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Indy Naíse convida Drik Barbosa e D’ogum para o seu novo EP

Os três artistas conversaram com o POPline e falaram de afeto, espiritualidade e música

Vitor Manon

Os olhos de Indy Naíse brilhavam enquanto ela ouvia a veterana Drik Barbosa falar, em um bate-papo com o POPline, sobre a sua participação em seu EP visual “Esse É Sobre Você“, produzido por Rincon Sapiência e com direção vocal de Yasmin Olí. Além da dupla feminina do rap, o rapper D’ogum também participou desta conversa via zoom. Ele não só é noivo da cantora, como também divide com ela a faixa “É sobre você“.

O projeto completo será disponibilizado nas plataformas digitais no dia 18 de Junho, mas “Lírios”, carro-chefe do EP, foi lançada nesta véspera de dia dos namorados. A música fala, principalmente, sobre afeto pelo outro, proteção, cuidado e espiritualidade. Um abraço aconchegante durante o segundo dia dos namorados em uma pandemia e após acontecimentos tão trágicos, como a morte de Kathleen Romeu no Rio de Janeiro.

Durante o bate-papo, Indy contou com a ajuda de seus convidados no EP para transmitir a atmosfera acolhedora e afetuosa do trabalho que marcará uma nova fase em sua carreira. Afinal, em tempos tão tortuosos, nada mais revolucionário do que o afeto.

Indy Naíse, Drik Barbosa e D’ogum falam de afeto, espiritualidade e música!

POPline: Como vocês se conheceram?

Indy: Eu não lembro o exato momento em que eu e a Drik começamos a conversar. Acho que foi algo de se trombar muito em rolê e acaba que rolou naturalmente, mas eu lembro de quando eu conheci a artista Drik. Eu frequentava muito a batalha Santa Cruz, lembro que eu acompanhava muito o Ga Mc, tudo mais, e eu sempre via a Drik ali na batalha. Lembro que quando saiu o disco do Rivais, tinha a música “Cuida” e era a minha música preferida, junto com a música “Preta”, que era com o James Bantu. Então, o trabalho dela eu conheço há alguns anos. Se for ver, quando saiu essa música dos Rivais, faz uns oito anos, por aí?

Drik: É…acho que foi em 2011…Isso aí. Foi mais então, caraca!

Indy: Já faz um tempinho assim, né?! Eu era bem jovem, agora tenho 28 anos, sou jovem ainda, né? Uma menininha. (risos)

Drik: Eu também era, amiga. Eu estou com 29.

Indy: Lembro da Drik assim. Acompanhei bastante a trajetória dela, quando ela foi contratada pela LAB [Fantasma] também, que eu achei muito massa. A gente começou a se trombar em rolês. Foi meio que assim.

Drik: Foi isso mesmo. Eu estava tentando lembrar aqui, a gente já tinha se encontrado mesmo nos rolês, mas eu te ouvi a primeira vez através do [Evandro] Fióti. Acho que ele me mostrou, aí eu linkei ‘ah, a Indy que tá cantando’, sabe? Ele tinha me apresentado a Nina também, mas foi aí que virou a chavinha. Quando a gente se encontrou, outras vezes, eu já tinha escutado você e tal. Tanto que, quando você me falou que me conhecia desde a batalha, eu fiquei ‘caramba, eu não sabia’. É muito massa, muito louco as conexões da vida.

POPline: E o D’ogum?

