Gal Costa

Gal Costa repassa cinco décadas de carreira no DVD que traz o registro do show “A Pele do Futuro”

Foto: Marcos Hermes

Registrado em março, durante duas apresentações na Casa Natura Musical (SP), “A Pele do Futuro ao Vivo” já está disponível em todas as plataformas digitais pela gravadora Biscoito Fino. Simultaneamente, o novo álbum de Gal Costa ganha edições luxuosas em DVD e CD duplo. O lançamento contempla o roteiro integral do espetáculo idealizado e dirigido por Marcus Preto, que assina este texto, e soma 24 canções, entre clássicos e novidades. O DVD tem direção da dupla Henrique Carvalhaes e Rafael Gomes [das premiadas montagens teatrais “Gota d’Água (A Seco)” e “Um Bonde Chamado Desejo”]. A captação de som e a mixagem ficaram sob os cuidados de Duda Mello.

Em sua versão ao vivo, “A Pele do Futuro” expande o conceito original do álbum gravado por Gal em 2018. O trabalho de estúdio imprimia, em 13 canções inéditas, as cicatrizes que o passar do tempo tatuou na voz da cantora – e, por consequência inevitável, na pele de toda a música popular brasileira transformada pela força estética estratosférica de seu canto. O roteiro do show foi em busca das tatuagens anteriores, matrizes dessa pele que fica mais velha ao mesmo tempo em que se renova, peças-chave já consagradas por Gal em mais de cinco décadas de gravações.

Capa do DVD “A Pele do Futuro” (Divulgação)

Para efeito de narrativa, o espetáculo foi pensado em três atos. O primeiro concentra as canções escritas à sombra da ditadura militar dos 1960 e 1970, como “Dê um Rolê” (Moraes Moreira/ Galvão), “Mamãe Coragem” (Caetano Veloso/ Torquato Neto), “London, London” (Caetano Veloso) e, inédita na voz de Gal até aqui, “As Curvas da Estrada de Santos” (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos), música que Roberto apresentou a Caetano Veloso em uma visita a ele em pleno exílio londrino.

O segundo bloco agrupa as canções de amor e desamor escritas nesse e em outros períodos: “Lágrimas Negras” (Jorge Mautner/ Nelson Jacobina), “Sua Estupidez” (de novo Roberto e Erasmo), “Volta” (Lupicínio Rodrigues), “Que Pena” (Jorge Ben Jor), “Motor” (Teago Oliveira, jovem compositor e vocalista da banda baiana Maglore) e “O que É que Há” (Fábio Jr./ Sérgio Sá). As duas últimas, também nunca terem sido cantadas por Gal, se transformaram nos primeiros singles deste trabalho e lançados em maio e junho.

O último ato traz uma série de temas dançantes: como escreveu Mano Brown, em tempos de crise, dance. O show termina, portanto, com hits solares como “Chuva de Prata” (Ed Wilson/ Ronaldo Bastos), “Azul” (Djavan) e um pot-pourri com os frevos carnavalescos que Gal gravou com estrondoso sucesso a partir do final dos anos 1970: “Bloco do Prazer” (Moraes Moreira/ Fausto Nilo), “Balancê” (João de Barro/ Alberto Ribeiro), “Massa Real” (Caetano Veloso) e “Festa do Interior” (Moraes Moreira/ Abel Silva).

Em todos os atos, costurando a Gal de todos os tempos, está a Gal de agora. A que canta a nova geração da música popular brasileira, de Silva e Omar Salomão (“Palavras no Corpo”) até Dani Black (“Sublime”), passando pela diva do sertanejo feminino Marília Mendonça (“Cuidando de Longe”). A que interpreta canções que compositores veteranos escreveram especialmente para ela, de Gilberto Gil (“Viagem Passageira”) a Jorge Mautner (“Minha Mãe”), passando por Nando Reis (“Mãe de Todas as Vozes”).

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