*Com colaboração de Mari Pacheco
Coreografias sempre foram importantes para o universo da música pop. Hoje em dia, ainda mais, por conta dos desafios no TikTok. Com a explosão do aplicativo no Brasil, passos de dança passaram a ser criados especificamente para ajudar que singles viralizem. “A dança ajuda uma música ruim a se tornar boa, ajuda uma artista desconhecida a viralizar”, diz Edson Damazzo, coreógrafo de artistas como Ludmilla e Pocah.
Exemplos não faltam. O clipe novo da Kelly Key foi pensado especialmente para vídeos no TikTok. Pabllo Vittar, por sua vez, tem lançado seus últimos singles sempre acompanhados de “desafios” de coreografia no app. Luísa Sonza, depois que viu desafios de maquiagem ajudarem “BRABA” a chegar ao topo das mais tocadas do Spotify, também lançou “TOMA” com um desafio de dança. E por aí vai.
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“Eu vejo que as coreografias são hoje em dia um pilar muito importante pro contexto geral da divulgação da música. Ela compõe tanto quanto o figurino, o cenário etc… É a interpretação corporal do artista sobre o que ele está cantando. É mais um artifício pra conseguir expressar a mensagem que querem passar com a música”, sublinha Flávio Verne, coreógrafo da Pabllo Vittar.
Vídeos de coreografia às vezes são mais vistos do que os próprios clipes. É o caso de “Sapequinha”, primeiro grande hit da Lexa. O vídeo de coreografia tem 217 milhões de acessos. O clipe, 22 milhões. Outro vídeo de coreografia dela que bombou foi “Chama Ela”, que bateu 73 milhões de acessos, igualzinho ao clipe.
Vale rever “Sapequinha” da Lexa:5>
Coreógrafa do Psirico e bailarina da Ivete Sangalo, Lua Vilas vê a dança como estratégica para viralizar músicas de grandes artistas. “Geralmente, músicas associadas a coreografias ganham maiores repercussão e visibilidade, o que, consequentemente, contribui tanto para o sucesso da música quanto para o do coreógrafo”, ela diz. Nem todo mundo concorda.
Coreógrafos não lucram com sucesso de virais
Quando um vídeo de coreografia viraliza, todo mundo ganha: o cantor, o compositor, o produtor, a gravadora. Menos o coreógrafo e o bailarino. “Somos mão de obra barata. Você faz uma coreografia que viraliza com mais de 100 milhões de acessos e o que você recebe por aquilo? Um cachê? Deveríamos ter acesso a cada viral dado naquele vídeo”, aponta Edson Damazzo.
“Querem um trabalho de qualidade por um preço incontestável e injusto. Se você não pegar o trabalho, outros virão e aceitarão por um preço menor”, completa.
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Segundo Lua Vilas, alguns contratantes acreditam que apenas a visibilidade e a fama conquistadas com o viral das coreografias são suficientes como retorno positivo para o coreógrafo e/ou dançarino. “Infelizmente, isso acontece pois o tempo. O processo criativo e o compromisso com a qualidade do trabalho não são levados em consideração”, avalia a coreógrafa.
“Acredito que, apesar desses novos recursos contribuírem positivamente para a nossa visibildade, ainda não valorizam financeiramente o nosso trabalho” – Lua Vilas.
Flávio Verne, concorda que os profissionais devem ser bem remunerados quando fazem parte do processo da estratégia da música, e isso inclusive permitirá que todos alcancem melhores resultados. “Eu sempre tive ótimas experiências com as artistas que trabalho, mas também vejo que colegas de profissão acabam fazendo esse tipo de trabalho sem remuneração visando apenas a divulgação”, revela.
Confira alguns desafios de dança recentes:
@luisasonza
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Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Arielle Macedo 🇧🇷 (@ariellemacedo) em