Indy: Olha que engraçado, vou falar de outra batalha agora. A gente se conheceu na Batalha Dominação. Foi no mesmo dia em que eu descobri o som dele, isso foi o mais engraçado do nosso encontro. Vi ele como artista relacionado do meu perfil no Spotify e eu não o conhecia. Comecei a ouvir, estava no centro esse dia, fui fazer meu RG e tal, ouvindo aquilo em looping, achando incrível. Compartilhei em todas as redes sociais, compartilhei no Instagram, compartilhei também no facebook “ai, gente, tenho um novo amor, tô apaixonada. Se chama D’ogum.” Mas falando do som, né? (risos). No mesmo dia eu fui para a Batalha Dominação e ele estava lá. Tanto que eu fiquei ‘caraca, que bizarro’ sabe? Eu não fazia ideia de quem ele era e no mesmo dia eu conheci a música e ele, pessoalmente, numa tacada só, sem combinar. A gente costuma dizer que não é coincidência. Tem coisas que são meio predestinadas e são os mistérios da vida.

POPline: Falando um pouco das composições e do EP, queria saber quando elas foram feitas?

Indy: Acho que cada uma foi em um período diferente da minha vida. Não compus todas no mesmo momento. Mas falando especificamente de Lírios, que é o single, eu terminei ela na quarentena, mas ela nasceu de um texto que eu escrevi do meu encontro com o D’ogum. Tem uma coisa misteriosa por trás, que sempre mexe demais comigo, tem uma nostalgia, uma coisa afetiva muito forte. Eu escrevi um texto e desse texto nasceu a poesia de Lírios. Inclusive, até a mesma parte da poesia, tem uma frase dele. Ele também é compositor da música, por conta disso, da gente estar ali, juntos, e sempre compartilhando esses processos criativos. Eu terminei ela na pandemia, foi quando a Yasmin entrou como diretora vocal do projeto e criou os arranjos de vozes, colocou melodia nessa poesia. Virou uma parceria entre nós três.

POPline: Eu queria saber de você, e a pergunta se estende para Drik e D’ogum, como falar de afeto em tempos tão sombrios, tortuosos, onde temos que ficar afastados?

Indy: Eu acho que a gente não pode se permitir não falar disso. É entender o momento em que a gente tá passando, a gente precisa ter essa consciência, de não “vamos se alienar e só falar de coisas boas, energia, sei lá o que”, porque também não é sobre isso. Mas eu acredito que quando estamos falando de pessoas pretas, onde o afeto sempre foi nos negado – a gente recebe a vida inteira violências de diversos âmbitos, nem falo de relações afetivas. Falo mesmo de uma questão social – acho que a gente tem que se dar esse direito, esse respiro, falar de afeto e não se sentir culpa por isso. Pessoas brancas sempre estão pautando outras coisas, pautando afeto, tudo sobre a vida delas, sem culpa alguma e sempre quando queremos trazer algo bom sobre a gente, é sempre com aquela carga, aquele peso. Ainda mais nestes tempos pelos quais estamos passando, temos que falar sobre isso, sim, sem deixar de refletir os nossos tempos, sem deixar de se posicionar. Uma coisa não anula a outra. Inclusive, pode servir como cura de algumas coisas, uma válvula de escape, o afeto é isso. O acolhimento, através da cura. Não só de questões afetivas e amorosas, de relações românticas, mas acho que no todo mesmo.

D’ogum: É muito interessante essa pergunta que você trouxe porque eu enxergo o afeto como uma fita política. Muitas vezes quando a gente fala de afeto nas músicas, ou em campos mais gerais, a gente entende como algo romântico, no senso comum. Na verdade, é uma parada política. É muito importante tanto eu, quanto a Drik, quanto a Indy, estarmos falando sobre afeto pois estamos positivando a nossa imagem, em um país que está, desde de quando a gente foi concebido, colocando a nossa imagem negativada. A gente é ensinado a olhar para o espelho e não gostar do que vê, sem contar várias outras questões. Só por isso, já é algo extremamente forte e necessário. A gente vem de uma cultura, do hip hop e tals, que muitas vezes tem pensamentos conservadores, encavalados em certas questões, e eu diria até que racistas, de colocar a gente em uma caixa em que a gente tem que falar só sobre violência, sobre dores. Essas coisas são necessárias, mas são necessárias para além da música, com atitudes na vida real, com ações. Não só ficar preso e capitalizando essas dores através da música e não gerando nenhum tipo de ação concreta, de fato, pras coisas. Eu posso estar falando de afeto em uma letra e estar extremamente positivado e, nas ações do meu dia a dia, estar construindo coisas extremamente positivas, sabe? Que geram mudanças de fato.

