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Hitmaker: a soma de três personalidades que resultam em uma fonte de sucessos

Foto: Isabella Silva/Divulgação

André conheceu o Wallace pelo Twitter, que conheceu o Pedro pelo Facebook. A internet sempre foi uma aliada do trio. E é por lá, que suas métricas e números não param de crescer. Durante o Carnaval deste ano, os cariocas emplacaram, ao mesmo tempo, oito músicas no Top 200 e cinco faixas entre os 50 virais do Brasil, no ranking do Spotify. Essa junção de personalidades e multitalentos transformou André Vieira, Pedro Breder e Wallace Vianna na Hitmaker – um negócio potente entre os mais criativos e solicitados quando o assunto é desenvolver, reformular e direcionar a identidade musical de um artista.

Se você acha que não conhece o trabalho deles, vai se impressionar com os nomes que eles já trabalharam e mais ainda com o volume de músicas que você canta e foram compostas e/ou produzidas por eles desde de 2016. São artistas como Anitta (‘Combatchy’), Ludmilla (‘Cheguei’ e ‘Favela Chegou’), Luísa Sonza (‘Devagarinho’ e o álbum Pandora), Pocah (‘Quer Mais‘ e ‘Não Sou Obrigada’), Lexa (‘Pior que eu sinto falta’, ‘Sapequinha’, ‘Provocar’, ‘Só depois do carnaval’, ‘Amor Bandido’), Dj Rennan da Penha e Kevinho, são alguns dos nomes que passaram pela produtora que possui milhões de visualizações em seus trabalhos.

Start HI-T-MA-KER

A história começou em 2013, quando o André, que na época trabalhava como analista de custos em uma multinacional, conheceu pelo Twitter o Wallace, que já tinha uma carreira de cantor. Depois de diversas trocas de mensagens e composições virtuais, eles se encontraram fisicamente e uniram seus potenciais. Foi quando nasceu “Beijinho no Ombro”, hit interpretado por Valesca Popozuda, que viralizou e ganhou o topo das paradas musicais no Brasil.

“No começo éramos apenas compositores cheios de ideias fora da caixa. Foi quando, em 2016, conhecemos o Breder, criando hits em uma sala pequena, em São Cristóvão, com um computador bem baratinho, com peças precárias. Resolvemos dar mais um passo: colocar nossa verdade também nas produções”, conta André.

Seria sorte, destino ou perseverança? Os compositores atribuem muitos fatores para a primeira produção conjunta já ter sido um sucesso. O trio emplacou de cara “Encaixa”, do Kevinho com Léo Santana, e a partir daí começou o que eles chamam de ‘casamento’. “Somos muito diferentes, mas são essas diferenças que nos completam”, revela Wallace. “A nossa união era para ter acontecido. Cada um tem uma visão de mundo, cultural e musical, mas quando você consegue ouvir o outro e percebe que existem três caminhos para escolher, as possibilidades se multiplicam”, completa.

Pedro Breder, André Vieira e Wallace Vianna. Foto: Isabella Silva/Divulgação

Somando os hits da Hitmaker, eles possuem bilhões de plays, visualizações, além de destaques nas plataformas de streamings. Mas, engana-se quem pensa que eles vivem em função das métricas. Para eles, os números são apenas o resultado de uma produção que se identificam, fazem com verdade e dedicação.

“Trabalhamos com arte. Só de conseguirmos trabalhar com música já é uma vitória no nosso país. Nós não controlamos os números, nos preocupamos muito mais em fazer algo que nos agrade, do que ficar pensando em ‘se a gente colocar essa frase aqui, vamos ter mais 10 milhões de players’. É uma coisa que preferimos nem olhar, deixamos na mão do público”, contam.

Composição: transpiração x inspiração

Uma das grandes curiosidades do público é entender o processo de criação e composição deles. Imaginar três cabeças pensantes, cheias de ideias mirabolantes, compondo uma música, chegando em um consenso e transformando aquelas palavras e notas em um sucesso, é mágico.

Em conversa com o POPline.Biz é Mundo da Música, eles revelaram que o processo é muito orgânico, mesmo existindo uma agenda de estúdio e encontros periódicos. “Nós brincamos que existe inspiração e transpiração. Quando vamos compor, o que mais fazemos é colocar em prática uma fala que a minha vó dizia: ‘Você tem dois ouvidos e uma boca’. Ouvir mais e falar menos nos permite experimentar coisas novas, ouvir as influências e histórias do outro”, conta Wallace. “Na Hitmaker, às vezes um tá compondo de um jeito, o outro chega e fala ‘e se você fizesse por aqui…’. Aí pronto, já te dá um outro caminho que você nunca imaginaria porque não teve aquela vivência, sabe?!”, completa.

Está aí a fórmula do sucesso que faz com que a Hitmaker tenha essa pluralidade tão grande: ouvir. É no escutar pessoas diferentes, na troca de energia e informação, que a coisa vai ficando maior do que seria se cada um tivesse sua própria produtora ou estivesse compondo sozinho.

