Depois de 4 anos de espera, Jaloo está de volta. O novo disco da artista paraense, “MAU”, chegou nesta quarta-feira (25) às plataformas digitais. Encabeçado pelo single homônimo e sem parcerias, o álbum apresenta uma tracklist de 10 faixas, todas assinadas por Jaloo, e uma variedade sonora interessante, além de letras que convidam o ouvinte a uma reflexão acerca da dicotomia entre o bem e o mau.
Conhecida por mesclar música eletrônica com os ritmos regionais do norte do Brasil, Jaloo foi além da premissa em “MAU”. O disco, que serve como sucessor para “FT (Parte 1)”, de 2019, é, segundo a artista, um trabalho em que “deixou para trás o desejo do outro” e a partir daí decolou em voo completamente solo. Ela descreve “MAU” como um álbum que celebra “sua luz e sua sombra”, como um casamento com seu lado mais obscuro.
Essa temática ficou estampada na capa do disco, em uma foto marcante clicada pelo fotógrafo Ivan Erick, onde Jaloo aparece com longos cabelos pretos, evocando uma imagem profana de um anjo que é abraçado por um demônio celestial. A mesma ideia é colocada em cheque na música abre-alas do disco, “MAU”, que celebra o ser humano em todas as suas facetas, seus desejos mais reais e brutais e a sua própria humanidade.
Com a narrativa criada, Jaloo segue a tracklist do disco com músicas e composições que provocam o ouvinte, trazendo-os para cada um dos dois lados: sombra e luz. A faixa “Pode”, por exemplo, apresenta ambos, já que a letra nada mais é do que um jogo de palavras que formam uma conversa entre duas pessoas. Já em “Quero Te Ver Gozar”, lançada previamente, a artista brinca com o emprego do verbo gozar, fazendo alusão a finalização do ato sexual, mas trazendo, na verdade, o melhor do vocabulário psicanalítico no significado de gozo.
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“É minha marca registrada, músicas para chorar e dançar no dancefloor,” disse Jaloo através de seu perfil no Instagram, ao responder um fã que lhe perguntava sobre músicas com “sofrimento”. De fato, a cantora alcançou notoriedade com músicas mais melancólicas, como “Say Goodbye”, “Last Dance”, e “Ah! Dor”, mas essa veia “mais sofrida” segue intacta em sua obra. “MAU” talvez seja menos explícito, mas ainda conta com faixas como “Profano”, que tem uma produção com um quê de George Michael, e “A Verdade É Que a Cidade Vai Me Matar”, que certamente serão as favoritas de seus seguidores mais antigos.
Ainda entre as músicas para chorar e dançar, há “Ocitocina”, que invoca o hormônio do amor, união e bem-estar em reflexões sobre isolamento e a troca de afeto e como a falta da mesma pode influenciar comportamentos.
Na contramão, em “MAU”, Jaloo também apresenta sonoridades bem diferentes do que já fez no passado. “Phonk-Me” é uma das músicas que pode fazer seus ouvintes mais fiéis arregalarem os olhos, principalmente pelo efeito na voz da cantora, que a deixa mais grave. Certamente o phonk de Jaloo, que tem trechos em português, inglês e francês, causa impacto.
Já “Tudo Passa” deixa qualquer fã de ska com um sorriso no rosto. No refrão, a música conta com uma referência clara a “Monkey Man”, grande clássico do Toots and The Maytals, que ganhou versão do The Specials e até Amy Winehouse. Há espaço também para o piseiro em “Pra quê, amor?”, música dedicada “aos corações mais exaustos” e que traz as vocalizações clássicas do gênero.
O terceiro álbum de estúdio de Jaloo pode ter demorado a chegar, mas quando se dá o play entende-se porque sentimos falta de artistas como ela. Passando longe das obviedades do mercado musical atual, a cantora reitera sua identidade sem medo e se coloca, mais uma vez, no lugar de trendsetter.
MAU ao vivo
Jaloo iniciou as apresentações de sua nova era com um show no festival Sangue Novo, em Salvador, na Bahia, que aconteceu no último final de semana. Na ocasião, as faixas “MAU”, “Quero Te Ver Gozar” e “Pode” já apareceram na setlist. Entretanto, um show especial de lançamento do álbum está sendo preparado e acontecerá em São Paulo, em 2024.
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Atualmente, na agenda da cantora já há show anunciado no Pará. Jaloo é uma das atrações confirmadas do festival Psica, que acontecerá no Estádio do Mangueirão, em Belém, nos dias 16 e 17 de dezembro e ainda contará com shows de Jorge Ben e Alcione com MC Tha.