“A gente é ensinado a olhar para o espelho e não gostar do que vê, sem contar várias outras questões. Só por isso já é algo extremamente forte e necessário”.

POPline: A Drik lançou, há dois meses, “Seu Abraço”, a coisa mais linda. Como você tem colocado essa questão do afeto no seu trabalho?

Drik: Eu concordo totalmente com Indy e com D’ogum. Eu vejo o afeto como um combustível humano. O afeto é um combustível pra gente continuar. Falando de população preta, brasileira, estamos falando de combustível de esperança, de resistência, que é o que mantém a gente aqui hoje, podendo fazer a nossa arte e podendo denunciar o que deve ser denunciado. Um combustível que, neste momento, está sendo absurdamente necessário pra que a gente continue alimento esse compromisso de mudar as coisas pra nossa geração e para a geração que está vindo. Quando a gente fala de afeto e a gente mostra casais se amando, se curtindo, se tocando e, para além de casais, um coletivo que compartilha afeto. Nós sempre fomos esse coletivo que compartilha afeto, apesar de todas as violências sociais, raciais e tantas outras contra a gente.

Quando a gente canta sobre isso, é um alimento para nós mesmos, então é uma cura, é compartilhar combustível. Esse é o momento em que a gente mais precisa expressar isso que a gente tem dentro da gente e resgatar a nossa humanidade. Isso é resgate da humanidade, falar de amor, de como a gente está lidando com os nossos sentimentos, com tudo o que está acontecendo. Não se ausentar do que precisa ser colocado, posicionado, é isso o que a gente tem feito sempre. Então porque não a gente não pode cantar sobre afeto, sobre amor, sobre convite ao amor, sabe? É revolucionário pra caramba. Eu vejo cada música dessa como um abraço mesmo. Eu recebo como um abraço. Cada história de amor, principalmente do povo preto, deixa o coração quentinho. É para isso que a gente luta, pra não precisar mais ficar tendo que passar por tanta coisa pesada para conseguir ter um pouquinho de paz, um pouquinho de alegria, um pouquinho de afeto. Esse “pouquinho” já passou, já deu, a gente quer muito. A gente quer o que a gente merece.

Bruno Gomes

POPline: Lírios chega perto do dia dos namorados e vocês são noivos. Como é o processo criativo quando vocês trabalham juntos? Há discordâncias? Como vocês resolvem essa parada?

Indy: Cara, o nosso trabalho junto é muito pontual. A gente tem um feat. no EP, que é a música “Sobre Você”, e eu acho que sempre flui muito bem. Todas as vezes que a gente se juntou para criar algo – como “Fogo No Baile”, a primeira música que a gente lançou, em 2019 – sempre foi natural e muito gostoso. Acho que “Sobre Você” foi a mesma coisa porque tinha muito a ver com o que nós dois estávamos sentindo e a gente compartilhou um com o outro. A gente tem um ritmo, quando estamos trabalhando juntos e criando juntos, mas também são coisas bem pontuais por que a gente também têm os nossos trabalhos. A gente se fortalece, obviamente, enquanto casal, mas os trabalhos são pontuais porque eu acho que funciona melhor assim. Eu gosto de ter o meu companheiro como o meu companheiro e não como o meu companheiro de trabalho o tempo inteiro. É gostoso, sabe, ter essa separação?! É o meu noivo, a gente vai conversar sobre muitas outras coisas além de trabalho, acho que isso é muito legal na nossa parceria de vida.

