Divulgação em redes sociais, venda para plataformas digitais, produção de shows online, financiamento de projetos, direitos autorais… esses dentre muitos outros pontos que envolvem a indústria da música, por vezes são assuntos ainda “nebulosos” na gestão de carreira e, principalmente, para os artistas independentes.
É nesse contexto, de democratizar a informação e elucidar as etapas que envolvem um lançamento musical, que o experiente músico e produtor francês, radicado no Brasil desde 2005, Jacques Figueras lançou a VII edição do curso online “Novo Cenário Musical Ao Vivo”. O objetivo deste ano é mostrar o roteiro completo de um lançamento do começo até o fim. “Ou seja, desde o financiamento do projeto até o show de lançamento, passando pelo lançamento em plataformas de streaming”, revela Jacques.
“O evento vai ser muito prático, com passo a passo e dicas objetivas que os participantes implementarem para os seus lançamentos. Ao comprar o ingresso, os participantes terão acesso às gravações do evento durante dois anos”, explica o produtor, ganhador de dois Grammy Awards.
Invadindo a caverna do lançamento musical
De um modo geral, apesar de não ter uma fórmula específica, o lançamento musical compreende fases muito bem definidas e que precisam ser respeitadas para que o objetivo seja alcançado. Pensando no momento atual, em que o consumo está sendo mais rápido, o POPline.Biz é Mundo da Música, bateu um papo com Jacques para entender como ele enxerga esse atual momento do mercado.
Para ele, o artista precisa estar atento ao seu público, não deixar de interagir com a sua audiência e viver em um eterno “pré-pré-lançamento”. “A boa notícia é que hoje é possível, antes não era. Você só falava quando tinha novidades. A outra boa notícia é que quando você faz um bom pré-pré-lançamento e um bom pré-lançamento, você pode encurtar o lançamento”, explica.
“A imagem de tudo isso seria a seguinte: imagine o artista em sua caverna. Antes era assim, o artista passava meses na caverna e quando decidia sair com a obra pronta, ele ia para a mídia e conseguia mostrar essa obra para o público. Hoje o jogo mudou! Se você fizer isso… já era! Quando você sair da caverna, ninguém estará te esperando”, completa.
Segundo ele, um bom intervalo de tempo para planejar um lançamento, incluindo o pré e o pós, é de 30 a 45 dias, e orienta que, perto do lançamento, o artista deve regularmente apresentar o andamento da sua obra. Assim, quando lançar, terá um público o esperando “na frente da caverna”.
“Em geral, o maior problema é a falta de planejamento. A enorme maioria dos artistas não sabe fazer um planejamento e simplesmente joga a música nas plataformas digitais. E então o que acontece? A música fica pegando poeira nas prateleiras do Spotify, Deezer e Youtube”, conta Jacques. E orienta: “ter um planejamento, mesmo que básico, já resolve boa parte dos problemas”.
Mas, para ele, há outros erros que podem fazer uma música não “virar” em seu lançamento. Um deles é não investir na divulgação. “Eu sou muito fã dos anúncios pagos nas redes sociais, e vejo que infelizmente, muitos artistas não entenderam a importância dessa ferramenta e continuam apostando no alcance orgânico. E quando você verifica uma falta de planejamento com uma falta de investimento em divulgação, você entende porque a maioria dos lançamentos não alcançam o sucesso”.
Com 25 anos de experiência no mercado, Jacques não se vê refém dos algoritmos. “Essas redes sociais me emprestam o terreno. Eu jogo, mas a bola é deles. Enquanto eu não puder montar meu próprio playground eu vou me adaptar e pronto. E sinceramente, as redes sociais ainda são o jeito mais barato e eficiente de divulgar qualquer coisa, inclusive música. Eu gosto desse jogo!”, explica.
Pandemia x Novas alternativas de monetização
A pandemia provocada pelo Coronavírus fez com que milhares de shows fossem cancelados durante o último ano, isso, de fato, impactou fortemente o mercado do entretenimento, e principalmente os artistas independentes que viam nesse modelo a principal forma de monetização.
Questionado sobre quais as alternativas que ele enxerga para um artista monetizar hoje, já que o retorno financeiro digital ainda é restrito, Jacques é categórico em dizer que não acredita na ausência de shows.
“Ainda tem show! Mas em formato diferente. Os alunos do meu curso Novo Cenário Musical estão conseguindo faturar com shows online e isso é fantástico de acompanhar! Eu diria até que muitos ganharam mais em 2020 e 2021 do que antes”, conta. E traz outras alternativas como: Ensinar online; Gravações a distância; Lives patrocinadas e corporativas; e financiamento coletivo.
“Acredito que o primeiro passo para enxergar essas opções é passar a enxergar a sua música como um negócio e não como um hobby (um hobby caro, no caso da música). Quando você entender que o seu negócio não pode parar, você buscará alternativas”.
Mais sobre o curso…
Há cinco anos, Jacques organiza o NCM Ao Vivo, em versão presencial, o curso já contou com a participação de diversos profissionais, tais como: Nelson Faria, Tó Brandileone, Maurício Bussab, Marina Mattoso, Lu Araújo, Pena Schmidt, Benjamim Taubkin, Maurício Fonteles, Fabio Torres, Leandro Silva da BM&A, PlayAx, Júlio Maria, Edson Natale, dentre outros. Nas edições anteriores, o evento foi apresentado nos auditórios do MASP e da UNIBES Cultural.
Para esta edição, o time de especialistas convidados são: Elisa Eisenlohr, da Editora Warner Chappell; Peter Strauss, da UBC; Maurício Bussab e David Dines, da Tratore;
Larissa Novais, da Benfeitoria; Fabrício Nobre, do Festival Bananada, Blue SP, Cine Joia; e alguns alunos que já participaram do de outras edições do curso para dar dicas do que mais funcionou para eles na linha de frente.