Das 10 músicas mais consumidas no Spotify Brasil neste 5 de abril, 6 envolvem ou são protagonizadas por artistas de funk. Cada vez mais, o mundo vai abraçando o gênero – não à toa, tivemos sample de funk no último álbum de Beyoncé, Karol G performando remix de funk no último VMA, Rihanna levando o funk ao Halftime Show do Super Bowl do ano passado, e por aí vai… Acontece que, além dessa exportação cada vez mais latente, o gênero vai mudando de ‘cara’ com o passar do tempo aqui mesmo, no Brasil, e nem sempre o que as periferias consomem é o que estamos acostumados a ouvir…
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Se um dia já foi o funk melody e, mais à frente, o funk ostentação oriundo das comunidades paulistanas, hoje a vertente do gênero que denota maior força, nas periferias, é aquela que traz influências diretas do rap e do trap. Estilos esses que, inclusive, tem estado cada vez mais em alta no país. E esse movimento, por consequência, ganha reflexo nos charts e paradas de grandes plataformas.
Não é incomum olharmos o topo das paradas de música, atualmente, e encontrarmos na posição mais alta parcerias que envolvem dezenas de artistas. Geralmente, essas faixas trazem funkeiros, rappers e trappers e misturam influências e beats dos três estilos. É quase que um conglomerado da música urbana.
Ocupa o topo do Spotify Brasil, nesta sexta-feira (5), com 902,069 plays nas últimas 24 horas a faixa “Diz Aí Qual é o Plano?”. Nela participam Mc IG, MC Ryan SP, Oruam, MC GH do 7, MC GP, MC Nego Micha, MC PH, Mc Luki, Mc Poze do Rodo, Murillo e LT no Beat e TrapLaudo. A música se aproxima de 28 milhões de plays na plataforma.
Alguns dos artistas envolvidos na faixa #1 também estão presentes em um outro sucesso que ocupou a posição mais alta da parada por vários dias. Em “Let’s Go 4”, que soma 239 milhões de streams, participam o Dj GBR, Mc IG, MC Ryan SP, MC PH, Mc Davi, Mc Luki, Mc Don Juan, Mc Kadu, TrapLaudo, MC GP e MC GH do 7.
Atualmente, o Top 5 de artistas mais consumidos na versão brasileira da plataforma é composto por 3 funkeiros. O paulistano MC Ryan SP, de apenas 22 anos de idade, é quem encabeça a lista. Ele, inclusive, está dentro da parada há 897 dias consecutivos. Ryan, dono de hits como “Ritmista 1.0”, “DENTRO DA HILUX” e “É Isso Bebê, Tá Certa!”, acumula a impressionante marca de 18,1 milhões de ouvintes mensais na plataforma.
Logo após ele, na segunda posição, está o Mc IG, nome artístico de Guilherme Sérgio Ramos Gustavo. O funkeiro paulistano, que está bombando com o álbum “Todo Mundo Odeia o IG” (2024), soma 12,4 milhões de ouvintes mensais no Spotify.
Completando o Top 5, vem o também paulistano MC PH. O artista, que deu o pontapé inicial em sua carreira em 2015, começou a ganhar notoriedade em 2022 a partir de sua participação no set “Let’s Go 3”, de MC IG, na música “Os Bico tão se Perguntando”. Presente em sucessos como “Tenho Que Me Decidir” e “Ballena”, PH crava 13,6 milhões de ouvintes ao mês.
Parcerias e presença em grandes festivais
Uma coisa que é nítida é que esses artistas não caminham só e que, inclusive, dialogam entre si em suas trajetórias artísticas. Parcerias como as aqui citadas, que culminam em milhões de streams e posições privilegiadas nas paradas, reforçam essa versão mais plural do funk e a própria cena.
E toda essa junção não se limita aos estúdios de gravação… Nomes como MC Ryan SP, MC IG, MC PH, MC Daniel, MC GP e vários outros, se encontram nos palcos, seja nos bailes funks de periferia ou nos palcos de grandes festivais.
O último dia do Lollapalooza 2024, que tomou conta do Autódromo de Interlagos, em São Paulo, no mês passado, trouxe shows de vários artistas da cena urbana e do funk. Tiveram espaço tal qual grandes estrelas da música internacional, como Sam Smith e SZA, artistas como Hungria, MC Soffia, Livinho, MC Davi, TZ da Coronel, Oruam, Vulgo FK e MC Daniel.
Alguns deles, inclusive, tiveram algumas das apresentações mais comentadas da 11ª edição do festival. Livinho, por exemplo, roubou os holofotes ao fazer um tributo ao rei do pop, Michael Jackson, e repaginar grandes hits de sua própria carreira.
Por trás de todos os milhões no streaming, os artistas que movimentam essa nova faceta do funk cantam, nas letras, sobre a vida nas periferias, os impactos da criminalidade, a luta por uma vida melhor entre quem vive nas comunidades, além de composições que trazem ostentação e também reflexões sobre o amor, frutos de outros movimentos do funk que surgiram lá atrás.