D’ogum: Sobre o nosso processo criativo, acho que é muito isso que a Indy falou. São coisas pontuais e a gente tenta manter um equilíbrio nisso também para não acabar misturando as coisas também. O processo de você construir uma vida com uma pessoa é muito intenso e processos criativos…Eu sou uma pessoa muito intensa e a Indy também, juntam várias intensidades ali, então é bom ter um equilíbrio e fazer coisas pontuais. Particularmente falando, eu sempre fico muito feliz porque me potencializa bastante construir com a Indy, ela me ensina bastante coisa e eu passo muita coisa para ela também, sempre vêm trabalhos muito fodas, potentes, que a gente fica feliz em realizar. Mas a gente busca manter esse equilíbrio, deixamos ser uma coisa natural.

POPline: Eu senti uma presença muito forte da religiosidade no trabalho de vocês. Queria que vocês comentassem isso. Por que é tão importante esse aspecto nas letras de vocês?

Indy: Eu costumo falar que a minha arte e a espiritualidade andam juntas. Eu nem falo muito de “religiosidade” porque acho que religiosidade é muito religião e tal. Quando a gente fala de espiritualidade, a gente amplia e outras pessoas, de outras religiões, podem se identificar com aquilo. É muito natural o meu processo de criação e a espiritualidade acaba se manifestando na minha arte, não é nada que eu force ou coisa do tipo. Quando estamos falando de “Lírios”, por exemplo, que é uma música que eu estou falando de afeto pela perspectiva espiritual, é porque toda história e narrativa dela tem uma a ver com algo muito íntimo, de como eu vivenciei aquela história. Muitas pessoas vão ouvir e se identificar, algumas não muito porque tem também um recorte meio específico, do axé e tudo mais. Em todo caso, a mensagem é a mesma. É o afeto pela perspectiva da espiritualidade e isso não é algo exclusivo nosso. Quando a gente ouve “Princípia”, do Emicida, o pastor fala no final ‘amor é espiritualidade’ e eu acredito muito nisso, que o afeto é espiritualidade e se manifesta através disso. A mesma coisa é a minha arte, quando eu estou ali, escrevendo, é algo que realmente se manifesta porque já está posto, já está ali em mim.

D’ogum: Eu me sinto contemplado pela Indy.

Drik: Eu também. Ia dizer isso. É muito natural trazer porque a arte tem essa conexão total com a espiritualidade, toca a gente de formas imateriais. Não tem explicação, a gente sente, na música e em outras artes, as energias. Não tem como não ter essa conexão espiritual. Concordo totalmente com a Indy, vai além de religião, de crenças individuais ou coletivas. A gente se encontra numa mesma energia que transcende a ritos e tal. Isso é muito mágico e o que une a gente através da música.

POPline: “Cicatriz Lunar”, com a Drik, fala de relacionamento abusivo, retrata um pouco isso. Queria saber se a música tem aspectos autobiográficos? Que tipo de ensinamento dá para tirar deste tipo de situação e como vocês resinificam isso dentro desta música?