“Quando nos juntamos, multiplicamos para dividir, assim todo mundo sai ganhando”, explicam.

Questionados sobre de onde surgem as ideias e as suas referências, o trio conta que eles são muito influenciados pelo externo e revelam que tiveram dias, durante esse ano de pandemia, que a composição simplesmente ‘não rolava’. “Tudo depende do dia, de como está a vibe, são N fatores”, revelam.

“Consumimos muita coisa, para conseguir criar, pensar em ideias. Muita cultura pop, filme, série, música, mas no processo de criação, quando sentam os três para fazer algo, é um processo muito orgânico”, revela Wallace. A assinatura HI-T-MA-KER, que segue em todas as músicas produzidas por eles, por exemplo, surgiu dessas referências gringas de carimbar suas produções nas músicas. “Queríamos que todo mundo soubesse que aquele som ali está sendo feito por três pessoas”, contam.

Hit Label

Além de compositores e produtores, os três criaram um projeto de planejamento musical com artistas, por entenderem a importância de carreiras musicais sólidas e duradouras. Ao lado do gestor artístico Tiê Castro, a Hitmaker anunciou, em setembro deste ano, o nascimento do selo Hit Label.

“A Hit Label veio da nossa busca pelo passo-a-passo da carreira artística. Entendemos que muito do trabalho que fazíamos dentro do estúdio podia contribuir de uma forma mais macro, 360º, para carreira de outros artistas”, conta André. “Conhecemos inúmeros artistas que já nos procuravam para fazer uma produção musical ou para fazer um EP, mas pensávamos: ‘Cara, a gente pode abrir e ampliar esse leque, trazendo a presença de alguém que tenha uma experiência maior que a nossa no empresariamento artístico’. Foi assim que o Tiê entrou para somar no nosso time”, completa.

O anúncio da criação da Hit Label chegou simultaneamente ao lançamento do primeiro artista: o trio carioca RESENHV formado por Caslu, Dcan e Nith, com o single “Por Favor Não Mente” – disponível em todas as plataformas digitais.

Para ter a chance de trabalhar com esse quarteto é imprescindível ter talento, personalidade e carisma. “Nosso processo de seleção é muito intuitivo, tem que bater o feeling. É ouvir o som, trocar uma ideia com a pessoa, perceber se tem carisma e se tem um som bom, com identidade, esses são os pré-requisitos. Vivemos em uma democracia, quando os quatro concordam, seguimos. Mas, em geral, quando arrepia sempre há uma unanimidade”, revela.

Segundo os empresários, a busca por novos artistas acontece de forma passiva e ativa. “Recebemos muitos links da família, de amigos… a internet é muito democrática hoje, né? Conseguimos descobrir grandes talentos por lá”, contam. “Além disso, temos o hábito de mandar um para o outro artistas e músicas que gostamos, são processos que estão no nosso dia a dia”, revela André.

A Hit Label funciona como um selo de gestão. Eles cuidam 360º do artista. A ideia é ser um formato de selo, mas ter um escritório acompanhando todo o planejamento. “Acreditamos no processo de conseguirmos coordenar tudo dentro dos nossos valores, de como pensamos e enxergamos que pode ser construída uma carreira artística”, acrescentam.

2021 com o copo meio cheio

Em um cenário de projeções incertas para o mercado da música em 2021, a Hitmaker fez um balanço de 2020 como sendo um ano de adaptações e mudanças. Porém, também é unanimidade entre eles o olhar positivo de enxergar o “copo meio-cheio” ao invés de “meio-vazio”, como diz o ditado popular.

“Estamos vivendo tempos difíceis durante a pandemia, já que ela não acabou ainda. Mas, a vida continua e nós nos adaptamos, colocamos em práticas projetos que se fosse em outro cenário talvez não aconteceriam agora”, revela Wallace.

“Saímos da nossa zona de conforto. Entramos na pandemia como produtora e dentro dela começamos a tocar projetos que estavam ainda parados, como a Hit Label. Percebemos que a vida é muito rápida, que às vezes a gente pensa em fazer algo e simplesmente não dá tempo”, completa.

Quando o assunto é projetar 2021, o trio confirma que sim, há um planejamento para o próximo ano, tanto nos lançamentos musicais como no agenciamento de novos artistas, mas são cuidadosos em bater martelo em datas, pois o cenário mundial ainda é muito incerto. “Estamos muito esperançosos de que as coisas vão melhorar, mas como todo planejamento, as coisas podem mudar”, revelam.

Referência e inspiração para novos nomes e profissionais da indústria musical, a Hitmaker considera “que a vida é agora” e revela que não há fórmula para o sucesso. Mas, deixa alguns ensinamentos para quem está começando uma sociedade na área, principalmente no quesito respeito às individualidades e união.

Outro passo importante do trio este ano é se consagrar, também, como artistas sob os holofotes dos palcos. E para isso, eles contam com a colaboração de Lexa na música “Bota o Colete”, lançada no final de janeiro.

Assista ao clipe da música “Bote o Colete”: