, eu vendo. Mas a vida é isso aí, com altos e baixos, e a gente não pode nunca esquecer de onde viemos.

“Isso também é uma das respostas para todas as pessoas que me tacam pedra diariamente, que é fazer o meu sucesso, tratar todo mundo sempre muito bem da forma que eu gosto de ser tratada. E mostrar a realidade do bairro, que é muito carente, mas feliz. O calor da comunidade é muito legal”, afirmou.

As outras canções escolhidas para as regravações também são cheias de referências. “‘De onde eu venho’ é retratando a minha raiz. ‘Sambando na roda’, eu adorava ficar na roda dos pagodes com o copinho de cerveja. A ‘Maria do Socorro’ é uma música de quando eu era piranha, agora eu sou lagosta porque casei, sou uma nova mulher. Mas eu fiz representando também minhas amigas que são da cachorrada”, brincou.

‘Querendo causar’ é aquele homem que gosta de fazer gracinha e depois fica pedindo para ficar com a mulher. ‘Lindo lago do amor’, essa música ouvi pela primeira vez na voz de Beto Ferreira, e eu ficava cantando muito quando estava na Fazenda, cuidando dos patinhos. ‘Sempre Cabe mais um’, representando minhas amigas terroristas”, disse.

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