Indy: “Cicatriz Lunar” é sobre o quanto é difícil, às vezes, a gente reconhecer certas situações dentro de uma relação e sair delas. Acho que, para o momento em que estamos vivendo, estarmos em quarentena e a taxa de violência doméstica aumentando – pelas mulheres estarem mais em casa e seus companheiros também – é uma pauta importante também por conta disso.
A música tem sim aspectos biográficos de diversos momentos e a gente acaba costurando e vira algo mais conciso, não que tudo tenha acontecido em uma relação só. Foi uma atitude ali, uma vivência aqui, a gente junta tudo e vira um trabalho mais fechado e coerente. “Cicatriz Lunar” fala muito deste lugar também, do amor próprio e o quanto não é fácil a gente se olhar pra si, principalmente quando a gente está saindo de uma relação que foi tão desgastante e, de alguma maneira, conseguir recomeçar. Às vezes a gente acha que o recomeço tá no outro, tá em outra pessoa, outras coisas que são meio paliativas, mas, de fato, não curam, não cessam. Às vezes, a gente vai entrando em um ciclo, em relações cada vez mais violentas, e a gente não consegue sair desse ciclo. “Cicatriz Lunar” é uma mensagem para a gente olhar para nós mesmas e conseguirmos nos vermos enquanto potência mesmo, autossuficientes, e que a cura está na gente antes de qualquer coisa. O recomeço está na gente. O nosso amor tá na gente. A gente não pode amar outra pessoa sem antes nos amarmos. Quando a gente acaba entrando em alguns tipos de relações, tem muito a ver também em como a gente está se vendo. Eu acho que, quando a gente se vê como pessoas que não merecem passar por violências dentro de uma relação, a gente passa a escolher em qual relação queremos estar e até onde tal pessoa pode ir com a gente dentro daquela relação. Você tem o respeito em primeiro lugar com você mesma. Para nós, mulheres pretas, que temos essa coisa distorcida da nossa própria imagem e por a gente demorar para gostar da gente, acaba que nós entramos em relações assim. Às vezes, a gente acha que merecemos migalhas, merecemos qualquer coisa, que é um favor que estão fazendo pra gente, de estarem nos “amando” e cuidando, mas, na verdade, não. A gente não merece pouco. É meio que uma mensagem mesmo de ‘não tá legal pra você aí? Cai fora! Você é uma mulher f*da, você é uma mulher incrível, autossuficiente’. A gente sabe que não é fácil, mas procure uma rede de apoio e encontre em si mesma essa força porque ela existe.

Drik: Eu só sei concordar. Não tenho nem o que acrescentar porque a Indy falou tudo. Essa música, quando eu ouvi, me senti totalmente representada. A gente passou por muita coisa, muitas de nós ainda passa por muita coisa. Até esse momento onde a gente encontra a importância de se reconhecer autossuficiente, de reconhecer que a gente merece ser amada, é uma longa jornada, um longo processo para todas nós. O que a gente puder fazer com a nossa arte para facilitar esse encontro é muito lindo. Eu ouvi essa música e senti isso, que a gente precisa falar mais sobre isso para que mais meninas não sintam que precisam encontrar o amor fora e isso adianta muita coisa na nossa vida, quando a gente encontra um lugar seguro para ser, para existir e para se relacionar. Essa letra é muito linda, fiquei muito feliz pelo convite, de estar presente, passando essa mensagem com a Indy. Tenho certeza que muitas mulheres vão se identificar e vão sentir esse chamado também.

Indy: Não tinha como não ser a Drik.

Drik: Me sinto muito feliz, muito mesmo. Me senti parte desde quando eu ouvi, que elas falaram que pensaram em mim criando. Senti que eu estava neste lugar que eu falei, segura para estar, de afeto. A gente compartilha forças para conseguir seguir e uma ir ajudando a outra.

Ação sobre afeto:

Pouco antes do lançamento de “Lírios” nas plataformas, nesta quinta-feira (10/06), Indy reuniu um time de artistas para falar sobre afeto no Twitter. Com a participação de Emicida, Drik Barbosa, Jup do Bairro, Yuri Marçal, Roger Cipó, Senhorita Bira, Jude Paulla entre outros, a hashtag #AfetoPraMimÉ entrou nos trend tópics da rede social.

“A proposta da hashtag é descentralizar o afeto da questão romântica de casal e trazer uma amplitude para o tema em que a gente consiga refletir amor, para além das pautas que nos são impostas a todo momento por conta das violências que a gente sofre por sermos pessoas pretas. Então é como se fosse a proposta de um abraço coletivo, entre a gente, online e também trazer também essa reflexão que a gente habita sentimentos bons, que a gente habita afeto, habita amor e que tá tudo aqui dentro para além do que a gente às vezes coloca como expectativas, que é um olhar completamente ocidental, que é esse olhar romantizado do que é amor, que amor é só algo relacionado a casal”, disse a cantora.